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Um dia na vida de… da Elisabete Fernandes, a guardiã oficial das “caves” Yeatman

A diretora de vinhos do The Yeatman Hotel supervisiona as centenas de referências disponíveis na unidade hoteleira em Vila Nova de Gaia.

Foto: DR
15 de dezembro de 2023 | Augusto Freitas de Sousa

Já deixou de ser novidade a presença feminina num mundo antes dominado maioritariamente por homens. De produtoras a enólogas, de provadoras a executivas, as mulheres reforçam a fama que já têm de possuírem uma sensibilidade especial para os predicados vínicos.

A que horas se costuma levantar?

Durante a semana, tradicionalmente levanto-me pelas 7 da manhã. Ao fim de semana, o despertador são os meus filhos e nesse caso tudo pode acontecer. Tanto posso ser acordada às 7:00 como ser presenteada com mais umas horas de sono.

O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordada?

Naturalmente começo logo a planear e a organizar mentalmente o meu dia.

Qual é a sua rotina quando se levanta?

Assim que me levanto, tomo imediatamente um duche rápido e preparo-me. De seguida, vou acordar as crianças, prepará-los e dar-lhes o pequeno-almoço. Poderei deixá-los na escola, ou saio diretamente para o meu local de trabalho. Nesta parte do dia coordeno-me sempre com o meu marido para mais facilmente agilizarmos esta saída de casa matinal.

"Sou naturalmente uma pessoa calma e acima de tudo já aprendi a gerir prioridades dentro das prioridades" Foto: DR

Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?

Confesso que normalmente não tomo pequeno-almoço, a não ser que esteja de férias e aí os pequenos-almoços são caprichados. Normalmente, de manhã bebo água, preparo um termo de café e vou bebendo no meu percurso até ao local de trabalho e durante a manhã.

Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?

Diria que concluir a rotina matinal com crianças, conseguir cumprir horários de escola e chegar a tempo das reuniões da manhã já é uma atividade por si só.

Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…

Desloco-me de automóvel e tradicionalmente o meu trajeto é casa – escola – trabalho – escola – casa. Com alguma frequência visito produtores de vinho, participo em provas e, neste caso, altero meu trajeto diário.

Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?

Por norma consulto a minha agenda para me organizar durante o dia e validar todos os compromissos.

A que horas começa a trabalhar?

Normalmente às 09:00.

Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?

Enquanto diretora do departamento de vinhos do hotel The Yeatman, sou responsável pela gestão de 105 parceiros vínicos/produtores de vinho, associados ao hotel, gerindo uma garrafeira com cerca de 1400 referências e aproximadamente 30 mil garrafas. A responsabilidade passa também pela seleção e elaboração das cartas de vinhos dos diferentes espaços do hotel, seja o bar, a loja ou o nosso restaurante gastronómico com duas estrelas Michelin, devendo, para isso provar, selecionar e negociar as várias referências junto dos nossos parceiros vínicos. Adicionalmente faço a gestão do nosso programa de vinhos, organizando uma série de eventos temáticos, assim como garantir toda a formação e standards de serviço nos diferentes espaços do hotel.

"Faço pausas, mas não sou rígida a defini-las como pausas" Foto: DR

Como gere o seu tempo?

Por vezes com alguma dificuldade, pois trabalhar em hotelaria de luxo implica presença permanente, acompanhamento de serviço, pedidos especiais por parte de hóspedes e clientes e inevitavelmente imprevistos que nos desviam do planeamento diário e inicial que fazemos.

Como lida com a pressão e o stress?

Sou naturalmente uma pessoa calma e acima de tudo já aprendi a gerir prioridades dentro das prioridades.

Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?

Ter contacto com pessoas maravilhosas desta indústria, ter acesso ao que de melhor se faz a nível de gastronomia e vinhos. A parte menos agradável é a disponibilidade permanente e necessária neste tipo de indústria.

Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?

Tenho uma equipa incrível e inexcedível que partilha comigo a paixão por esta área. A equipa de vinhos do hotel tem um estilo muto próprio e naturalmente um estilo de comunicação muito particular que dentro da sua excentricidade funciona.

Costuma fazer pausas no trabalho? Para?

Sim, faço pausas, mas não sou rígida a defini-las como pausas. Como trabalho numa área tão diversa e abrangente posso fazer uma pausa para tomar café e dar por mim a ter uma reunião enquanto o tomo.

Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?

Sim faço pausa para almoço e maioritariamente almoço no refeitório do hotel. Este é o momento do dia em que faço a minha principal refeição composta por sopa, prato principal e fruta.

"Em casa tenho a família e outras atividades para as quais canalizo a minha atenção e energia" Foto: DR

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?

Aceito que existem, sem me deixar derrotar ou deslumbrar. Analiso ambas e tento sempre aprender algo.

O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?

Diria que, "a sorte" dá muito trabalho.

Ao longo do dia dá importância às redes sociais?

Dou uma importância relativa. Estou atenta ao que se passa, pois inevitavelmente é uma grande fonte de informação (particularmente nesta área), mas sem me deixar necessariamente absorver.

Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?

Pilates, jardinagem, cozinha, pastelaria e bricolage.

A que horas costuma terminar a atividade profissional?

Normalmente, entre as 18:00 e 18:30.

 "Leva" trabalho para casa?

Apenas quando estritamente necessário, evitando ao máximo fazê-lo. Em casa tenho a família e outras atividades para as quais canalizo a minha atenção e energia. Não obstante, estou permanentemente contactável para qualquer eventualidade, mas não considero isso trabalho.

Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?

Ao final do dia, em família, há sempre uma partilha sobre o dia, assim como os pontos principais da atividade de cada um.

Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?

Viajo com alguma frequência, mas não tanto quanto gostaria. Tenho uma agenda muito preenchida no meu dia-a-dia, pelo que, viagens e ausências frequentes do epicentro dos acontecimentos que é o hotel, obriga-me a uma gestão muito ponderada.

Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?

Sim, há uma grande diferença, pois há uma alteração de rotinas e acima de tudo há um telefone que toca menos vezes.

Elisabete Fernandes Wine Director no The Yeatman
Elisabete Fernandes Wine Director no The Yeatman Foto: DR

Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?

Tento otimizar o meu final do dia, simplificando ao máximo o jantar tentando passar o máximo de tempo com os meus filhos. O jantar acontece pelas 20:30 e passa por uma sopa, prato principal fácil e rápido de preparar. Como gosto de cozinhar preparo de antemão as refeições, porciono-as e congelo-as, permitindo-me poupar tempo durante a semana. Por exemplo, massa à Bolonhesa.

O que faz antes de dormir?

Espreitar uma série na Netflix.

A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?

Costumo deitar-me pela meia-noite. Dedico entre 7, 8 horas ao sono.

Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?

É efetivamente algo que deve ser equilibrado, reconhecendo a importância de ambos e nunca descurando um lado ou o outro.

Vê-se a ter outra profissão?

Gosto muito do que faço e sinto-me profissionalmente realizada nesta área. No entanto, todos nós somos feitos de muitas camadas, pelo que há outras áreas que me fascinam e nas quais me consigo imaginar a explorar e trabalhar.

O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?

A imprevisibilidade dos meus dias e completa ausência de monotonia. Ter contacto com pessoas maravilhosas e sentir que o "mundo vem até nós". Ter o privilégio de aceder ao que de melhor se faz a nível de gastronomia e vinhos. A disponibilidade permanente e a imprevisibilidade da agenda são os pontos menos agradáveis.

Saiba mais Elisabete Fernandes, Entrevista, Um dia na vida, The Yeatman Hotel, Vinhos, Vila Nova de Gaia
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