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Renault Austral. Será este o Carro do Ano em Portugal?

Sim, sim, cortesia de um júri de jornalistas portugueses que recentemente o elegeu como o melhor modelo a aparecer cá no burgo em 2022. Fomos ver porquê.

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06 de abril de 2023 | Luís Merca

Carro do Ano?

Em Portugal, o prémio chama-se "Seguro Directo Carro do Ano / Troféu Volante de Cristal 2023" (uuufff, mais um bocadinho e passava-se a 2024). Este ano celebrou-se a sua 40ª edição. Não confundir com o Carro do Ano internacional, quer na vertente mundial, quer principalmente na europeia, que este ano elegeu o Jeep Avenger, o primeiro elétrico da marca americana e a sua estreia na conquista do galardão. A ele iremos num futuro muito próximo. Obviamente que, entregue no início do ano civil, o prémio nacional refere-se a modelos lançados no nosso mercado no ano transacto e que as marcas decidem inscrever à votação.

Austral, o que é isto?

O nome vem do latim australis e significa "do Sul". Trata-de de um SUV compacto pertencente ao que o mercado convencionou chamar de segmento C, uma nomenclatura que provavelmente tenderá a cair em desuso, tal a evolução que o automóvel vem registando nos últimos tempos. SUV porque, evidentemente, é a arquitectura da moda. Em termos práticos, na gama Renault o Austral substitui o Kadjar, um modelo que nasceu torto e nunca se endireitou – aqui em Portugal, claro, onde foi vítima, imagine-se, das portagens de auto-estrada. Peculiaridades do mercado cá do retângulo.

Decididamente desportivo e dinâmico, o Renault Austral faz outra concessão às modas, neste caso a dos veículos elétricos e (como no caso patente) eletrificados. Baseado na plataforma CMF-CD, que partilha com o Arkana e com o Mégane E-TECH (mais o "primo" japonês Qashqai), e ainda com o recém-apresentado novo Espace, o Austral apresenta uma gama de motorizações híbridas ditas mild e full, sem no entanto recorrer à opção plug-in. É uma decisão do construtor do losango (agora redesenhado para parecer... retro), que até poderia indiciar não estar muito à vontade com a tecnologia de ligar à corrente para recarregar a bateria. Nada disso, já que a Renault tem essa tecnologia presente no Captur e no Mégane, e no degrau tecnológico imediatamente seguinte – o dos EV, o "tudo elétrico" – o fabricante francês pede meças a qualquer um dos seus concorrentes e dispõe de um know-how atestado pelos milhares de EV que tem em circulação (vd o Mégane E-TECH que, já aqui dissemos, é uma das melhores ofertas de que o mercado dispõe em relação aos 100% elétricos). 

O design exterior é atlético, sofisticado e elegante.
O design exterior é atlético, sofisticado e elegante. Foto: Renault

Design exterior

"Sensual tech" é a terminologia utilizada pela Renault para identificar os princípios do design do Austral e, bem assim, de toda a sua mais recente gama de crossovers e SUVs. Linhas curvas, uma silhueta sensual e dinâmica, rematadas à frente e atrás com novas assinaturas luminosas: na dianteira, o "C" em LED domina o "rosto", a "face" do Austral, enquanto na traseira uma fina linha, também em LED, percorre quase toda a largura da carroçaria, encontrando a meio o dito losango retro. Um design exterior atlético, sofisticado e elegante, diz a marca, e não há como negar. De tamanho compacto (4.51 m de comprimento por 1.83 m de largura), o Renault Austral é vistoso e não passa despercebido

