Um dia na vida de… António Maria Soares Franco, o homem que carrega dois séculos de história
José Maria da Fonseca fundou em 1834 a empresa com o seu nome onde desenvolveu a primeira marca para o primeiro vinho engarrafado em Portugal.
Passados 190 anos, hoje com António Maria Soares Franco na liderança, a vinícola bateu vários recordes de vinhos mais vendidos, passou por alterações e transformações, mas a família manteve-se.
A que horas se costuma levantar?
Normalmente acordo cedo. Durante a semana entre as 6:00 e as 6:45. Mesmo nas férias não me costumo levantar depois das 8:00.
O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordado?
Costumo planear mentalmente o meu dia e as principais atividades a realizar. Não há muito tempo para grandes reflexões nessa altura do dia, mais dedicada aos quatro filhos.
Qual é a sua rotina quando se levanta?
Normalmente dou uma vista de olhos pelas capas dos jornais, vejo os emails ou mensagens mais urgentes e preparo-me para fazer exercício físico, que é fundamental para o meu bem-estar mental durante o dia.
Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?
Hoje em dia estou a tentar fazer jejum intermitente, pelo que o pequeno-almoço muitas vezes já só acontece ao final da manhã. Não costumo ter muita fome quando acordo e, depois do desporto, gosto de beber água com limão, chá ou café. Ao final da manhã um iogurte e um ovo cozido.
Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?
Sim, é muito importante fazer desporto. Nos dias em que tenha um pouco mais de tempo gosto de ir correr perto do rio de manhã, nos outros passo pelo ginásio antes de ir para o trabalho.
Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…
Normalmente vou para Azeitão, pelo que o percurso é de carro, mas também é frequente viajar para fora de Portugal. No carro aproveito para ouvir podcasts que gosto.
Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?
O caminho para o escritório é sempre uma boa preparação. Ouvir um podcast que nos ponha ao corrente do que se passa no mundo, ouvir uma música relaxante ou mesmo um telefonema para algum amigo são tudo coisas que faço a caminho do escritório.
A que horas começa a trabalhar?
Habitualmente chego ao escritório pelas 8:30, mas na verdade começo a trabalhar logo que acordo, pois respondo a mensagens ou algum email urgente. Mesmo durante o desporto estou muitas vezes a pensar em temas de trabalho e é nestas ocasiões onde por vezes surgem aquelas ideias fora da caixa.
Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?
Atualmente sou co-CEO da José Maria da Fonseca, juntamente com o meu primo, sendo que a minha prioridade é liderar a área comercial em especial nos mercados de exportação. Mas não deixo de estar envolvido em todas as outras áreas da empresa. Atualmente somos três membros da Comissão Executiva, dividimos as diversas áreas entre os três.
Como gere o seu tempo?
Sou relativamente organizado com o meu tempo e tenho a agenda diária na cabeça. Normalmente chego ao fim do dia com a sensação de que consegui fazer quase tudo aquilo que me propunha.
Como lida com a pressão e o stress?
Atualmente lido melhor do que há uns anos. Penso que o desporto ajuda bastante a combater o stress e com a experiência acabamos por conseguir relativizar algumas coisas. Temos de estar focados naquilo que podemos controlar e conseguir relativizar aquilo que sai fora do nosso controlo, minimizando impactos negativos que daí possam advir. É fundamental chegar ao final do dia com a sensação que criámos valor acrescentado, estarmos tranquilos connosco próprios e com o nível de esforço que colocámos no nosso dia.
Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?
A parte que mais gosto é o desenvolvimento de negócio. Estar à procura de oportunidades de o fazer crescer, quer com as marcas atuais quer com novos projetos, é muito desafiante e ao mesmo tempo palpável pois os resultados são logo visíveis. Trabalhar com as equipas para ir ao encontro das necessidades do mercado e dos nossos clientes dá-nos uma sensação muito positiva. Conseguir ganhar um novo negócio nalgum mercado é sempre a melhor parte do meu trabalho. Gosto, também, de ir acompanhando diariamente os projetos que as várias áreas da empresa estão a fazer e ir sempre aprendendo com todas as pessoas que trabalham connosco. A parte menos agradável é o reverso da medalha do que disse acima. Neste negócio para conseguirmos um sim temos de ter 10 nãos. É imprescindível ter a resiliência para perceber isto e não desistir de tentar.
Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?
