4 vinhos e as suas histórias: Dois tintos do Douro, um branco velho alentejano e um verde que aposta no terroir
Setembro ainda é o mês das vindimas. Por exemplo, na região dos vinhos verdes, a colheita estende-se até ao final do mês e, por vezes, até outubro. Em destaque, um verde, um duriense tradicional, um tinto de altitude e um branco de vinhas velhas.
Vinho de família: Quinta do Carvalhido Douro DOC 2020
Para o produtor Pedro Drummond Borges, mais do que a história por trás do vinho, "está uma família". A Quinta do Carvalhido está na família há mais de 100 anos e apenas durante as décadas de 50, 60 e 70 se fez vinho do Porto. Nas décadas seguintes a quinta foi mantida e as uvas vendidas, mas é em 2013 que o projeto arranca com a parceria com o enólogo Francisco Baptista e José Miguel Teles. Resultou em vinhos com perfil Douro, com castas típicas num dos vales do rio Tua.
Pedro Drummond Borges refere que dos 30 hectares 12 são de vinha, as mais antigas com mistura de castas e, nas mais novas, plantadas entre 2017 e 2021, optou por Touriga Nacional, Touriga Francesa e Tinta Amarela. No que diz respeito à temperatura para servir este tinto, o responsável aponta a "tendência do mercado para servir os vinhos a temperaturas cada vez mais baixas". O Quinta do Carvalhido, que fez estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês novas, deverá ser servido a 15ºC. O produtor aponta pratos como carré de borrego ou bife da vazia para acompanhar o vinho.
O preço recomendado de 30 euros é justificado pela viabilidade e sustentabilidade de qualquer negócio, mas, para Pedro Drummond Borges "ainda mais importante quando se fala de projetos que envolvem o amor à terra, a paixão pelo que se está a construir e a família". Quanto à longevidade, o responsável aponta para um mínimo de 15 anos.
Pedro Drummond Borges garante que a sua intenção "não é estar entre os maiores, mas a ambição é estar entre os melhores". Explica que a quinta tem "uma localização privilegiada no Douro Superior com características de clima continental com quatro estações do ano bem definidas e grande amplitude térmica". Acrescenta que "as correntes de ar que acompanham o rio e são conduzidas pelas montanhas até às vinhas transportam uma frescura rara de encontrar na região que está presente até nas castas tintas". Conclui que os solos xistosos na transição do granito, a escolha cuidada das castas, a adaptação das técnicas vitivinícolas e o contínuo melhoramento são, em conjunto com a enorme dedicação de todos, "os principais aspetos que permitem elevar os vinhos produzidos".
Escolha do terroir: Borges Quinta do Ôro Verde Branco 2022
A Quinta do Ôro chegou à Borges em 2016 incluída na estratégia de expandir a presença na região dos vinhos verdes. Ana Montenegro, responsável da empresa, refere que a propriedade "abrange 30 hectares de vinhas em solo granítico com uma altitude única de cerca de 550 metros". A ideia da Borges foi explorar as características únicas dos solos e aproveitar ao máximo o clima singular que prevalece em Pinheiro, Felgueiras.
Ana Montenegro explica que no branco da Quinta do Ôro, "a acidez é mais acentuada, conferindo ao vinho um vibrato distinto na boca que o torna uma verdadeira expressão da essência da região dos vinhos verdes". A produção do vinho começa com a colheita mecanizada das uvas que são arrefecidas quando chegam à adega, o que, para a responsável, "ajuda a preservar as suas características naturais e a qualidade do fruto". Ana salienta que o processo continua com maceração pelicular e a prensagem, "onde o mosto é separado cuidadosamente da parte sólida, garantindo que apenas o líquido mais puro é utilizado na produção do vinho". Depois da decantação e fermentação, entre os 15 e 17 ºC. o branco inicia o estágio sobre as borras finas, num processo que dura aproximadamente quatro meses.
Este "verde" é produzido com as castas Loureiro (50%), Alvarinho (30%) e Arinto (20%), o que para a empresa expressam a identidade única da região. Ana Montenegro refere que a temperatura ideal para o servir é entre os 8 e 10ºC., versátil o suficiente "para ser desfrutado tanto sozinho como acompanhando uma refeição, e uma excelente escolha para acompanhar pratos de peixe, sushi e marisco, realçando os sabores".
A casa Borges refere que este vinho está pronto para ser consumido, mas se a opção for a guarda, recomendam armazená-lo num ambiente escuro com a garrafa deitada. A responsável sublinha que "este vinho foi criado com a intenção de agradar a todos aqueles que apreciam vinhos brancos caracterizados pela sua frescura e marcante acidez". O terroir, conclui, "afetou toda a produção deste vinho com influência atlântica e o solo de granito que garantiram a frescura".