Ao volante

Antes disso: logo que se abre a porta e se entra lá para dentro, dá ideia que Mr. Sulu estacionou a USS Enterprise em segunda fila – ambiência high-tech até mais não, eletrónica em cada recanto do habitáculo, o interior apresenta-se como um verdadeiro casulo tecnológico (de novo palavras da marca e de novo irrefutáveis). O piloto da nave, perdão, o condutor do Austral vê-se envolvido num "L" digital e torna-se ele também um elemento da eletromania que está por todo o lado no cockpit. A única coisa mais, digamos, analógica é uma manete que se encontra onde se esperaria ver o seletor da caixa de velocidades, e que permite empurrar a cobertura da consola central para trás e para a frente, de novo voltando a fazer lembrar Mr. Sulu a obedecer à ordem de "Warp 2" e "full speed ahead". Espaço, bastante espaço interior, é outra imagem com que se fica, cortesia dos 2.67 m de distância entre eixos, que permitem, por exemplo, fixar o espaço para as pernas dos ocupantes dos bancos traseiros nuns generosos 27.4 cm. Abrindo-se o portão traseiro, depara-se com 575 litros de espaço de bagageira (até um máximo de 1525 litros com os bancos traseiros rebatidos). 

O interior apresenta-se como um verdadeiro casulo tecnológico.
O interior apresenta-se como um verdadeiro casulo tecnológico. Foto: Renault

Por falar em caixa de velocidades, ela é automática e o seu seletor encontra-se na coluna da direção, à direita do volante – também ele de desenho fora do comum, como que um retângulo de pontas arredondadas. O dito seletor em D, acelerador, e os 200 cavalos do conjunto híbrido (motor 1200 cm3 de três cilindros + elétrico) projetam-nos à aceleração e velocidade q.b., ou seja, não é um foguete mas também não é um caracol. Aliás, toda a condução deste Austral, não permitindo muitos quilómetros em modo 100% elétrico, se centra à volta do equilíbrio, do compromisso entre utilizar o motor de combustão interna de tal forma que se possa desfrutar o máximo possível do silêncio do motor elétrico. Parece paradoxal, mas a verdade é que funciona.

O consumo de gasolina acaba por ser bastante aceitável: fizemos 6 litros aos 100, só porque acelerámos mais fortemente aqui e ali, porque... porque sim, mas os 4.7 litros indicados pela marca são perfeitamente atingíveis mediante um pé mais ligeiro. As emissões de CO2 ficam-se pelos 105 g/km, o que é, enfim, se não muito ecológico, pelo menos amigo q.b. do ambiente. O comportamento em estrada é bastante são e, apesar do 1.64 m de altura, nunca se sente aquele efeito de rolamento da carroçaria em curva, quase como um barco à vela a inclinar o mastro. Destaque para o sistema 4CONTROL – o das quatro rodas direccionais – que faz maravilhas nas curvas mais apertadas e de menor velocidade, sentindo-se também uma suavidade e um comportamento neutro dignos de registo nas curvas longas de auto-estrada, percorridas a (bastante) maior velocidade. 

Contém uma bagageira com 575 litros de espaço (até um máximo de 1525 litros com os bancos traseiros rebatidos).
Contém uma bagageira com 575 litros de espaço (até um máximo de 1525 litros com os bancos traseiros rebatidos). Foto: Renault

É mesmo o melhor carro do ano?

Calma, já lá iremos. Com os preços a começarem nos €34207 da versão mild de 140 cavalos e a irem por aí acima até aos €46850 do full hybrid de 200 cv que testámos, não se pode dizer que o Renault Austral seja, vá lá, barato. Talvez nem o possa ser, tal a tecnologia embarcada logo desde a versão-base. Mas quando comparado com a concorrência, chega-se à conclusão que sim, é suficientemente competitivo ou, pelo menos, fica na média da oferta atual do mercado. Dito isto, a pergunta repete-se: o Renault Austral é o melhor carro do ano? A impressão que deixa é largamente positiva, e tudo indica que sim. Mas sem ter experimentado todos os outros concorrentes ao galardão nacional, torna-se difícil dar uma resposta cabal. É que isto das respostas é como as cervejas: provavelmente.

Saiba mais Drive, Carro, Renault, Austral, Carro do Ano, Portugal, Mégane E-TECH
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