O que comem os líderes mundiais?
O que podemos aprender com os hábitos alimentares de António Costa, Barack Obama ou Vladimir Putin? Será, claramente, um caso de “Diz-me o que comes, dir-te-ei como governas”? Do nosso lado já escolhemos: fora com os vegetarianos e venham de lá os molhos…
Mário Soares
Adorava estar à mesa que encarava como um local de convívio por excelência. Mesmo nos momentos mais privados, a refeição era, geralmente, uma festa. E repleta de convidados. Ninguém ficará muito surpreendido por saber que era um bom "garfo", mas que apreciava, essencialmente, a gastronomia típica portuguesa. Comidas simples e populares, como pastéis de bacalhau ou bacalhau com grão. Nada de sofisticado para um homem incomum que tanto estava à vontade num mercado como num salão. E rejeitava, como se pode depreender, tudo o que fossem saladas ou qualquer outra coisa que "cheirasse" a dieta, esclarece a sua filha, Isabel Soares. Com as sobremesas passava-se o mesmo. Podiam ser queijos ou doces, pois era indiferente, desde que os primeiros fossem da Serra, de Azeitão e de Serpa, e os segundos, como bom "garfo" que se preze de o ser, uns deliciosos e cremosos leite-creme e arroz-doce...
António Guterres
O líder planetário, conhecido pela sua sobriedade pública, tem um ponto fraco, como qualquer outro mortal: a gula. Talvez seja excessivo citar, aqui, um "pecado mortal" para este homem religioso, mas é certo que António Guterres é um homem guloso por doces. Ficam para a história os pastéis de nata a bordo do Falcon do Estado português ou a doçaria árabe que descobriu enquanto Alto Comissário para os Refugiados das Nações Unidas. Acima de todos os outros doces, no entanto, brilham os chocolates.
António Costa
Apesar das raízes goesas, as preferências do nosso primeiro-ministro vão mesmo para a nossa comida tradicional. Quem o poderá levar a mal? O que o faz esboçar um sorriso de contentamento, à mesa, é a presença de cabrito assado no forno. Sabendo-se do vigor que transmite, não surpreende que tenha um "fraco" por carne, ainda que não desdenhe o peixe. E embora não se lhe conheçam ódios de estimação à mesa, dispensa, sem grandes remorsos, o "fiel amigo" bacalhau. Assim como os queijos, porque na hora da sobremesa prefere comidas mais doces.
António de Oliveira Salazar
"Petingas fritas com feijão-frade, morcelas assadas que devora, trutas do Dão grelhadas com grelos, bacalhau assado com batatas a muro e grelos. Marmelada e pudim francês são dos poucos doces capazes de endoidecer o ditador." Tudo isto pode ser lido no livro A Última Criada de Salazar, de Miguel Carvalho, por onde ainda se percebe que a governanta Maria bem tentava criar pratos mais sofisticados, mas sem grande sucesso. Sobretudo se levassem molhos. Os tempos eram, definitivamente, outros e em São Bento criavam-se galinhas e cultivava-se uma horta que fornecia a residência oficial. Mais: do Vimieiro, as irmãs de Salazar enviavam, com regularidade, cestos com hortaliças, abóboras, fruta, azeitonas e vinhos. De todo o país chegavam produtos que as associações enviavam ao líder. Tal como alguns amigos que cometiam excentricidades destas para agradar a Salazar. Era o caso do dono da Casa da Sorte, que enviava, todos os anos, o mais fresco salmão pescado no rio Minho. Este era despachado, via Braga, de comboio para o Porto e, dali, de avião para Lisboa, de onde chegava à mesa do ditador.
Donald Trump
Não admira que o Presidente norte-americano goste de cheeseburgers, de pizzas e de bifes. Basta olharmos para ele que de refinado não tem nada. E sabe-se que pior do que ele gosta de comer é vê-lo a comer. As preferências "gastronómicas" distribuem-se pelo simples McDonald's ao exclusivo hambúrguer do 21 Club, em Nova Iorque, onde era cliente frequente. De resto, o gosto por hambúrgueres e por pizzas pode ser comprovado no restaurante Trump Grill, onde o Platinium Burger custa 22 dólares, e no Trump Chicago Hotel, onde tem de se pagar 24 dólares por uma Trump Supreme Pizza, no espaço Pizza di Trump. E como gosta ele da carne? Quanto mais carbonizada, melhor. Mas também gosta de batatas fritas, de douradinhos (fishsticks) e de bacon com ovos. Tudo regado a ketchup, tudo muito saudável, como a sua presidência. Ou seja, uma grande "trumpa"…
Vladimir Putin
Sobre o Presidente da Rússia sabe-se relativamente pouco, como tudo o que é relacionado com a vida privada já que da vida pública sabe-se que gosta de se exibir para o seu povo montado num cavalo e de tronco nu. Também se apurou que, como se fazia na Antiguidade, o "imperador" russo tem um provador oficial (que deve rezar todos os dias, a fio, para que não morra envenenado…) e não come nada sem antes ter passado pelo crivo do seu lacaio. Mas, segundo o The Telegraph, Putin é fã de gelado. Parece que é uma questão geracional da era soviética…. Quanto a sabores, sabemos que Putin gosta, sobretudo, de pistachio. E porque, apesar do clima rigoroso, Putin precisa de manter a cabeça fria, que nunca lhe falte uma boa dose de gelado!