Tenho vários tipos de equipas dentro da empresa. Desde a equipa de gestão de topo, às comerciais, operacionais e mesmo equipas com clientes e pessoas fora da empresa. Muitas vezes a comunicação é feita usando o Teams ou o Whatsapp que são sempre ferramentais fáceis de usar e que permitem que estejamos todos na mesma página de uma forma muito rápida. Mas também precisamos de ter momentos mais formais de reunião, quer seja em grupo ou sessões one-to-one, para poder fazer um acompanhamento mais personalizado do trabalho das várias pessoas dentro das equipas.
Costuma fazer pausas no trabalho? Para?
É fundamental fazer pausas para fazer também um reset mental. Ir tomar um café com alguém, falar de algum tema fora do trabalho é muito importante para garantir que temos energia para o resto do dia.
Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?
Sim claro. É sempre um momento crucial e que permite também estar com os colegas de trabalho sem ser em contexto puramente profissional. Permite-nos falar de outras coisas, reforçar relações pessoais e criar laços que tornam a parte profissional ainda melhor. Normalmente vamos a restaurantes da nossa zona ou mesmo ao restaurante na nossa adega em Azeitão, o Wine Corner, onde comemos alguns dos petiscos que gostamos particularmente.
Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?
Hoje também relativizo mais este aspeto. Nas críticas temos de ter o mindset que é sempre uma oportunidade para crescer e melhorar e não levar para o lado pessoal. Nos elogios, temos de saber relativizar e não nos deixar "embriagar" pelo sucesso. Ao longo dos anos vamos passando por fases mais ou menos positivas e chegamos à conclusão que tudo passa…quer as fases boas, mas também as fases más.
O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?
Espero que em geral as pessoas tenham uma ideia de mim como alguém que se dedica de corpo e alma ao projeto. Creio que me entrego a 1000% e faço o que for necessário para obtermos os melhores resultados. As minhas equipas podem contar comigo para ajudar a resolver os problemas e fazer tudo o possível para os ajudar também a eles a atingirem os seus objetivos.
Ao longo do dia dá relevância às redes sociais?
É também uma forma de escape e ajuda a fazer uma pausa do trabalho. Desde que não nos absorva demasiado, ajuda também a fazer algum reset mental.
Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?
Gosto de correr e normalmente faço-o quatro ou cinco vezes por semana. Também é uma atividade que mantenho quando estou em viagens profissionais, pois ajuda-me a preparar o dia e ficar mais focado no trabalho. Tenho também feito passeios de bicicleta pela Serra da Arrábida o que é sempre um hobby que nos ajuda a passar algum tempo no meio das vinhas. Gosto bastante de ler e antigamente jogava futebol, mas é um desporto que já não pratico tanto.
A que horas costuma terminar a atividade profissional?
Normalmente saio do escritório entre as 18:00 e 19:00, mas o trabalho continua mesmo que seja só dentro da cabeça.
"Leva" trabalho para casa?
Por vezes sim. Num negócio familiar é impossível isso não acontecer.
Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?
Costumo falar com a minha mulher que me dá sempre uma perspetiva diferente da minha sobre os vários assuntos e que acaba por complementar muito bem o meu ponto de vista. Também os filhos gostam de perguntar e saber o que se passa e como vai o trabalho e faço-o com gosto, pois é um negócio que um dia será também deles.
Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?
Sim bastante. No mundo do vinho especialmente trabalhando na área comercial é muito importante viajar, estar com os nossos clientes e parceiros de negócio, perceber melhor as tendências e oportunidades nos mercados. Mais do que vender garrafas de vinho, vendemos a história de uma família e para isso temos de a contar em primeira mão.
Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?
Há sim, claro. Os fins-de-semana são dedicados a carregar as baterias e passar tempo de qualidade com a família e com os amigos.
Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?
Gosto de jantar cedo se bem que nem sempre é possível por causa das atividades dos filhos. O menu começa normalmente com um copo de vinho e um queijo ou algum aperitivo. Gosto de ter jantares que não sejam muito pesados.
O que faz antes de dormir?
Gosto de ler, sendo que tenho mais disponibilidade mental durante as férias ou fim-de-semana e também de ver alguma série na TV.
A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?
Tento deitar-me cedo. Por volta das 22:30 ou 23:00, tento dormir um mínimo de sete horas.
Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?
Não é fácil. Sendo uma empresa familiar os dois mundos cruzam-se muitas vezes e mesmo no nosso tempo livre, estamos muitas vezes a pensar na parte profissional. Mas a família e o desporto ajudam a fazer essa "desconexão".
Vê-se a ter outra profissão?
Não. Estou neste projeto de família de alma e coração e não planeio fazer outra coisa.
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