Um dia na vida de… Alexis Rodriguez, o cafezeiro das edições limitadas
O colombiano Alexis Rodriguez, “Head of Coffee Development” da Nespresso, cria grands crus, edições limitadas e origens únicas. São mais de 30 anos dedicados ao café.
Alexis divide-se entre a degustação do café na Nespresso na Suíça e os países produtores. Antes de assumir o cargo, passou sete anos como responsável de controlo de qualidade da Federacion Nacional de Cafeteros de Colombia.
A que horas é que se costuma levantar?
Nos três dias em que vou ao ginásio, acordo às 5h. Nos outros dias o despertador toca às 5h45.
Em que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos depois de acordar?
Se for durante a semana, normalmente faço uma revisão rápida da agenda do dia.
Qual é a sua rotina quando acorda?
Primeiro, tomo um duche e visto-me, depois tomo um pequeno-almoço rápido. O primeiro café do dia, durante a semana, tomo-o no trabalho.
Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?
Durante a semana, bebo leite com cereais. Depois, para a primeira chávena de café do dia, bebo um Solelio numa caneca. Mas sem leite, só café. É um dos blends do sistema Vertuo da Nespresso e é um café de torrefação ligeira, com notas frutadas. Durante o fim de semana, o meu primeiro café é muitas vezes um pouco mais intenso, como o Stormio, mas sempre numa caneca e sempre sem leite. Durante o resto do dia, vou alternando entre alguns cafés consoante a disposição, desde expressos intensos, a aromáticos. Depois do almoço bebo sempre um Ristretto. Além destes, durante o dia temos pelo menos três sessões de tasting em que provamos cafés verdes e protótipos para os nossos futuros cafés.
É habitual haver algum tipo de atividade antes do trabalho?
Três dias por semana no ginásio, o que me mantém em forma, tanto física como mentalmente.
Qual é a sua deslocação diária? Como é que o faz? A pé, de carro, de transportes?
Desloco-me de carro. É uma viagem agradável de 30 minutos por paisagens lindíssimas com campos de cultivo, animais, colinas, e consegue-se ver as montanhas alpinas ao longe. Faz-me lembrar o sítio onde cresci na Colômbia, mesmo que não haja lá tantas montanhas com neve. Faz-me feliz e dá-me inspiração e energia.
Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?
O meu trabalho envolve muita degustação de café e, para isso, é preciso ter um estômago feliz e forte. É por isso que é importante tomar um bom pequeno-almoço para começar o meu dia da melhor forma.
A que horas começa a trabalhar?
Por volta das 8h00.
Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?
Sou Head of Coffee Development da Nespresso, sendo o principal responsável pelo desenvolvimento de produtos e controlo de qualidade da Nespresso. Além disso, sou responsável por definir e manter os critérios de qualidade para o café verde que a Nespresso fornece através do seu Programa AAA Sustainable Quality.
Como é que gere o seu tempo?
De uma forma geral, tenho alguns desafios com a gestão do meu tempo. Mas é de facto importante respeitar o tempo dos outros, os prazos dos projetos e, claro, a hora marcada para as provas.
Como é que lida com a pressão e o stress?
Exercício regular e um bom café. Mas, para mim, viajar, conhecer os produtores de café e os stakeholders nos nossos países e apreciar a natureza, é algo que me dá energia e alivia a pressão do dia-a-dia.
Qual é a parte mais e menos agradável do seu trabalho e porquê?
A melhor parte é quando me encontro com os produtores de café. É simplesmente incrível vê-los provar e beber o café que cultivaram. Desde o grão até à estética final e ao incrível sabor do café Nespresso. E, claro, ver o lançamento do Nº20 é um grande marco para mim. É um trabalho que a equipa e eu começámos há 20 anos. Desde as primeiras plantas e as plantações experimentais na Nicarágua e na Indonésia, até ao cultivo final no solo das regiões de Cauca e Caldas, na Colômbia. Provar este café fantástico foi uma verdadeira experiência extraordinária e faz-me sentir humilde ter feito parte do desenvolvimento de uma variante completamente nova e exclusiva, uma variedade única de Arábica plantada em dois terroirs únicos.
Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como é que gere a comunicação com eles?
Sim, tenho uma equipa incrível com quem trabalho. É uma equipa extremamente ágil, profissional e inovadora. Uma boa equipa é fundamental para o sucesso e nós confiamos uns nos outros. A equipa é jovem e está pronta para aceitar novos desafios. Para nós, a mesa de café é a nossa sala de reuniões, é aí que discutimos e desabafamos. Raramente nos veem numa sala de reuniões "normal".
Costuma fazer pausas no trabalho? Para quê?
Sim, e mesmo que passemos o dia a saborear café, bebemos um bom nos intervalos. Às sextas-feiras ouvimos música em conjunto com a equipa, o que nos deixa felizes e mais inspirados e ajuda a reduzir a pressão da semana.
Para de trabalhar para almoçar? O que é que costuma comer e onde?
Sim, temos um restaurante no nosso centro de I&D. A pausa para almoço é uma boa oportunidade para conversarmos de forma mais informal. Depois do almoço, tomamos sempre um café, acompanhado de um chocolate.
Como é que lida com possíveis críticas e elogios ao seu trabalho?
É algo que se torna mais fácil com o passar dos anos. Penso que as críticas construtivas são ótimas para melhorar e, claro, a competição é um desafio para melhorar e ir mais além.
O que diria sobre a ideia que as pessoas com quem interage profissionalmente têm de si?
Não é fácil responder a esta questão, mas penso que me consideram um verdadeiro especialista em café. E um pouco otimista com o tempo. Mas preciso sempre que a equipa me complemente com uma boa estrutura.
Preocupa-se com as redes sociais ao longo do dia?
Não, nem por isso. Às vezes é divertido ver imagens no Instagram.
Tem passatempos ou atividades que pratica regularmente?
Gosto muito de carros antigos. Na Colômbia, tenho dois carros antigos que estou a renovar - um Willys 52 e um Renault 72.
A que horas costuma terminar a sua atividade profissional?
A minha mulher diria que nunca.
Costuma "levar" trabalho para casa?
Tento não o fazer, mas o meu interesse pelo café não se vai embora com o trabalho, esta paixão está sempre comigo.
Costuma falar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?
Falo com a minha mulher, que também trabalha na Nespresso. Mas tentamos não falar muito sobre o trabalho e falar mais sobre as nossas famílias.
Viaja frequentemente no âmbito das suas atividades profissionais?
Sim, é necessário para a inspiração, motivação e inovação. Também é importante viajar com a minha equipa, é uma forma de a equipa crescer – é preciso ver onde tudo começa. É essencial conhecer os agricultores, mas também ver a natureza, as plantas, os terrenos agrícolas, etc. Considero importante aprender espanhol, sendo que é fundamental poder interagir realmente com os agricultores na sua língua local e não através de um tradutor, o que permite uma melhor ligação humana e emocional.
Há muita diferença entre os dias de semana e os fins-de-semana?
Sim, sem dúvida, o fim de semana é o momento para pensar e refletir, para abrir a mente. Para mim, o melhor é estar ao ar livre ou a viajar. Isso ajuda-me a obter inspiração.
Quais são os seus hábitos gastronómicos? Horários e exemplos de menus?
Somos colombianos, por isso durante os fins-de-semana tentamos comer algo típico da Colômbia quando encontramos alguns dos ingredientes típicos de lá aqui na Suíça.
O que é que fazem antes de ir dormir?
Vejo as notícias na televisão, leio um bom livro ou falo com a minha família.
A que horas se costuma deitar e quantas horas costuma dormir?
Normalmente deito-me por volta das 23:30 e depois acordo cedo, por isso provavelmente não é suficiente.
Como é que mantém um equilíbrio entre a sua vida pessoal e profissional?
Trabalho com aquilo de que gosto e que é a minha paixão, e acredito que isso é um bom começo para viver em equilíbrio.
Vê-se a ter outra profissão?
Não, eu adoro trabalhar com café. Mas tenho uma quinta de café na Colômbia, talvez um dia me reforme e vá para lá.
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