Kim Jong-un
Quando não está demasiado ocupado a lançar mísseis e a tentar provocar uma guerra nuclear, o líder da Coreia do Norte não desiste dos excessos gastronómicos. Basta ver a sua ridícula e obesa figura. Tem uma "queda" muito especial por vinhos franceses e por queijos suíços. O povo que morra à fome, mas que ao "adorado" líder nada falte de bom. Conta a Newsweek que, certa vez, teve de manter-se afastado da vida pública por vários dias após abusar de uma encomenda de Emmental. O que é estranho, já que, pelo visto, diz-se no país que o líder não defeca miraculosamente… E, como não podia deixar de ser, manda, regularmente, a sua frota de pesca apanhar uma espécie em risco de extinção. Parece que também gosta muito de sopa de barbatana de tubarão, um gosto que herdou do pai. Além da tirania e do pavoroso corte de cabelo.
Winston Churchill
Os apetites de Churchill, à mesa, são tão famosos como os seus discursos. Homem proveniente da nata britânica, as preferências recaíam, como a qualquer grand seigneur, no conhaque, no whisky, no champanhe, no xerez e, claro, no vinho do Porto que são indissociáveis do seu nome, tal como a gastronomia francesa, da qual, no geral, aprovava tudo o que tivesse molhos e natas. Denotava um gosto particular por ostras. A sua ideia de dieta era mesmo uma refeição desse molusco regada com champanhe! Depois gostava de caça, de carne assada e de queijos ingleses, especialmente o Stilton. E, por fim, perdia-se por gelados, a ponto de mudar uma lei que proibiu o seu fabrico durante a II Guerra Mundial.
Barack Obama
O anterior e tão saudoso Presidente norte-americano – que a Time chegou a apelidar de o primeiro Presidente Foodie – disse a um grupo de crianças que a sua comida preferida eram os brócolos, o que não é muito credível, pois foi apanhado, mais do que uma vez, a comer cachorros quentes, hambúrgueres e tacos. Mas como é um homem civilizado e está sempre em boa forma física, esses "pecados" gastronómicos são-lhe perdoados em nome da pátria. Ainda assim, de acordo com a Casa Branca, é mesmo verdade que os hábitos alimentares do ex-Presidente passavam por comida saudável, como o salmão e os vegetais. Pelo menos, fazia um esforço…
Angela Merkel
Talvez por ter vivido na Alemanha de Leste, nos pesados e tortuosos anos da ditadura (e da comida racionada e não variada) imposta pelos regimes dos países da Cortina de Ferro, a chanceler alemã e a mais importante mulher do mundo gosta de "açambarcar" comida. Foi a própria que o admitiu, referindo ser esse arrebatamento alimentar um hábito que lhe ficou da RDA, onde os alimentos escasseavam. E que nunca perdeu tal entusiasmo, nem mesmo depois de tantos anos como chanceler. Basta conferirmos isso pela sua figura física. De resto, gosta de preparar pratos simples, à base de caldos e de estufados, como o letcho húngaro. Deveria, um destes dias, tirar umas mini-férias em Portugal, sobretudo na zona da Bairrada e no Minho.
Papa Francisco
É um santo homem, mas, com o devido respeito e vénia, deve cometer o "pecado da gula", a avaliar pelo sorriso cativante que tem e que deve fazer sempre que vê comida da sua terra natal. Sabiam que existe um livro de receitas do Vaticano? É verdade. E, segundo o Vatican Cookbook, a comida preferida do Papa Francisco é… argentina, como ele: empanadas, bife de vaca e dulce de leche. Um doce, para um doce de pessoa.
John Fitzgerald Kennedy
Era um homem sofisticado, ainda que no american way, e o seu paladar reflectia-o. Nos anos de 1960, a culinária francesa era o pináculo gastronómico e, por isso, uma constante na Casa Branca durante o seu mandato. Talvez para compensar a sensaboria da mulher (as amantes não lhe faltavam e, na visita oficial a França, terá visitado o famoso e refinado bordel de Madame Claude, tendo encomendado da lista de escorts disponíveis uma que fosse parecida com Jackie Kennedy, mas "picante"). Entre as iguarias americanas elegia as lagostas do Maine e a sopa de amêijoas de New England, preferencialmente a sopa do Union Oyster House, em Boston, o restaurante mais antigo dos EUA (1826). A sua mesa preferida naquele espaço, entretanto, foi renomeada com o seu nome.
