Aldeia de Cima e a ciência que exige o seu distinto medronho
Consumido ao longo de gerações como um excelente digestivo, esta aguardente pode muito bem vir a transformar-se na nova moda deste verão, muito por culpa desta aposta da Herdade Aldeia de Cima.
Na Herdade Aldeia de Cima - o projeto que Luisa Amorim lançou com o marido, Francisco Rêgo - produzem-se essencialmente vinhos elegantes, que evidenciam o caráter das castas indígenas alentejanas. Vinhos que têm vindo a surpreender a cada novo lançamento – caso dos Garrafeira ou do Myndru. Depois de 20 anos de experiência à frente da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro, e também da Taboadella, no Dão, ambas propriedades da família, Luisa viu nesta herdade que recebeu do pai, Américo Amorim, um potencial adormecido, com um clima e uma singularidade geológica que deixavam antever um terroir promissor. E promissor, como vamos descobrir, não apenas para os vinhos, porque os medronheiros povoam a Serra do Mendro desde tempos ancestrais…
Falamos aqui de um Alentejo diferente, que separa o Alto do Baixo Alentejo, onde as planícies dão lugar ao montado de sobro e azinho. Matos de estevas, giestas e silvas são o habitat natural para espécies como a perdiz ibérica, a lebre, o faisão, a raposa, o mangusto, o javali e o porco preto alentejano. O medronho e a sua aguardente fazem parte desta tradição secular, e é precisamente num contexto de regresso às origens e recuperação das tradições e da biodiversidade que passa agora a integrar o portfolio da Herdade Aldeia de Cima. "Acredito na portugalidade e na qualidade desta fruta autóctone e na aguardente, que tem imenso potencial, afirma Luisa Amorim. "Neste caso do medronho, é mesmo única no mundo".
"Na terra fresca de altitude encontram o equilíbrio perfeito ao lado de outras comunidades arbustivas no montado. Os pequenos frutos amarelos alaranjados e vermelhos, suspensos por finas hastes a balancearem ao sabor dos ventos frescos que ao final de cada tarde chegam do Atlântico, ornamentam a terra no natal numa rusticidade quase poética", explicam com igual veia artística – e quem sabe se após uma prova de medronho − os enólogos Jorge Alves e António Cavalheiro que, em 2021, se iniciaram também eles nesta aventura. Com a primeira apanha manual de medronhos selvagens existentes na herdade (e noutras vizinhas), conseguiram destilar cerca de 500 (3500 kg) e produzir a primeira aguardente de medronho da Herdade Aldeia de Cima com 48% (teor alcoólico), numa edição limitada a 1000 garrafas.
A riqueza deste fruto único, pleno de aromas e sabores macerados na destilaria é recuperada na dupla destilação a vapor, originando uma aguardente de medronho fina e elegante, de cor límpida, transparente, quase cristalina. Em prova, "o aroma é muito fino e levemente frutado e, de acordo com o ano de colheita, pode apresentar notas florais a margaridas secas, ameixa branca e pêssego verde, este último em anos mais frios, ou mesmo evidenciar, em anos mais quentes, notas a frutos silvestres como groselhas e melaços. Na boca, tem um toque seco e um bom equilíbrio do álcool macio e dos aromas florais e frutados."
Resta mencionar o design depurado e uma rolha em cortiça criada especificamente para esta aguardente, foi desenvolvida uma caixa individual em formato de um monte alentejano, com uma pequena porta amarela que simboliza a autenticidade e a frescura do medronho e a cor do ponto ideal para a sua colheita. Um packaging muito sugestivo que também a torna num presente original.
Consumido ao longo de gerações como um excelente digestivo, esta é uma bebida feita à medida, que reflete a história, a cultura e tradição do território, e também a nossa identidade. Por isso, se é verdade que tradicionalmente a aguardente seja servida pura e em pequenos copos à temperatura ambiente, para quem deseja algo mais irreverente ou tem receio de elevados teores alcoólicos, o próprio produtor sugere a combinação de aguardente (1 dose) com sumo de ananás concentrado (2 doses), pedras de gelo e um pouco de hortelã. Torna-se assim numa bebida muito refrescante para este verão. Recuperar tradições, e brindar ao futuro do medronho!
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