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Mé-ha-ri! Ci-tro-ën!

Há 55 anos, em pleno maio de 68, a Citroën lançava uma versão ainda mais utilitária do já bem utilitário “dois-cavalos”: o Méhari. Leve, espartano, simples e barato, com capota, sem capota, ele era jipe, era camião.

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19 de maio de 2023 | Luís Merca

Um pouco de História não faz mal a ninguém

A 16 de maio de 1968, Paris ainda não estava a arder, mas os paralelepípedos das ruas já voavam por cima das barricadas. Fez há poucos dias 55 anos, era apresentado no Campo de Golfe de Deauville (convenhamos que um local e um desporto, digamos, algo bourgeois para os tempos que se viviam) o Citroën Méhari. O nome vem do árabe "mahariy" e identifica o dromedário, o "camelo de uma só bossa", nativo do Norte de África e com uma larga utilização ao longo de todo o Sahara. 

Citroën Méhari verde.
Citroën Méhari verde. Foto: Citroën

Simples e barato

O conceito do Méhari era a simplicidade. E o preço competitivo, bem entendido. Baseado no châssis do Citroën 2CV, e partilhando a mesma suspensão independente e o motor (o dois cilindros boxer de 602 cm3 e 29 cavalos), o Méhari era fabricado em ABS, um tipo de plástico com "memória", o que lhe permitia absorver as amolgadelas – a muito baixa velocidade, claro – regressando à sua forma inicial. A carroçaria era modular e composta por apenas 11 (onze) peças, facilmente desmontáveis e reparáveis. Podia-se, por exemplo, retirar as duas portas, acrescentar dois bancos atrás (elevando a capacidade para quatro passageiros), transportar diversos tipos de carga, tudo isto em qualquer altura do ano e independentemente das condições climatéricas – sim, embora o Méhari fosse tecnicamente uma pick-up descapotável, a chamada capota de inverno permitia-lhe enfrentar – com um nível de conforto "flutuante", vá – as quatro estações do ano. Manutenção? Simples e barata. Lavagem? À mangueirada, claro, quer no exterior, quer no interior: não havia cá tapetes, estofos e outros têxteis a proteger da água, nem eletrónica (eletro-quê?) a poder entrar em curto-circuito. Catálogo de cores? Nada de complicado: os pigmentos misturados na formulação do ABS iam do amarelo ao vermelho, de dois tons de verde a outros tantos de bege, do laranja ao ciano. E como os raios UV atacam a cor do ABS, muitos Méhari iam ficando "desbotados" ao longo do tempo. 

Citroën Méhari descapotável.
Citroën Méhari descapotável. Foto: Citroën

Versões e edições especiais

Versão, no singular: sendo um 4x2, tração à frente, o Méhari recebeu uma versão 4x4 entre 1979 e 1983. Distinguia-se no exterior por ter a roda sobressalente deitada sobre o capot. Desta versão foram vendidas bastantes unidades para os exércitos francês e irlandês, bem como para corporações de bombeiros e Cruz Vermelha. 

Quanto às edições especiais, no plural, porque foram duas e ambas vendidas em Portugal: o Méhari Plage, com um visual que evocava os meses de férias e uma vistosa cor amarela; e o Méhari Azur, de temática náutica e do qual apenas 700 unidades foram produzidas. 

Versão Citroën Méhari Azur.
Versão Citroën Méhari Azur. Foto: Citroën
Simbolo Citroën Méhari Azur.
Simbolo Citroën Méhari Azur. Foto: Citroën

Por falar em produção...

O Citroën Méhari foi fabricado ao longo de quase 20 anos, entre 1968 e 1987, num total de 144.953 unidades. A maioria saiu da fábrica Citroën de Forest, na Bélgica, mas também foi produzido noutras unidades fabris da marca em França, Espanha e Portugal: da fábrica de Mangualde saíram, entre 1969 e 1983, 19.749 Citroën Méhari. 

Citroën Méhari branco.
Citroën Méhari branco. Foto: Citroën
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