Nova loja Minotti. De Milão para Lisboa, os designers Inoda + Sveje
A marca icónica de design italiano, que acaba de inaugurar uma loja no Chiado, em Lisboa, escolhe com pinças as suas cidades de coração, e os artistas que desenham as suas peças pensadas para casas de sonho. Fomos a Brianza entrevistar a dupla de designers que faz brilhar as novas peças.
No showroom da Minotti em Brianza, que fica estrategicamente na rota de charme do norte de Itália que liga Milão e o Lago di Como, a luz entra pelas grandes janelas e cria nichos perfeitos de design de interiores que se sucedem como se estivéssemos numa grande mansão com várias salas contíguas que não se atropelam entre si - antes se complementam, belas e sofisticadas. Luz e sombra em doses equilibradas, a evidenciar as formas, as cores e os materiais que ganham vida e sensorialidade, irresistíveis como as idealizou o seu conhecido diretor artístico Rodolfo Dordoni, que trabalha para a marca desde 1997, como para outras grandes como Dolce & Gabbana, e foi o arquiteto deste espaço. Também são dele um sem número de sucessos da marca como o sistema Connery and Blazer, o inovador Roger e o modular mais recente, o super confortável Goodman, e também são dele inúmeras coleções de pequenos sofás e cadeiras, mobiliário de exterior, as mesas Penthouse, Terrace e Marvin, pequenas mesas de apoio, aparadores e estantes e até camas.
Conhecida pelas linhas muito belas de sofás, nos quais pode viver uma família inteira em grande estilo e conforto, a Minotti soube trilhar um caminho raro, consistente e incontornável na grande escola do design italiano. Por isso, está presente no nosso imaginário e, claro, um dos seus segredos é escolher bem os artistas que convida para o seu catálogo, e os espaços e parceiros que vendem a sua marca. Em Portugal são representados pela Quarta Sala, uma parceria tão feliz que levou a família Minotti a abrir uma loja monomarca na capital portuguesa com o olho clínico e de bom gosto de Clemente Rosado e Pedro d'Orey, numa esquina no largo de São Carlos e, mais uma vez, grandes janelas para a rua.
Como não poderia deixar de ser, as coleções Minotti são assinadas por um elenco de luxo como o japonês Nendo, os dinamarqueses GamFratesi, o francês Christophe Delacourt ou o brasileiro Marcio Kogan, agora é a vez da dupla Inoda + Sveje fazer brilhar a Minotti no seu jeito silencioso. Donos de uma afamada galeria de design em Milão onde dão espaço à expressão dos pequenos artesãos, assumem que gostam de discutir a qualidade do design e trabalham-no com uma estética escandinava e o saber made in Italy. Entraram para a marca em 2022 e é deles a nova cadeira estrela da companhia, na qual é evidente o seu talento para a madeira esculpida em linhas orgânicas e minimalistas, uma poesia nórdica, mas também japonesa, as duas almas deste casal.
Desenharam "uma coleção mais orgânica e cosy, menos arquitetura, em que a tecnologia e o ergonómico trabalham o conforto do design escandinavo. E é ao sentar que o sentes, não basta olhar", explica-nos Sveje o designer dinamarquês, no seu jeito blasé e elegante, recostado na sua nova lounge chair, um equilíbrio entre a cadeira de jantar e o relaxamento total. "Quisémos tirar o peso do material, e dar uma impressão sharp, mas feita de linhas leves", acrescenta Inoda, mais lacónica e reservada. E já que a Minotti é especializada em estofamento, claro, é a sua história, quiseram dar carácter à forma e explorar a "almofada": "O design parte sempre das capacidades e da manufatura, e a única forma respeitar uma marca é falar com os seus especialistas, e trabalhar a partir daí, depois a nossa linguagem liga os pontos e surgem as formas, e é difícil fazer a transição entre a ideia romântica do saber fazer, o toque da origem das coisas e dos materiais e partilhar esta sabedoria com as ideias do mobiliário moderno", remata o designer.
Pelas suas origens, foi natural "desenharem coisas que sentes serem familiares, embora não seja assim tão simples", ri-se Sveje, "por isso ainda usamos a palavra minimalismo. Mas o minimalismo existe na natureza, usar os recursos mínimos para ter as coisas feitas é a linguagem da natureza e, por isso, seguimos as suas regras, o reconhecimento da curva", diz, e depois é juntar-lhe uma ideias bem mais diáfana: o refinamento japonês. Afinal, estão juntos, no design como na vida, há 20 anos. E passam uma boa parte do tempo a discutir valores, horas a trabalhar no conceito antes de elaborar um só desenho. Trabalharam tantos anos em design técnico que criaram uma disciplina, mas também descobriram que adoram desenhar mobília, sorte a nossa: "Mas não queremos ser os designers crazy, as revoluções são pequenas, são evoluções."
Vocês vêm de um design mais técnico, desenhar para a Minotti foi como uma brisa de ar fresco que vos libertou de quaisquer limitações?
