7 novos vinhos de duas velhas quintas no Douro. Estes tem mesmo de provar
Carvalhas e Boavista são duas das mais históricas e extraordinárias quintas no Douro, e trazem muitas histórias novas para contar… ou melhor, provar.
Por mais atrás que se remonte na história do vinho, no Douro, é impossível não tropeçar na Quinta da Boavista. Ao longo dos séculos a propriedade manteve uma sólida reputação de produzir dos melhores vinhos do Douro, e passou por mãos importantes, como os Fladgate ou o Barão de Forrester, que já fazia da quinta sua casa, mesmo antes de a adquirir. Toda esta gente, e muitos mais, trataram de plantar e cuidar das vinhas, de acrescentar outras quintas hoje indissociáveis ao nome, caso da Quinta do Ujo, até chegar agora às mãos da Sogevinus, que detém marcas como a Kopke, Calém, Barros ou Burmester.
E sim, o nome não surge por acaso, e a Boavista oferece mesmo uma vista espetacular para o vale. Por isso, não estranhe se perante esse cenário alguém decidir brincar com as palavras de Fernando Pessoa e sair-se com um "Boa é a vista, mas melhor é o vinho".
Até porque é de bons vinhos que vamos falar, começando pelo Quinta da Boavista Vinha do Levante, o primeiro branco da quinta ou, na realidade, a segunda colheita, do primeiro branco da quinta.
Quinta da Boavista, Vinha do Levante, Branco, 2021
A Vinha do Levante foi plantada recentemente (2007) em patamares, com castas brancas, aproveitando uma zona virada a nascente, logo, mais protegida dos raios de sol da tarde − o que ajuda a potenciar a acidez do vinho. E disso, esta colheita de 2021 está muito bem servida, até pelas castas, Viosinho e Arinto, na proporção de 30% 70%. Tem notas de fruta amarela, corpo e cremosidade, também, porque o Arinto permaneceu em maceração pelicular antes de ser prensado. As duas castas estagiaram em madeira durante um ano e o vinho mais um em garrafa. Preço: 35 euros
Vinha do Oratório e do Ujo
São as duas vinhas ex-libris da Boavista. A do Oratório impressiona com os terraços que chegam a atingir oito metros de altura, e na do Ujo preservam-se ainda os patamares pré-filoxéricos. Em qualquer dos casos, falamos já de vinhas praticamente com 100 anos, e um field blend que ultrapassa a vintena de castas em cada. Como não são as mesmas, os vinhos têm uma alma própria. O Oratório é mais encorpado e o Ujo mais fresco. Diferentes entre si, mas extraordinários ambos. Preço: 125 Euros
Boa-Vista Donzelinho 2021, Touriga Franca 2020, Touriga Nacional 2020, Reserva Tinto 2020
A Sogevinus apresentou ainda os novos Boa –Vista, com destaque para o Donzelinho Tinto, um excelente representante da casta, que supera em elegância o que lhe falta em cor. Sofisticado e gastronómico. Destaque também para o Touriga Francesa e para o Reserva, uma espécie de best of da Quinta, com 25% de cada uma das tourigas, 25% de Tinto Cão e 25% das Vinhas Velhas. Reserva 45 euros, outros 28 euros.
Quinta das Carvalhas
"As Carvalhas, para um enólogo", brinca Jorge Moreira, "são como a Disneylândia para uma criança. Tem tudo e em bom." De facto, na mais velha propriedade da Real Companhia Velha − herdeira dessa "Companhia Geral de Agricultura" instituída pelo Marquês de Pombal, que criou a mais antiga região demarcada do mundo − vamos encontrar vinhas em altitude, a 400 metros, e plantadas mesmo em cima do rio. Vamos encontrar exposições ao sol a norte, nascente, poente e até a sul. Vamos encontrar mais de 20 parcelas com 2 ou 3 hectares, plantadas com diferentes castas autóctones, um "centro de estudo" como não existe outro no Douro. E vamos ainda encontrar um património vasto e diversificado de vinhas com mais de 90 anos, em diferentes micro terroirs, pelo que era uma pena desperdiçar todo esse património em dois vinhos apenas – um branco e um tinto. Assim nasceram, primeiro, os monocastas Tinta Francisca e Touriga Nacional, e agora chegou a vez de adicionar um micro terroir, a Vinha do Eirol, e um Reserva.
Quinta das carvalhas Vinha do Eirol, 2021
A Vinha do Eirol é uma das parcelas centenárias da quinta. Virada a poente, quase de frente para a Quinta de La Rosa, e a 380 metros de altitude − o que explica, em parte, o perfil muito fresco do vinho. Tem uma mistura de castas autóctones, em percentagens indefinidas, embora com alguma primazia de Rufete. É um vinho naturalmente complexo e expressivo, de cor clara e suave, totalmente em oposição aos vinhos mais encorpados e com muita extração que se faziam até há pouco tempo. O que descobrimos agora, que conhecemos melhor estas vinhas velhas, é que este perfil de frescura era também o que os muito antigos procuravam. Esteve para ser incluindo em lote de outro vinho que não chegou a nascer, e ainda bem, porque merece brilhar a solo. Preço: 50 euros
Quinta das Carvalhas Reserva 2021
Também perceberam que as Vinhas Velhas das Carvalhas podiam ainda fazer mais um lote, desde que ajudadas por outras menos antigas, mas já maduras, casos da Touriga Francesa e Touriga Nacional. É assim que nasce este vinho de lote, mais encorpado do que a Vinha do Eirol, mas ainda com grande frescura. Muito equilibrado e excelente acidez, não chega a alcançar a complexidade do Vinhas Velhas, mas também não custa o mesmo. Um excelente segundo vinho que representa muito bem esta quinta. Preço: 30 euros
Quinta das Carvalhas Vinhas Velhas 2020 e Quinta das Carvalhas branco 2022
O Vinhas Velhas representa a máxima expressão das Carvalhas, e resulta de três parcelas diferentes, todas viradas a norte e com menor exposição solar. E mais ou menos da mesma idade, prestes a celebrar o centenário. É um vinho especial, perfumado e intenso, com notas de frutos do bosque e tojo, macio e encorpado. Original. O branco resulta de duas vinhas de altitude (470 e 480 metros) de Gouveio e Viosinho. É austero, de acidez marcante, embora com um toque frutado. É bem equilibrado e um final looongooooo que vale bem a pena repetir. Preço: VV 65 euros, Branco, 30 euros.
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