Macallan Harmony Collection, uma nova experiência de beber whisky e café
“Era um café e um whisky, por favor!” A frase, tantas vezes repetida, ganhou um novo significado graças à Macallan, que apresentou um whisky Intense Arabica, inspirado no café.
A Maccallan não precisa de grandes apresentações. Os seus single malte de Speyside estão entre os mais conceituados do mundo, e mesmo o seu whisky de entrada, o Double Cask de 12 anos, funciona quase como um benchmark para outras marcas. As edições especiais, essas, quebram recordes em leilões − incluindo o Macallan 1926, vendido por 1,9 milhões de libras em 2019. Só uma garrafa. Mas mesmo nas prateleiras das lojas (da especialidade) não é raro os maiores admiradores gastarem milhares de euros num whisky.
Leva-nos esta introdução para a mais recente novidade da marca, o Harmony Collection Intense Arabica, um single malt inspirado no café que, felizmente (ainda) não chega a esses valores. Mas é definitivamente um whisky muito exclusivo – o preço recomendado pela Macallan é de 280 euros, sendo que esse valor já foi largamente ultrapassado nos revendedores. A Garrafeira Nacional, por exemplo, está a vender a 699 euros, e há outros ainda mais caros.
Como o nome avisa, este Harmony Collection Intense Arabica tem, então, essa ligação ao mundo do café, o que lhe confere umas notas muito próprias e diferentes. A ideia partiu do Whisky Maker (uma espécie de enólogo) da Macallan, Steven Bremner, notando que alguns dos barris guardados ofereciam notas de café muito mais evidentes do que noutros. De facto, esta é já a segunda edição da Harmony Collection, sendo que a primeira foi lançada o ano passado e celebrava o mundo do cacau.
Steven Bremner não se limitou, no entanto, a escolher alguns desses barris, antes embrenhou-se a fundo na produção do café, procurando compreender cada etapa, do campo até à chávena, e dando obviamente especial atenção a todos os aromas e sabores libertados. Rodeou-se dos maiores especialistas e concentrou-se sobretudo na Etiópia, considerada o berço do café (que terá nascido na região de Kaffa). Descobriu também – como presumimos que já desconfiava – as similitudes entre uma bebida e a outra, e de volta às caves procurou então as barricas que melhor representavam todo esse espírito do café que tinha aprendido. Procurou entre as barricas de carvalho europeu, que transmitem elementos mais ricos, como num expresso, mas também entre as barricas de carvalho americano, que trouxeram notas um pouco mais doces e suaves, como baunilha. Em todas tinham estagiado vinhos de Xerez.
Essa união transatlântica conferiu um maior equilíbrio ao whisky, sendo possível sentir essas nuances no copo. Nada de muito evidente, mais como algo que se vai deixando perceber… Igualmente agradável foi fazer harmonizar este Intense Arabica com diferentes tipos de café. Foi possível fazê-lo num jantar organizado pela Macallan – no bonito restaurante Erva, do Hotel Corinthia, em Lisboa – tendo a equipa escolhido dois tipos de café: Harrar e Guji. Ambos etíopes evidentemente, e disponíveis para quem procurar online. O primeiro muito mais seco e intenso, de acidez muito viva, e o segundo mais floral. Foi interessante perceber como ambos faziam sobressair as suas melhores características no whisky, e como este, por sua vez, "abria" os cafés. Nós, portugueses, percebemos perfeitamente a boa união que café e whisky fazem – por isso é que os pedimos tantas vezes "um café e um whisky, faz favor!" − mas este Macallan elevou a experiência para todo um outro nível.
Nota ainda para a embalagem, nada de muito luxuoso, ou bling, como se poderia esperar num whisky deste valor, mas antes uma embalagem muito discreta e feita exclusivamente com materiais reaproveitados e reciclados, incluindo cascas de grãos de café. A ideia, parece-nos, é ajudar este planeta A para que possa continuar a oferecer-nos bom café e melhor whisky.
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