Carne produzida em laboratórios está mais próxima dos supermercados
A carne produzida em laboratório começa agora a migrar para a linha de produção, evitando o abate de muitos animais.
Mosa Meat, fundada pelo precursor da carne cultivada em laboratórios Mark Post, está entre as cerca de oito empresas que auxiliam este projeto. A empresa holandesa, que produziu o primeiro hambúrguer de carne bovina cultivada do mundo, pretende aperfeiçoar a produção numa pequena escala no primeiro semestre de 2021, antes de se mudar para uma unidade industrial mais completa já no final de 2022.
"Já provamos em 2013 que podemos fazer um hambúrguer em laboratório", disse o CEO da Mosa, Maarten Bosch, em entrevista. "Agora, tudo se resume a um aumento da escala e a um ajuste dos custos. Esta fase trata-se exatamente disso."
As startups de carne de laboratório passaram de um pequeno grupo em 2016, para pelo menos 60 atualmente, de acordo com a consultora Lux Research. O setor quer tornar a produção de carne mais humana e ambientalmente sustentável e atraiu um financiamento de capital de risco recorde neste ano atípico. Na semana passada, Singapura aprovou a venda de carne de frango cultivada da Eat Just, numa altura em que a procura por proteínas alternativas é muito elevada.
Ainda existem muitos desafios - desde reduzir os custos elevados e viabilizar a produção em grande escala, até obter a aprovação regulamentar. A carne cultivada custa entre 400 dólares e 2 mil dólares ao quilo para ser produzida, por isso ainda há um longo caminho até que os preços se possam tornar competitivos face aos das carnes convencionais, segundo a Lux.
"As economias de escala provavelmente ajudarão a reduzir os custos nos próximos anos", disse Harini Venkataraman, analista da Lux, em Amsterdão. "É por isso que essas fábricas-piloto são marcos tão importantes."
O mercado de carne à base de células deve movimentar 140 mil milhões de dólares na próxima década, de acordo com previsões compiladas pela Blue Horizon, que investe em proteínas alternativas.
A Memphis Meats faz parte das startups que anunciaram unidades de teste, tendo por isso recebido financiamento de Richard Branson e Tyson Foods, bem como a produtora de frutos do mar à base de células, BlueNalu. A Aleph Farms, que nesta semana recebeu o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para provar seu bife, trabalha também numa fábrica-piloto. Empresas como BioTech Foods, SuperMeat e Eat Just já começaram a testar unidades.
"Não há dúvida de que isso é viável", disse Ido Savir, CEO da SuperMeat, que abriu uma cozinha teste para frango cultivado em Israel. "É uma questão de quanto tempo vamos levar para ir de um cenário-piloto, onde estamos, para uma escala comercial."
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