‘Um metro’ de distância pode salvar os restaurantes?
Em Londres, os chefs começam a avaliar os efeitos das reaberturas com menos clientes, mas com a mesma renda.

A flexibilização das medidas de isolamento social no Reino Unido recebeu opiniões contraditórias dos chefs e donos de restaurantes de Londres. Enquanto alguns esperam retomar os seus negócios com inovações como serviços de entrega, outros têm dúvidas de conseguirem recuperar, apesar das medidas de distanciamento social menos rígidas.
"Mesmo com a regra de um metro, vamos ter dificuldade em ganhar dinheiro", diz Anna Haugh, proprietária do Myrtle, na zona de Chelsea, referindo-se ao espaço necessário entre os clientes. Antes do confinamento, o Myrtle costumava acomodar cerca de 30 clientes. Agora, Haugh acha que pode receber 18 no mínimo e possivelmente subir até 25 com mesas maiores. Mas mesmo a remodelação mais criativa do espaço não consegue mascarar o fato de que ganhar dinheiro será muito mais difícil, o que obriga a empresária a inovar.
Haugh tentará diversificar com uma nova marca de entrega, o Anna’s Bistro, com lançamento previsto para o próximo mês. E espera que esses lucros ajudem a compensar as vendas perdidas no seu restaurante de fine dining, para o qual ainda não foi marcada uma data de reabertura.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou a 23 de junho que permitirá a redução do distanciamento social mínimo na Inglaterra de dois para um metro, e que hotéis, pubs, restaurantes e cinemas podem reabrir a partir de 4 de julho. Mas convencer clientes preocupados com a saúde a voltar não será fácil, e alguns restaurantes estão a atrasar a reabertura ou a entrar em novos segmentos para sobreviver. Outros fecharam permanentemente, como um dos pontos de encontro de celebridades em Londres, o Le Caprice.
Ravinder Bhogal do restaurante Jikoni está a tentar a sua sorte com uma marca vegetariana de entrega em casa chamada Comfort & Joy. Esta também em negociações com o seu senhorio relativamente à renda do seu restaurante num dos bairro da moda de Lobdres, Marylebone, e planeia reabrir a 4 de julho. "Um metro é mais sensato operacionalmente", diz Bohgal. Qualquer coisa mais distante é "difícil de fazer funcionar financeiramente".
Tonkotsu, uma cadeia de ramen, está a eliminar por completo os menus impressos. Os clientes serão convidados a digitalizar um código de barras com os seus telefones ou a encomendar online, explica Emma Reynolds, coproprietária do Tonkotsu com o seu parceiro de negócios Ken Yamada. A empresária planeia reabrir dois pontos de venda a 4 de julho antes que outros façam o mesmo. Haverá menus mais pequenos e pontos de higienização das mãos, mas ainda não há nenhuma decisão sobre máscaras faciais.
Outros chefs mantêm os seus restaurantes fechados, mesmo com as novas regras menos restritivas em vigor. Entre eles está Asma Khan, que diz não ter qualquer plano imediato para reabrir o seu restaurante Darjeeling Express no Soho. Khan disse que a sua prioridade é proteger o seu pessoal, que depende dos transportes públicos para chegar ao trabalho. Além disso, mesmo a regra de um metro irá dificultar o funcionamento.
"Como podemos servir os clientes?", pergunta Asma Khan. "Não se pode estar a um metro de distância da mesa - ninguém tem braços tão compridos - por isso vai continuar a haver um problema na ida aos restaurantes. Desejo a todos aqueles que estão a reabrir tudo de bom".
Natalie Diaz-Fuentes, proprietária do restaurante mexicano Santo Remedio, ao lado do seu marido Edson, acredita que é possível fazer com que o serviço funcione. "Um metro é uma mudança nas regras do jogo", diz. "Um metro é a diferença entre conseguirmos ou não passar por esta fase com sucesso". O Santo Remedio tinha anteriormente 94 lugares, mas esse número pode agora cair para cerca de metade. O pessoal usará máscaras e haverá um menu mais curto para facilitar a vida na cozinha. Os empregados também vão usar luvas descartáveis, que mudarão cada vez que servirem os clientes. As mesas contarão com higienizadores de mão e as ementas serão descartáveis.
A chave para qualquer recuperação estará também nos acordos entre chefs, proprietários e senhorios. Após mais de três meses de encerramento e as perspetivas de meses de capacidade reduzida, os proprietários dizem que as rendas pré-Covid-19 já não fazem sentido.
É um sentimento ecoado por Selina Kiazim, coproprietária do restaurante Oklava em Shoreditch e do Oklava Bakery + Wine, em Fitzrovia, ao lado da sua sócia Laura Christie. Kiazim diz que um dos seus senhorios está a ser compreensivo, mas o outro nem tanto. "Está tudo no fio da navalha", resume. "O aluguer é para nós a questão do milhão de dólares".
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