Sim, o nosso background de design industrial de produtos tecnológicos é, de certa forma, diferente, mas também temos muita experiência de trabalho com artesãos no Japão e na Índia. A Minotti é uma mistura maravilhosa de artesania tradicional, novos materiais e tecnologia, por isso é uma grande oportunidade para nós, para usarmos todas as nossas habilidades.
Nesta vossa nova coleção cruzaram o saber fazer made in Italy com o design escandinavo, porque quiseram trazer este último para o centro das vossas formas e propostas, o que tem de tão especial?
Tem os valores que nos interessam, as formas graciosas mas não extremamente ornamentadas, o mobiliário torna-se muito próximo, íntimo até, quando o usas, e este contacto próximo é melhor apreciado com materiais "vivos" e de qualidade; e o processo de manufactura tem de ser um forte guia para que qualquer peça de mobiliário seja um sucesso. Todos estes valores têm sido levados a cabo pelo movimento de mobiliário moderno dinamarquês (como por outros). Provavelmente o facto de um de nós ser dinamarquês também conta.
E onde está o charme japonês, ou onde quiseram que estivesse, num certo refinamento?
Correto, o Japão fez-nos compreender que os detalhes podem ser refinados numa escala mais rica do que antes julgávamos ser possível, o que também está a par de uma produção optimizada para a melhor qualidade, e não para o baixo custo. Nós gostamos de usar o progresso tecnológico para refinar os processos já existentes, não para substitui-los ou cortar custos com um produto menor.
A leveza é um valor que quiseram trazer para a marca? Porquê? Qual a sua importância, no design como na beleza?
A leveza é uma forma de exprimir dinâmicas (movimento e forças), o equilíbrio certo entre o instável e o estático dá caráter ao mobiliário. Nós vamos buscar a nossa inspiração ao mundo natural.
A Minotti é especializada em estofamento e vocês quiseram brincar com esse talento, desde o início, como é que o fizeram?
É o knowhow da Minotti e é world-class, por isso, para nós era uma grande oportunidade para aprender com o nosso parceiro e sermos capazes de incorporar essa força no nosso design.
O trabalho dos artesãos é muito precioso para vocês, e pode dizer-se que o vosso design nasce das suas mãos, as vossas ideias também fazem o mesmo trajeto, isto é, inspiram-se na artesania?
A base do nosso método é desenhar para um contexto, compreendendo o lado único e inédito da manufatura e dos processos que implica, e desenhar especificamente para esse contexto.
Ouvi-vos dizer que passam horas a discutir os valores e o conceito antes de desenharem uma linha do objeto sequer.
É um processo que temos desenvolvido ao longo dos anos, em parte porque a fase conceptual é onde alocamos mais recursos, e com isto quero dizer que tomamos decisões que têm o maior impacto nos custos, mesmo antes de lhes dar forma, por isso é bom que tenhamos certezas. E em parte também porque nenhum de nós fala a sua língua materna durante o processo. A força desta abordagem é que, quando acabamos de conversar, temos um entendimento comum e partilhado de todos os valores que queremos que estejam presentes nas peças de mobiliário, assim como a sua descrição verbal, e depois começamos a desenhar seguindo como referência este conjunto de valores que queremos expressar, tanto na forma como nos detalhes.
A ligar todos estes pontos estará o maior, e talvez o mais difícil, que é o exercício de estilo.
A maior parte do "estilo" surge nos processos de manufatura, porque se o estilo não for representativo de um processo não irá sobreviver muito tempo, por isso, ao longo das linhas e dos moldes, andamos sempre mais perto de questões como: que material queremos aplicar aqui? E que truques podemos aplicar aqui para enriquecê-lo, utilizando um processo aplicado? E o resultado será, muito provavelmente, considerado um estilo. Acreditamos fortemente que o processo de evolução pode trazer-nos qualidades de fontes múltiplas e variadas (ou gerações) e assim estar sempre acima de qualquer revolução de um Homem só. Por esta razão, nós esforçamo-nos para usar técnicas modernas em conjugação com a artesania tradicional, para que não se perca a nossa herança e ter sempre uma referência qualitativa.
A pergunta clássica, mas que tem de ser apresentada: onde vão buscar as vossas ideias? Onde se inspiram, na cultura visual, nas cidades, na grande Natureza?
Resposta curta: os materiais e o processo dão-nos a forma, as referências para a forma e para as proporções vêm da Natureza à nossa volta.
Vocês já estão juntos há 20 anos, acreditam que o estilo nunca é verdadeiramente datado, assim como as boas equipas? Onde se encontram e o que vos separa?
Como casal podemos lutar sobre qualquer coisa ordinária da vida, mas não sobre o bom design. Nós confiamos nele e na habilidade de cada um para compreender o bom design, e não temos qualquer interesse em forçar o outro ao que quer que seja, mas sim em refinar, em ganhar uma aprovação. Nós encontramo-nos muito quando desenhamos e também quando viajamos.
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