Adolf Hitler
Seria de esperar que alguém com uma dieta baseada em sopa, ovos, vegetais e água mineral não fosse um monstro. Mas era essa a dieta do Führer, cujo prato preferido eram batatas cozidas com queijo-creme. Era ostensivamente vegetariano, apesar dos seus cozinheiros tentarem incluir carne disfarçada de vegetais, nos caldos. Até nisto andavam ao contrário dos judeus. E sobre esta figura desprezível, ficamo-nos por aqui.
Theresa May
A primeira-ministra inglesa é quase uma aspirante a chef. Não de Governo – não vamos por aí, até porque o Brexit pode custar-lhe a governação… –, mas de cozinha. Parece que a segunda mulher mais importante do planeta, a seguir a Merkel, além de, em público, gostar de exibir o seu gosto voraz por moda, sobretudo através da colecção extravagante de sapatos, quase ultrapassando Imelda Marcos, gosta mesmo é de ficar em casa e experimentar novos pratos. Dizem que tenta, pelo menos, um por semana e que tem mais de 100 livros de culinária. Fora de casa, já admitiu numa entrevista ao The Guardian ter preferência por comida indiana. Que a mesma não lhe faça azia, como ela nos está a fazer com o Brexit.
Evo Morales
O Presidente da Bolívia não gosta de galinha. Na realidade, em 2010, conseguiu provocar uma bela controvérsia ao dar a entender que o frango tornava os homens carecas e homossexuais: "O frango que comemos está cheio de hormonas femininas. Por isso, quando os homens comem esses frangos, têm desvios no modo como são homens", disse. Talvez por isso continue também a mostrar ignorância sobre a lenda urbana de injectar hormonas nas galinhas (o trabalhão que daria nos imensos aviários) e a exibir o corte de cabelo mais másculo e mais ridículo depois de Kim Jong-il e de Simon Cowell, do júri de concursos televisivos de talentos. Escrito isto e indo ao que aqui interessa, a sua comida preferida é sopa de quinoa, que deve fazer-lhe crescer pêlos no peito e tornar-lhe a voz grossa, está visto…
Mariano Rajoy
Presumimos que deve odiar a gastronomia catalã. Pelo menos, desde há algum tempo… Afinal, o presidente do governo espanhol gosta daquilo a que os "nuestros hermanos" chamam de "cuchareo". Ou seja, pratos para comer à colher, como ensopados e guisados. Transparece no rosto dele. Comida de camponês, basicamente, que dizem ser muito mais saudável. Entre os seus preferidos estão a fabada asturiana e as lentilhas com chouriço. Que Deus o proteja, porque está bem precisado…
Nelson Mandela
É, para nós, a última referência moral, além de ser, para o mundo que é civilizado, um dos políticos mais adorados e respeitados. Pois este homem incomum adorava tripa de boi (ulusu) e leite fermentado (amasi), tudo pratos tradicionais do seu povo xhosa. Mas não eram os únicos, pois as preferências eram tantas que deram origem a um livro de receitas, Ukutya Kwasekhaya: Tastes from Nelson Mandela’s Kitchen, compilado pelo seu chef favorito, Xoliswa Ndoyiya. Podemos imaginar o que poderia ser viver uma refeição na sua companhia. Mais por ele, obviamente, do que pela comida.
François Mitterrand
O Presidente francês revelou uma predilecção por mariscos e, nestes, por ostras e, nestas, pelas provenientes de Marennes, a sua região natal. Mas o momento mais marcante desta ligação culinária terá acontecido poucos dias antes de falecer, quando organizou uma última ceia, onde se banqueteou com ostras, foie-gras e ortolans, o pequeno pássaro em vias de extinção, cujo consumo já era proibido em França, mas que ao todo-poderoso ex-chefe de Estado não faltaria. Depois disso, não voltou à mesa.
Nicolas Sarkozy
Quando chegou ao Eliseu, exigiu que se retirassem os queijos de todas as ementas oficiais (e privada). "Sacrilégio!", terão gritado os compatriotas, num país que se orgulha de ter mais tipos de fromage do que o ano tem de dias. Para compensar, é fã de foie-gras, essa outra instituição culinária francesa. E ficamos por um testemunho gastronómico do tamanho deste político.
Fidel Castro
Era comunista, mas não era parvo (que nos perdoem os militantes desta cada vez mais rara ideologia política e socioeconómica…). Dizem que o líder cubano tinha longas discussões sobre a melhor forma de preparar lagosta grelhada. E sabe-se que tentou recriar, em Cuba, os melhores foie-gras e queijos franceses e whiskies escoceses, mas sem grande sucesso, obviamente. Mas segundo uma antiga companheira, o que Fidel adorava, a sério, era sopa de tartaruga. E, no final, o prazer de um Cohiba…
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