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A vida de McAfee, fundador do conhecido antivírus, que pôs fim à vida na prisão

Controverso e polémico, visto como génio por uns e até como louco por outros, John McAfee morreu numa prisão em Barcelona, pouco depois de saber a sentença que lhe foi ditada pelo tribunal. Eis os acontecimentos que podem ter estado na origem do aparente suicídio do milionário e empresário britânico.

Foto: Getty Images
25 de junho de 2021 | Rita Silva Avelar
Foi uma das primeiras pessoas a projetar um software de antivírus e a desenvolver um scanner de vírus, foi o responsável por criar o programa antivírus que tornou o seu nome famoso. Com uma imagem promocional em tons de vermelho e branco, qualquer pessoa que tenha vivido a revolução digital conhece este famoso software, que deixou de estar nas mãos do empresário em 2010, quando a sua empresa foi adquirida pela Intel.

Na passada quarta-feira, 23 de junho, John McAfee foi encontrado morto na sua cela, em Espanha, onde estava em prisão preventiva a aguardar uma decisão do tribunal. O incidente, que tudo aponta ter sido um suicídio por enforcamento, acontece poucas horas depois da audiência de extradição para os Estados Unidos, onde McAfee era procurado por acusações criminais relacionadas com impostos, que ditaram uma sentença de prisão de até 30 anos. Tinha uma dívida de mais de quatro milhões de dólares aos EUA, apesar de ter assegurado ter pago "milhões de dólares em impostos" e dizer ser vítima de uma perseguição política por ter denunciado corrupção na agência tributária norte-americana, avança a Lusa.

Através de um comunicado divulgado pelo departamento de justiça catalão, soube-se que os agentes penitenciários e médicos tentaram salvar a vida de McAfee, então com 75 anos, sem sucesso. "Funcionários judiciais foram enviados para a prisão e estão a investigar as causas da morte", informa o comunicado, onde ainda se lê que "tudo apontou para morte por suicídio".

Desde que fez fortuna nos anos 80 com o software que ainda leva seu nome, McAfee tornou-se conhecido pelo seu comportamento cada vez mais errático, e gabava-se de ganhar 2 mil euros por dia com o mercado das criptomoedas. Em outubro passado, foi preso no aeroporto El Prat de Barcelona, quando estava prestes a embarcar para Istambul. 

A prisão do empresário ocorreu um dia depois de as autoridades terem tornado pública uma acusação norte-americana por supostas infrações fiscais, avança o jornal The Guardian. Em causa estaria uma fuga aos impostos, depois de não ter relatado a receita obtida com os negócios das criptomoedas, infrações que aconteceram entre 2016 e 2018

A vida pessoal da McAfee também foi discutida em praça pública por estar muitas vezes envolta em polémica. Tentou duas vezes a candidatura à presidência dos Estados Unidos e participou em debates presidenciais do Partido Libertário, em 2016. Praticava ioga, e envolveu-se em negócios tão distintos como o dos aviões ultraleves à produção de medicamentos fitoterápicos, escreve ainda o The Guardian. Era frequente elogiar teorias da conspiração nas redes sociais e tornou-se tema de análise frenética dos media americanos depois de um assassinato não resolvido de um vizinho seu, em Belize, em 2012, sobretudo porque depois do incidente desapareceu durante um mês, e foram encontradas armas em sua casa. Já por várias vezes tinha sido preso ou mantido sob custódia, como quando conduziu com posse de arma ilegal, em 2015, ou quando em 2019 foi libertado de uma prisão na República Dominicana depois de ter sido suspeito de viajar num iate que carregava armas de alto calibre, munições e equipamentos militares.

Por todas estas razões, mas sobretudo por afirmar que o facto de estar "encurralado" na prisão por motivações políticas, a sua morte está envolvida em várias teorias de conspiração. A sua página na Wikipédia afirma que a causa de morte foi assassinato, e h
oras depois de sua morte, uma publicação com a letra Q foi partilhada na conta do Instagram da McAfee. O The Guardian avança que a imagem é provavelmente uma referência ao movimento conspiracionista QAnon.

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