Um dia na vida de…Anna de Brito
Co-fundadora do projeto Terramay e do festival “Soil to Soul”, e a viver no Alandroal, esta mulher de sete ofícios inaugura a nova rubrica da MUST.
Anna de Brito trocou a vibrante Berlim, onde nasceu, pelo pacato Alandroal no Alentejo. Mudou-se com o marido português David de Brito e, em conjunto com o sócio e amigo, o suíço Thomas Sterchi, dedicaram-se por completo ao projeto Terramay. Uma quinta nas margens do Alqueva com 562 hectares que adota o conceito de terra mãe assumida pelos próprios como a casa e o sustento dos cavalos, vacas, porcos, cabras, ovelhas, galinhas e abelhas. E muito mais.
A que horas se costuma levantar?
Às 6h30 da manhã. Começo com 30 minutos de pilates/meditação, tomo um duche e acordo os meninos às 7h30, num dia perfeito [risos].
O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordada?
Gosto de começar o meu dia com um momento de pilates. Ajuda-me a respirar, encontrar o meu ritmo, refletir e pensar nos desafios que o dia vai trazer.
Qual é a sua rotina quando se levanta?
No verão, cerca de 20 minutos de pilates na piscina e saltar lá para dentro. No inverno, pilates e banho frio.
Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?
Café duplo! E os restos do pequeno-almoço dos meus três filhos.
Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?
Costumo andar a cavalo pelo menos três vezes por semana. O desenvolvimento do conceito da "Terramay Experience" – e a equitação é um elemento importante – faz parte do meu trabalho, portanto tenho sorte.
Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, de automóvel, de transportes…
A pé e de cavalo. E de carro, para o Raya, o nosso farm to beach club na praia fluvial das Azenhas d’el Rei.
Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?
Não considero a minha atividade diária um trabalho, num sentido convencional. Eu simplesmente vivo o meu sonho e, claro, tenho responsabilidades e deveres a cumprir, decisões a tomar e viver com as consequências. Mas esta liberdade é um privilégio. Como dizia um chef conhecido "nunca trabalhei nem um dia durante a minha vida".
A que horas começa a trabalhar?
Às 9 horas.
Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?
Sou cofundadora da Terramay, o projeto da minha vida. A minha responsabilidade diária relaciona-se com as áreas de partnerships, comunicação e direção criativa.
Como gere o seu tempo?
Com calma. É o que o Alentejo me ensinou. Que chegamos aos nossos objetivos devagar.
Como lida com a pressão e o stress?
A lembrar-me do início da nossa viagem, da autenticidade do conceito do projeto e nunca perder a confiança.
Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?
Favorita é desenvolver conceitos únicos, estratégias relevantes e conhecer pessoas interessantes. E menos agradável, lidar com o ego e o oportunismo de alguns.
Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?
Sim, e estou muito feliz por isso. De forma construtiva e sempre muito pessoal. Somos uma pequena família, uma comunidade, e tento dar sempre atenção e ouvidos a todos.
Costuma fazer pausas no trabalho? Para?
Pensar, refletir…
Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?
Sim. Vou para a horta e deixo-me inspirar pelos legumes e frutas sazonais. Agora é a época da fava. Com a nossa equipa do restaurante Raya e no atelier estamos sempre a desenvolver receitas sazonais diferentes. O meu prato favorito neste momento é a salada de favas com morangos da horta, limão e hortelã.
Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?
Com humildade e gratidão. Tento sempre refletir e pôr-me na posição dos outros. Errare humanum est. Nós todos cometemos erros, é normal. No final, é tudo uma questão de intenção. Se a intenção for boa encontram-se soluções. A comunicação é a chave.
O que diria sobre a ideia que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?
Não me interessa muito a opinião dos outros. O meu foco está no desenvolvimento do projeto Terramay e no bem-estar dos meus colegas.
Ao longo do dia dá importância às redes sociais?
As redes sociais são ferramentas importantes de comunicação, mas têm de ter conteúdo relevante.
Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?
"Pool sumo": é uma atividade diária com os meninos, uma espécie de luta, quem consegue puxar o outro para dentro da piscina…
A que horas costuma terminar a atividade profissional?
Às 17 horas quando estou com os meninos.
Leva trabalho para casa?
É inevitável.
Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?
Com o David, meu marido, e com o Thomas Sterchi, o nosso parceiro e amigo de muitos anos que embarcou connosco nesta viagem desafiante e que assumiu uma responsabilidade enorme. Nós os três desenvolvemos o projeto, nós somos a Terramay e claro, conversamos constantemente.
Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?
Sim, e estou muito grata por isto. Estivemos agora há pouco tempo em Zermatt, na Suíça, no festival de música que o Thomas fundou e que nos traz tantas impressões, momentos inesquecíveis e que nos ajuda a criar uma rede interessante.
Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?
Tento sempre fazer o melhor do dia. Nem todos os dias são bons, mas há sempre bons momentos em cada um, seja nos desafios profissionais como nos desafios pessoais. Carpe diem e memento mori!
Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?
Depende se for um jantar com os meninos, estilo pizza night & Star Wars ou se estou a confecionar uma experiência de fine dining da quinta. Os momentos da quinta são: salada de favas com morango e hortelã, carpaccio de beterraba com queijo de cabra, confit de cabrito com couve roxa fermentada, carpaccio de mertolenga com rúcula e citrinos da quinta, tarte de amêndoa ou gelado de leite de cabra com morangos.
O que faz antes de dormir?
Leio pelo menos durante 10 minutos.
A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?
Depende da ocasião. Às 23 horas, quando não temos eventos ou hóspedes... e mais tarde quando for importante. "Carpe diem" e "carpe" noite.
Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?
Sou uma pessoa otimista.
Vê-se a ter outra profissão?
Não acredito nas profissões, acredito nas pessoas e nos projetos inspiradores.
O que mais e menos gosta na sua atividade?
A parte da gestão das pessoas: é inspirador, um privilégio e um desafio constante. Aprendi muito com o Thomas, o meu sócio, que desenvolveu o conceito dos três fatores relevantes, quando se trata do recrutamento: talento, atitude e intenção.
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