Um Alentejo em socalcos, como no Douro
Uma serra invulgar inspirou a primeira - e única - vinha no Alentejo à moda do Douro. A Herdade da Aldeia de Cima é um projeto original, de Luísa Amorim.
Planícies douradas a perder de vista, campos de trigo e oliveiras, gado a pastar…. É assim o Alentejo na memória da maioria das pessoas… da maioria, não de quem aqui vive, trabalha ou bem o conhece. Esses sabem bem como o Alentejo é muito mais, é uma região que se estende da fronteira com Espanha às rochas escarpadas "onde a terra acaba e o mar começa". São montes e vales, rios e serras e, numa delas, precisamente na que separa o Alto do Baixo Alentejo, vamos então encontrar esta vinha única, plantada em socalcos. Uma paisagem especial, que primeiro surpreende e em seguida maravilha.
A Herdade da Aldeia de Cima não é um projeto vulgar. Trata-se de uma herdade de 2400 hectares, que sobe até ao pico da Serra do Mendro, a 424 metros de altitude, a segunda mais alta do Alentejo. Do cume podemos avistar uma extensão enorme de terra, das aldeias da Vidigueira à cidade de Beja, lá ao fundo. Tem um declive acentuado, entre o 25 e os 40 graus, o que também justificou esta opção. E até os solos são de xisto, mais uma coincidência com o Douro. Já o nome vem de um antigo povoado, a aldeia de Sant’Anna, assim baptizada em 1758, mas que por se situar tão perto do cume ganhou rapidamente a alcunha de Aldeia de Cima.
Este é o "cenário" que estava há muito nas mãos dos Amorim, embora a família o explorasse apenas para a produção que lhes granjeou fama e fortuna. Por certo os sobreiros continuam a ocupar a maioria dos hectares da herdade, mas após a morte do empresário a herdade ficou nas mãos da filha Luísa - e é ela quem gere os negócios vínicos da família, com a extraordinária Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro, e mais recentemente a Taboadella, no Dão. Luísa Amorim conhecia bem a propriedade, visitou-a muitas vezes com o pai, e sabia do potencial, mas o que a motivou realmente a embarcar nesta aventura foram as suas memórias dos vinhos alentejanos dos anos 1980, "a sua frescura e textura, antes da invasão das castas internacionais". Foi assim que, em 2017, Luísa desafiou o enólogo da Quinta Nova, Jorge Alves, para tentarem criar esse vinho, produzido exclusivamente com castas portuguesas ou há muito adaptadas ao lugar. Ainda nesse ano iniciaram a plantação desta extraordinária parcela de altitude, e em socalco: 12 hectares com Trincadeira, Alicante Bouschet, Antão Vaz, Aragonês e Alfrocheiro, que sendo mais do Dão, está bastante difundido no Alentejo. Mais surpreendente foi a inclusão da Baga, típica da Bairrada. A sul, e com mais sol e calor, a Baga ganha alguma rusticidade, e cumpre muito bem na função de acrescentar frescura ao vinho - a tão desejada frescura.
Ao longo da vinha corre também um pequeno ribeiro, o Alfaiate, que acabou por dar o nome à mesma, e não fará mal nenhum retê-lo, pois será certamente muito repetido quando a idade e a maturidade das videiras permitirem exprimir na totalidade a qualidade deste mini terroir.
Por enquanto a equipa da herdade ainda precisa de procurar na região as uvas e as castas para fazer os vinhos da Aldeia de Cima, mas como só utilizam aquelas que oferecem condições muito semelhantes, os vinhos são já uma boa expressão de terroir - e revelam aposta ganha, pois tanto os Reserva como os topo de gama Alyantiju, ambos nas variantes tinto e branco, têm vindo a ser aclamados pela crítica especializada.
Palavra final para os rótulos, plenos de simplicidade e elegância, lembrando a velha aldeia alentejana com as suas paredes caiadas - que foi, entretanto, totalmente recuperada. Desenhados pelo Studio Eduardo Aires, foram distinguidos com o prémio de Ouro nos European Design Awards, e são o argumento final para comprar não apenas uma "casa", mas a aldeia inteira.
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