Uma cerveja para celebrar a vadiagem
Mais de uma década de depois de ter chegado ao mercado, a Vadia, marca pioneira do movimento da cerveja artesanal em Portugal, apresentou uma nova imagem, "feita de curvas, desvios e altos e baixos, tal como a vida".
Os apreciadores de cerveja artesanal – e são-no cada vez mais – reconhecem-lhe o nome tal e qual uma marca de água, não só enquanto garantia de qualidade mas também enquanto sinónimo de irreverência e inovação.
Sediada em Oliveira de Azeméis, o nome nasce, aliás, da alcunha dada aos fundadores, Rosa Maria e Nicolas Billard, que no início ficaram conhecidos como "vadios" no seu grupo de amigos, por chegarem sempre atrasados a todos os encontros e jantares, por estarem, claro, a fazer cerveja e daí o nome escolhido – "Sempre gostámos e continuamos a gostar da vida boémia, somos vadios, pronto", justifica com humor Rosa Maria. Foi em meados da primeira década deste século e poucos anos depois, em 2012, que a Vadia chegava finalmente ao mercado, tornando-se uma das marcas pioneiras do então emergente movimento da cerveja artesanal em Portugal. Foi o início de uma história de sucesso, materializada em mais 30 medalhas nos principais concursos nacionais e internacionais (foi aliás a primeira cerveja artesanal portuguesa a ser premiada no estrangeiro) e agora celebrada com uma nova imagem, apresentada esta semana no Museu da Cerveja, em Lisboa.
"Cada cerveja tem agora um rótulo diferente, no qual sobressaem as linhas curvas, agora associadas à nova imagem da marca." Uma linha curva representa altos e baixos, os avanços e recuos, os erros e as conquistas do nosso percurso, tal como a vida de cada um de nós, também ela imperfeita e irregular. No fundo é uma imagem que nos diz que não precisamos de ser perfeitos para sermos felizes", explica Samuel Oliveira, o responsável pelo marketing da Vadia. Nicolas Billard, CEO e fundador da marca sustenta que como "a Vadia nasceu do convívio com os amigos e da paixão pela cerveja", este rebranding "é uma celebração disso mesmo, dos erros e das conquistas do passado e do que nos espera no futuro. Ou seja, "Não é só uma cerveja, é uma afirmação sobre as imperfeições que dão cor à vida".
Natural da Borgonha, este engenheiro alimentar com formação cervejeira chegou a Portugal em meados dos anos 90 e começou logo a fazer cerveja, inspirado pelo vinho da sua região natal, conhecida internacionalmente pelo monocasta Pinot Noir. "Sempre tive o sonho de juntar esses dois mundos, mas quando cheguei a Portugal ainda havia muito pouca cultura cervejeira. Era uma bebida apenas consumida num registo quase de refrigerante, sem qualquer tipo de harmonização com a comida, também devido às poucas opções existentes, que basicamente eram a pilsner e a preta", recorda.
Hoje, graças a marcas como a Vadia, o cenário está bastante mudado, como se constata pelo cada vez maior número de produtores artesanais, o aumento dos bares de cerveja e até a realização de eventos e festivais dedicados a esta "bebida 100% natural", como sublinha Nicolas, feita apenas com cereais, lúpulo, água e leveduras. Um desses eventos é o Casedo, organizado pela própria Vadia em Oliveira de Azeméis. Trata-se de um festival de fermentações, direcionado para um público mais conhecedor, mas também para os pares desta indústria trocarem conhecimentos. Até porque mais do que concorrência, há um enorme entusiasmo entre os membros desta comunidade", assume Nicola, lembrando que "a cerveja artesanal representa em Portugal apenas 0,5 por cento do mercado" e tem portanto ainda muito para crescer.
"Há imensos tipos de cerveja artesanal e, por não se gostar de um, não quer dizer que não se goste dos outros. Queremos convidar os consumidores a conhecer mais sobre cerveja e, pouco a pouco, levá-los a viver novas experiências gastronómicas, durante e fora das refeições, para perceberem a imensa variedade oferecida por esta bebida milenar", acrescenta Nicolas, que é também o Mestre Cervejeiro da marca. "Devido a esta variedade quase infinita continuo a aprender todos os dias, pelo que o estatuto de mestre talvez só o consiga realmente obter quando tiver 100 anos", diz com humor.
Atualmente a Vadia conta com 11 referências contínuas no seu portfólio, o que contando com as edições especiais ascende a mais de 30 cervejas diferentes lançadas anualmente. Além disso produz também outros produtos como sidra (feita em parceria com Universidade de Aveiro, com um sub-produto da maçã que antes era deitado ao lixo), refrigerantes ou até um licor de cerveja, trabalhando também para clientes externos, como o estrelado chef Alexandre Silva, para quem criaram uma cerveja exclusiva. "O pioneirismo e a inovação estão no nosso ADN e esta nova imagem serve também para explicar melhor a história e os valores da marca", destaca Samuel, antes de dar a conhecer outra novidade, mas desta vez no copo: a nova cerveja Imperativa, "uma Imperial Stout de cor castanho-escura, espuma cremosa de tom castanho-claro e aromas intensos a café, torra e cacau, complementados por subtis notas de baunilha e fumo". Uma cerveja totalmente de acordo com a irreverência e inconformismo que desde caracterizaram esta marca, que mais de dez anos passados continua a desafiar-se a si e aos consumidores, porque afinal "é sempre tempo de vadiar".
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