As carnes mais nobres chegaram a Cascais
Inaugurado este verão, o restaurante Latina Grill apresenta uma seleção ímpar de carnes maturadas e de corte premium. O chef André Sá Correia é o líder desta proposta gastronómica que se destaca por mais razões do que apenas um bom naco.
Luís e Claúdia Andrade deram um salto de fé quando decidiram abrir o Latina Grill, em junho passado. Primeiro porque, queiramos ou não, ainda nos encontramos sob o efeito de uma pandemia que se quis devastadora – em especial para a restauração. Depois, porque aquela região é por excelência uma zona de mar, com uma oferta invejável de bom peixe e marisco. Pensando nesta última premissa, talvez tenha sido esta uma das razões que impulsionou o casal a abrir ali um lugar completamente diferente e para os verdadeiros amantes da carne.
A ideia é de 2020, ainda antes do segundo confinamento. Entretanto, as obras aceleraram, assim como a curiosidade dos transeuntes. É que o Latina Grill encontra-se num local privilegiado. Na Estrada da Malveira da Serra, logo que se entra em Cascais pela A5, a ampla e rústica estrutura em madeira salta logo à vista.
Para fazer este caminho era necessário alguém – e não um alguém qualquer – que desse a cara e a alma pela cozinha. Os proprietários cruzaram-se com André Sá Correia e ficou decidido. Natural do Funchal, o percurso deste chef de 38 anos já o levou a Roma, Macau ou Sidney. Foi, aliás, em 2017, quando trabalhava no The Apron Oyster Bar & Grill, num dos maiores hotéis macaenses, o Galaxy Entertainment, que o chef se apercebeu da tendência para as carnes premium maturadas.
Anos volvidos e mais de uma centena de voos pelo caminho, André Sá Correia regressou a Portugal. Decidido a passar a pandemia em casa, queria sobretudo estar em paz consigo, mas também "aproveitar Cascais, jogar ténis e explorar os produtos que o Sul da Europa tem para oferecer".
Quando nos encontramos com o chef, e, depois de nos contar que o restaurante deve o nome à associação natural que se faz entre churrasco e América Latina, fazemos-lhe a malfadada questão: "quão difícil pode ser cozinhar um bom naco de carne?".
Mais do que imaginamos, já que André Sá Correia nos guia num processo explicativo que vai desde a genética do animal, passando pela alimentação do próprio - muitas vezes terminada a grão durante duzentos dias - sem contar, claro, com a óbvia maturação e corte aprimorado. No caso, também são requisitos uma grelha de carvão ecológico (com coco prensado e carbonizado) e uma placa com pedras de sal do mar de Tavira com 2 milhões de história onde é, finalmente, servida a carne.
Falando do ex-líbris aqui presente, a distinta seleção de raças fala por si: tem-se a Umi do Uruguai, a Wagyu da Austrália ou mesmo a Kobe do Japão. Se se está a perguntar pela Black Angus dos Estados Unidos, também a têm e com 30 dias de maturação. Depois, haverá sempre a Turina Nacional, a 40 dias, ou mesmo a carismática Rubia Gallega, maturada a 50 dias. Os marmoreados, que refletem o grau de teor de gordura da peça, bem como as texturas ajudam a distinguir os diferentes sabores.
Para os clientes que se dispõe a este tipo de prova, saiba que o Latina Grill dispõe nos seus frigoríficos de vãos com 100 dias de maturação. Um até já vai nos 130. "Penso que ninguém o esteja a fazer e é uma experiência interessante para quem está do lado de lá", refere com entusiasmo o chef.
De seguida, há que dar valor ao corte. Se vazia, lombo ou entrecôte estão entre os melhores dos melhores, tomahawk, rib eye, filet, chuleton também poderão ser opções neste dicionário. É ainda de referir a alternativa tailored cut, em que o cliente pode indicar ao chef o peso da carne da sua preferência e solicitar um corte à medida.
Entre os molhos que acompanham a estrela principal, provámos o ponzo trufado, a guasacaca e a espuma de bearnaise. Se é um negacionista de molhos em carnes deste tipo, reconsidere as propostas de André de Sá Correia. Vale mesmo a pena a incursão. Para quem não é adepto de carne, mas acompanha quem o é, há sempre opções de mar, como o camarão tigre, ou antes, tigrão solitário aromatizado com manteiga do chef (€21).
Finalmente, chegamos a uma das razões que nos fez apreciar tanto a ousadia do Latina Grill, independentemente da qualidade da carne e do nível técnico da cozinha. É que o chef investiu igualmente todo o seu know-how nas entradas, guarnições e sobremesas. Por conseguinte, as opções do menu realçam a influência das viagens do chef num encontro honesto com os mais variados produtos frescos nacionais.
Para início de conversa, há um tártaro de lombos nobres (€16) que deve ser envolvido a preceito no ovo de codorniz que o acompanha. Fresco, interessante e leve. Depois há as chamadas bombas do chef (5 unidades, €8), que fazem lembrar pequenos croquetes ainda mais deliciosos. Entre as entradas mais pedidas constam ainda o foie-gras com molho de ameixa (€9) ou mesmo o bolo do caco com manteiga de alho (€6), um bonito elogio que André de Sá Correia faz à sua terra natal.
Nas guarnições, e porque já falámos muito de carne, surge a batata dourada trufada com ovo a baixa temperatura (€7), assim como o fresco dueto de tomate com pêssego (€3,8). Numa outra nota, há também a batata doce assada (€3,8) ligeiramente picante para criar algum contraste de sabores. Do que não provámos, mas gostaríamos se houvesse oportunidade, fica a salada de agrião com laranja (€3,8) e a maçaroca grelhada (€3,8).
No final, não deixe passar a tarte de limão merengada desconstruída (€7), quanto a nós um dos mais surpreendentes pratos de toda a refeição. Nesta secção, não estranhe ainda encontrar o prego do chef André (€7,5) como prato final.
A garrafeira impõe-se com 40 referências maioritariamente nacionais, mas a almejar as 80, com vinhos vindos de todo o mundo. Neste contexto, a maioria segue para o tinto, mas se quiser branco também há belas opções. De qualquer forma, sugerimos que comece primeiro com uma sangria latina de maracujá, a lembrar os trópicos. Cocktails ou mojitos também fazem parte do cardápio e são uma boa desculpa para entrar no clima.
No Latina Grill sente mesmo que está pelas Américas. Começando pela forma calorosa como a equipa jovem do restaurante o acolhe e acompanha durante a refeição, passando pelos sons da bossa nova e do jazz que ecoam pela sala. Sem contar com a música ao vivo, todos os dias a partir das 21h00 e aos domingos das 13h00 às 17h00. Para culminar, aos fins-de-semana, das 17h00 às 19h00 há happy hour. Adivinhamos que mais um pouco será mesmo necessário reserva prévia para conseguir uma mesa. Por isso, não tenhamos pressa, mas não deixemos para depois.
Onde? Estrada Malveira da Serra 261, Cascais. Quando? Das 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 22h30 de terça a domingo e a partir das 19h00 à segunda. Tel. 968 707 515Assim é uma bifana para Gordon Ramsay, e o mundo já reagiu
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