Cavalariça Évora. Espírito andaluz com gastronomia local
Junto ao Templo de Diana, em Évora, está o Palácio dos Duques de Cadaval. Lá dentro, vale a pena descobrir a cozinha do duo Bruno Caseiro e Catalina Viveros.
As imponentes arcadas que configuram a entrada do Palácio dos Duques de Cadaval, em Évora, mesmo ali ao lado do Templo de Diana, convidam a noites de verão quentes na esplanada do Cavalariça Évora, um dos três restaurantes coordenados pelo chef Bruno Caseiro (além do Comporta e do Lisboa), neste sítio em particular em conjunto com a chilena Catalina Viveros. Dentro deste emblemático palácio, onde antes a família organizava sumptuosas festas privadas, está agora uma esplanada ampla, desafogada, rodeada por detalhes de charme que homenageiam as artes. Aliás, foi por aí que começou a abertura do palácio ao público, por um espaço de exposições. Depois, em 2022, abriu o Cavalariça Évora.
A arte está, de facto, por todo lado. Ela e a cor. Por exemplo, logo à chegada, não há como não reparar no grande mural de painéis pintado à mão pela artista sul-africana Esther Mahlangu, que já estava na casa dos seus oitenta quando o fez, e que espelha a dedicação do grupo à criação de espaços originais e com cunho artístico. As fontes, as trepadeiras e as laranjeiras compõem os detalhes andaluzes do Cavalariça Comporta, detalhes esses pensados pelo designer e paisagista Louis Benech. No interior, a remodelação ficou a cargo do designer Jacques Grange, com destaque para o chão verde, de azulejo retângular inspirado em Marrocos.
Não há regras na cozinha do Cavalariça Évora. Para Bruno Caseiro, o importante é partir de ingredientes de qualidade, de produtores locais, escolhidos a dedo. É em conjunto com projetos como a Terramay (hortícolas, frutícolas, carne de vaca mertolenga, leite de cabra e derivados), BioAlentejanices (hortícolas e frutícolas, azeite extra virgem biológico, mel), Val das Dúvidas (hortícolas e frutícolas, borrego biológico), Carnes de Elite (carne de vaca maturada) ou Monte da Vinha (queijos), entre outros, que Bruno desenha depois cada prato. E se há chef que gosta de experimentar e inovar parece ser Bruno. Numa carta pensada para partilha - há as pequenas entradas, as médias e as longas - em proporção, destacam-se criações tão fora da caixa como o rissol de raia alhada, maionese de ostra, pó de coentros (€3, a unidade) que entra direto para a lista de melhores rissóis de sempre, tal é o seu rico sabor, alcançado com um método de confecção semelhante ao da açorda de cação. Não provámos, mas o coelho de escabeche, flatbread de trigo (€7,50), parece ser um dos pratos desta secção que compete por protagonismo. Logo de início, quase nos esqueciamos, vale muito a pena pedir as ostras, sobretudo porque acompanham com mignonette e tabasco caseiro, este último um verdadeiro elíxir para guardar e preservar, e que dá vontade de usar no resto dos pratos - houve uma tentativa de contenção para não acontecer - sobretudo na seleção de pães (alentejano e broa de centeio) que vêm com o couvert das entradas, que inclui ainda manteiga caseira e azeite virgem extra.
Na secção seguinte, a maior e mais variada, em teste esteve o choco salteado, batata nova ao sal, molho fumado de tinta de choco, esparregado, um prato guloso para quem admira sabores bem fortes e distintos como o é o da tinta de choco (€19,50), que acompanhou com salada verde, rabanetes, nozes caramelizadas, molho tzatziki (€7,50) por sugestão do staff. Uma das duas saladas pensadas para acompanhar alguns pratos, e que aqui resulta como quebra-sabores. Esteve também em prova o tamboril grelhado, alho francês "fondant", molho de manteiga e limão, courgette biológica e a gamba da costa (€22), bem equilibrado com o tempero, e a gamba da costa.
Há, claro, fortes referências à gastronomia alentejana, e uma tentativa de ter pratos 100% vegetais, digamos, como o de Beterraba assada e vegetais biológicos de temporada, creme de cajú, beldroegas (€15), logo na primeira secção. Para terminar, em prova estiveram as sobremesas torta de citrinos, gelado de camomila, mel (€9) e o parfait de ananás dos açores e amoras, gengibre e alfazema (€9). A primeira, sublimemente balançada, a segunda, a precisar de alguma contenção na sopreposição de sabores, mas tudo é uma questão de gostos. A carta de vinhos sobressai pela sua espantosa diversidade - percorre boa parte do País - e o Casa de Mouraz 2022, um Encruzado do Dão, acompanhou bem toda a escolha mencionada. Uma experiência a repetir, com pontos extra para o cuidado especial dado aos animais de companhia, que podem também entrar na esplanada.
Onde? Palácio dos Duques de Cadaval Rua Augusto Filipe Simões, 9, Évora. Quando? De Segunda a Domingo das 13h às 14h30 e das 19h às 22h. Reservas? 266 248 775 ou reservasevora@cavalarica.com.
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