Natal à vista. Vinhos especiais, para ocasiões especiais
Não é muito fácil escolher o vinho certo, especialmente nesta altura do ano e com tantas festas, a menos que opte por uma destas propostas que aqui trazemos, à prova do mais exigente dos convidados.
Os lugares de Ventozelo
A Quinta de Ventozelo lançou recentemente este Loci, tinto de 2020. Nome que em latim significa lugares, pois é disso mesmo que estamos a falar, de um vinho que exprime bem a complexidade e a variedade dos muitos terroirs desta enorme quinta no Douro. Para o conseguir foram buscar Tinta Amarela plantada na vinha duriense, Tinta Roriz à vinhas Dona Zefa, Sousão, às vinhas da Carvalha e do Vale da Mina, Tinto Cão à vinha Colmeal, e Touriga Nacional às vinhas da Serra. Cinco castas, de seis parcelas, para criar um vinho naturalmente complexo e aveludado, com taninos bem redondos, boa acidez e um final muito elegante e prolongado. Talvez não seja um best of de Ventozelo – esse papel ficará para o Essência – mas anda lá perto. Preço: 25 euros.
O (re)nascer de um Alentejo diferente
Luísa Amorim gere os negócios vínicos da família no Douro e no Dão, mas aqui na Herdade da Aldeia de Cima, na Serra do Mendro, na fronteira entre o alto e o baixo Alentejo criou um projeto muito pessoal, onde procura sublimar tradições seculares e defender a sustentabilidade. Uma herdade boutique, como tão bem se percebe pela adega, pequena e superiormente equipada para criar vinhos de topo como os dois Garrafeira lançados este ano, um Garrafeira Tinto 2019 e Garrafeira branco 2020. Duas representações muito especiais, intemporais e clássicas, com um tinto robusto, e ao mesmo tempo muito sofisticado, mais um branco que descrevíamos acima de tudo como harmonioso. Para ostentar esta classificação de Garrafeira, a CVRA obriga a que os vinhos tenham de estagiar pelo menos 30 meses, 12 dos quais em garrafa, no caso dos tintos, e 12 meses, seis do quais em garrafa, no caso dos brancos, e mesmo assim depois ainda tem de aprovar essa qualidade superior. É um investimento, mas que compensou, e de que maneira. Preço: 42 euros o branco, 90 euros o tinto.
Três foi a conta que as Servas fez
Encontrar um Petit Verdot, alentejano, de vinhas velhas, causa admiração. Mas é o que temos aqui, tendo a equipa da Herdade das Servas conseguido a proeza enxertando a casta numa antiga vinha que, de outro modo, acabaria por ser arrancada, porque "nem todas as vinhas velhas merecem ser preservadas," como nos explica Luis Serrano Mira. Foi um processo complicado, mas assim acrescentamos harmonia e complexidade a este Verdot que de Petit só tem o nome. E não chega a solo, pois vem muito bem acompanhado por outros dois monocastas, um Touriga Nacional muito frutado, volumoso e rico, e um Alicante Bouschet de taninos bem integrados, complexo, estruturado. São os três de 2017, e podem ser comprados por separado ou na trilogia. Será o nosso conselho, pelo menos para a primeira vez. Depois logo compram o(s) que mais gostar. Preço: 17,50 euros cada.
A Dona Matilde tem Calços Largos
Com os Calços Largos 2020, a Dona Matilde cometeu aquilo que muitos consideram uma heresia, mas que para outros é uma novidade bem-vinda: um vinhas velhas sem estágio em madeira. Tipicamente usa-se a madeira para descansar o vinho, amaciar taninos e conferir algumas notas características, como baunilhas ou caramelos, mas ao dispensar este passo a equipa de enologia conseguiu um vinho muito mais próximo da vinha. Era o pretendido, porque estamos a falar de uma vinha incrível, com quase 80 anos e mais de 30 castas a comporem o Field Blend. O Calços Largos estagiou assim 18 meses em cubas de inox, e revela uma exuberância aromática incrível, enchendo depois a boca com surpreendente elegância. A família Barros será a primeira a fazer um vinhas velhas sem estágio em madeira, no Douro, mas a julgar pelo resultado não serão os únicos por muito mais tempo. Preço: 40 euros.
Duas novidades de Peso
A Herdade do Peso tem duas novas caras que se juntam assim a uma gama mais conhecida pelos Sossego e Trinca Bolotas. Dois vinhos de uma frescura incrível, o Herdade do Peso Parcelas 2018 e o Herdade do Peso Revelado 2019. Neste último caso um blend de Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah, representando também os vários solos desta herdade na Vidigueira. Já o Parcelas é um vinho ainda mais especial, que procura refletir, em cada ano, o talhão que melhor se exprimiu nessa temporada. Em 2018 a escolha recaiu na Parcela 21, de Alicante Bouschet, e resultou num "vinho com muita garra" como diz o enólogo Luis Cabral de Almeida. Longo e sedoso. O melhor será começar pelo Revelado (15 euros) e daí seguir para o Parcelas (50 euros).
Vinhos que aproximam familiares e amigos
Num mês em que se iniciam os preparativos para as festas que se aproximam, um brinde à fraternidade e solidariedade. Um branco a Oeste e dois tintos: um alentejano sem preconceitos e um clássico do Douro. Ainda dois brancos do Alentejo que utilizam uma casta do Norte e, a fechar, uma celebração com 50 anos de história.
100 anos de Versailles, segredos de uma das mais emblemáticas pastelarias de Lisboa
Como se transforma um lugar ao longo de um século? Que figuras famosas e que acontecimentos por lá passaram? Como se comemora este aniversário? As memórias de Paulo Gonçalves e Avelino Reis, funcionários da pastelaria há várias décadas.
Vinhos para receber o solstício de inverno
Esta é a altura em que se aproxima o dia mais curto do ano, a noite mais longa e o dia em que o sol está mais próximo. Um tinto exclusivo do Douro, outro tinto, um branco e um Porto, todos da mesma região, e ainda um espumante “verde” e um abafado do Tejo.
No Convento do Beato, em Lisboa, premiou-se o talento nacional no que respeita à gastronomia, ao mesmo tempo que se assinalou o empoderamento feminino, com o cocktail e um jantar de gala exclusivamente criado por quatro chefs portuguesas: Justa Nobre, Ana Moura, Marlene Vieira e Sara Soares.
Das entradas às sobremesas, o sabor intenso da trufa d’Alba delicia o inverno no restaurante italiano, em Sintra.
Um Pinot Noir sem nada a temer dos borgonheses, um espumante que não é branco nem rosé, mas Baga, e três vinhos de terroir de vinhas muito velhas. A Casa da Passarella foi ao passado abrir caminho para os vinhos de amanhã, e o resultado é francamente especial.
Em novembro preparam-se as videiras para as chuvas e para o novo ciclo que se inicia. As folhas caem e a planta entra em hibernação antes de se iniciar a fase da poda. Para muitos, o mês mais tranquilo nas vinhas.