Herdade Grande Roupeiro Vinhas Velhas 2021
O enólogo Diogo Lopes sublinha que este vinho branco "é um tributo à mais antiga vinha da família, implementada nos anos 80, quando o proprietário, António Lança, iniciou a renovação do património de castas da Herdade Grande". O responsável refere que nessa altura houve uma aposta em novas variedades, mas também naquelas que são emblemáticas da região.
Diogo Lopes, que está no projeto desde 2018, iniciou testes de vinificação "que confirmaram todo o potencial daquela vinha". Explica que "a parcela oferece fruta escassa, mas de grande qualidade". Através da viticultura de preservação nasceu a primeira edição da vindima de 2020, de um vinho que se reedita agora e que, no entender do enólogo, "é um grande tributo ao melhor Roupeiro emblemático do Alentejo".
Para Diogo Lopes a maior dificuldade na produção deste branco "talvez esteja mais relacionada com a viticultura e o trabalho que implica". Na vinificação do Roupeiro, 50% do lote foi fermentado em barricas de carvalho francês de 400 litros. O enólogo aponta entre 8º e 10ºC. para servir o vinho e, no que diz respeito à harmonização, "a elegância e complexidade impressiona a solo ou na mesa, e fica muito bem com pratos de marisco ou um peixe grelhado". O preço de 23,40 euros determinado pela Herdade Grande expressa o posicionamento de um vinho considerado especial, de produção limitada – apenas 1500 garrafas – e cuja viticultura e produção implica mais exigência.
Quanto ao potencial de guarda, Diogo Lopes garante que pode ser bebido no imediato, "mas a sua frescura e complexidade sugere uma grande evolução em garrafa". O enólogo não tem dúvidas que sendo um vinhas velhas, "a qualidade da fruta é muito apurada" num terroir, Vidigueira, que "sempre foi conhecido pelos seus brancos, graças ao microclima mais fresco, influenciado pela Serra do Mendro". Já na Herdade Grande o clima conjuga-se com os solos pobres, xistosos, que, para o responsável, confere ao vinho "uma acidez e mineralidade que lhe define o carácter e potencia a sua longevidade". Para Diogo Lopes, os destinatários deste branco "são os apreciadores mais exigentes, que mais valorizam este perfil de vinho".
Cota 600 Quanta Terra Douro 2022 Vinho Tinto
Jorge Alves e Celso Pereira, produtores, enólogos e responsáveis da marca Quanta Terra, garantem que o Cota 600 "é um vinho de descoberta para quem o prova". Celso explica que o tinto vem ao encontro do trabalho que têm vindo a desenvolver com os vinhos de altitude – provém de vinhas na cota 600 – no planalto de Alijó, "para mostrar o potencial que há a explorar neste outro Douro". Jorge Alves salienta que o tinto "é quase o corolário" do trabalho que têm vindo a desenvolver ao longo de 25 anos. Explica que não tinham um tinto nesta altitude: "É um vinho quase transparente (de textura transparente), de baixo teor alcoólico, 12% vol., com um teor calórico baixo, que se vai ajustar muito à geração dos millennials".
Jorge destaca que é um estilo de vinho muito ligado ao território e à altitude, com uma "elegância e sofisticação que sugere uma escolha criteriosa das uvas e uma vinificação suave a temperaturas mais baixas, entre 20 e 22ºC.". O vinho estagiou seis meses em barricas novas de carvalho francês de 500 litros, que para os responsáveis, adicionam uma camada extra de complexidade aromática e uma textura firme.
Relativamente às dificuldades, Celso refere que conseguir um tinto num planalto que produz "vinhos brancos extraordinários" foi elevar a fasquia e o risco. As castas, Tinta Roriz e Tinta Amarela, eram, para Jorge Alves, "a combinação ideal para conseguir a cor aberta, os aromas a frutos vermelhos (Tinta Roriz), as especiarias brancas (Tinta Amarela) e a textura firme e transparente e a suavidade dos vinhos de altitude".
Os produtores e enólogos apontam os 14 a 16 ºC. para servir o Cota 600, para ser bebido sozinho ou com carnes de aves, pizza, carpaccio, pastas, sushi, salmão e peixes grelhados. Os 17 euros são, para Celso Pereira, "um valor equilibrado tendo em conta os custos de produção, o preço dos vinhos concorrentes que se posicionam no mesmo segmento e a novidade (estilo) que o vinho apresenta". Jorge Alves sugere que se pode beber já neste tempo de Verão, mas aponta uma guarda de cinco a sete anos.
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