Um dia na vida de… Luísa Rebelo, a guardiã da família Basilii
A diretora-geral do Hotel Torre de Palma tem em mãos um espaço com uma história que recua ao século primeiro.
Na Torre de Palma em Monforte, os romanos da família Basilii dedicavam-se à produção de vinhos, azeite e criação de cavalos no século I. A narrativa histórica também passa pela Ordem de Avis, pela coroa portuguesa e por uma cooperativa agrícola. Dois mil anos depois, Luísa Rebelo preserva este passado, mas o olhar é sobre o futuro.
A que horas se costuma levantar?
Pelas 7h30, mas com esforço.
O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordada?
Não me considero uma morning person por isso aproveito para levar a manhã com calma e deixo que os pensamentos fluam.
Qual é a sua rotina quando se levanta?
Abrir a janela, espreguiçar, ver o sol e pôr uma música animada na coluna para iniciar o dia.
Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?
Torradas com manteiga e um café. Por vezes granola com iogurte, quando tenho tempo de fazer a minha.
Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?
Sim, gosto de ir ao ginásio antes do trabalho, sempre que consigo. Quando consigo sei que vai ser um dia bom.
Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…
Faço o trajeto de Estremoz para Torre de Palma (Monforte) de carro, são cerca de 30 minutos, sempre com uma magnífica paisagem alentejana.
Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?
Sim, quando chego ao trabalho dou uma volta ao Hotel, vou ao restaurante onde está a decorrer o pequeno-almoço, passo pela receção para saber o feedback dos clientes e as questões mais urgentes do dia. Para mim é fundamental estar por dentro de tudo o que está a acontecer.
A que horas começa a trabalhar?
Normalmente pelas 10 horas, quando não tenho compromissos antes.
Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?
São múltiplas e variadas. Sou responsável por um projeto que engloba vinha, adega e marca de vinhos, hotelaria, restauração, spa, centro equestre, etc. As minhas responsabilidades vão desde os recursos humanos, ao marketing e vendas, comunicação e relações-públicas, liderança das equipas e gestão das operações do dia-a-dia, assim como a relação com os clientes. Felizmente tenho uma grande equipa que torna tudo mais fácil.
Como gere o seu tempo?
Tento gerir da melhor maneira, procurando cumprir a agenda do dia, no entanto, nesta atividade acontecem muitos imprevistos e os clientes estão sempre em primeiro lugar.
Como lida com a pressão e o stress?
Desde muito cedo que faço psicoterapia. Apesar de hoje ser gestora, tenho licenciatura e mestrado em Psicologia, e a saúde mental sempre foi algo que eu valorizo muito. A psicoterapia ajuda-me a lidar com a pressão que coloco em mim mesma e com o stress do dia-a-dia.
Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?
A parte favorita tem a ver com receber e ter oportunidade de conhecer pessoas novas todos os dias, dos quatro cantos do mundo. A parte menos agradável é ter de gerir reclamações que podem surgir por parte de clientes. Quando se trabalha num nível de excelência como o nosso (cinco estrelas), a margem de erro é muito curta e os clientes muito exigentes. Felizmente é raro isto acontecer, mas faz parte de quem trabalha em hotelaria de luxo.
Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?
Sim, somos uma equipa de 40 pessoas em Torre de Palma. Trabalho num escritório na torre (no meio da propriedade), com a direção de operações, direção comercial e marketing e é excelente porque o facto de estarmos juntos faz com que a comunicação seja permanente. O escritório tem a porta aberta e, além disso, estou frequentemente na operação do dia-a-dia, seja na receção, restaurante, adega, ou na loja. Todos os dias passo pelas áreas por isso a comunicação com a equipa é muito boa.
Costuma fazer pausas no trabalho? Para?
Apesar de viver no Alentejo e toda a gente me dizer que a minha vida deve ser muito calma, os meus dias são muito intensos, com poucas pausas. Quando posso, paro para fazer uma caminhada à volta da nossa vinha, cerca de 20-30 minutos no meio da natureza que dá para relaxar e apreciar a beleza de Torre de Palma, e também ver a evolução da vinha. Também gosto de subir à torre que dá o nome à propriedade e ver o magnífico pôr do sol.
Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?
Sim, costumo levar o meu almoço de casa para o hotel, o que cozinho para mim varia consoante tenho mais ou menos tempo para cozinhar. Geralmente é algo muito simples como massas ou saladas.
Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?
É sempre uma alegria receber elogios, ainda este ano recebemos duas vezes o prémio de Melhor Enoturismo em Portugal – pela revista Paixão Pelo Vinho e pela Publituris, o que me deixou imensamente feliz. Gosto sempre de partilhar todos os elogios e conquistas com a nossa equipa. As críticas tento sempre vê-las como oportunidades de melhoria e desenvolvimento. São as críticas, mais do que os elogios, que nos fazem crescer.
O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?
Penso que notam a paixão que tenho pelo nosso projeto e a vontade de levar mais longe a nossa marca Torre de Palma. Vivo muito intensamente o nosso projeto e estou sempre disponível para a equipa.
Ao longo do dia dá importância às redes sociais?
Sim, Instagram e Linkedin são as duas redes que fazem parte do meu dia-a-dia, uso muito para divulgar as nossas atividades, para conhecer pessoas e encontrar novas oportunidades e inspirações para o nosso negócio. Se quiserem podem começar a seguir as minhas redes.
Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?
Há uns anos deixei um dos meus hobbies preferidos que fiz durante muitos anos – aulas de teatro. Quando me mudei para o Alentejo fundei um grupo com jovens que se juntam regularmente para jantares e provas de vinhos. Chama-se "Barrigas de Almece", uma expressão antiga alentejana que caracteriza as pessoas que gostam de gastronomia, vinho e um bom convívio à volta da mesa. Juntamo-nos frequentemente para serões e é espetacular porque temos pessoas dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, China, Israel… tudo jovens que vivem no Alentejo. Ninguém diria…
A que horas costuma terminar a atividade profissional?
Cerca das 19 horas, mas o telemóvel continua ativo com emails e whatsapps…
"Leva" trabalho para casa?
O trabalho acompanha a minha jornada até à noite através do telemóvel. Tenho alguma dificuldade em desligar, mas é um tema que tenho tentado trabalhar porque sei que é importante parar e ter tempo para nós.
Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?
Por vezes com a minha mãe ou com o meu pai que são os mentores dos nossos projetos.
Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?
Sim, sou responsável pela área comercial do hotel, relação com agências de viagem e empresas turísticas em todos os mercados por isso viajo com frequência para feiras de turismo e outras ações comerciais. É uma das partes do meu trabalho que gosto muito, e é essencial para chegar a mercados internacionais, de onde venho sempre inspirada pelas pessoas que conheci e sítios onde estive.
Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?
Depende das épocas, em época alta trabalho muitos fins-de-semana com eventos que fazemos em Torre de Palma. Quando tenho fins-de-semana livres gosto de aproveitar para ir a Lisboa ter com amigos, jantar fora e matar saudades da vida na capital.
Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?
Janto entre as 20 e as 21 horas, normalmente em casa, onde cozinho pratos vegetarianos, cogumelos, vegetais, leguminosas e fruta. São tudo coisas que gosto muito e que são simples para o dia-a-dia.
O que faz antes de dormir?
Tenho alguns telefonemas que gosto de pôr em dia, falo frequentemente com as minhas irmãs e meu irmão ao telefone e tenho um grupo de amigos com quem frequentemente vou partilhando as peripécias da vida alentejana.
A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?
Pelas 23, gosto de dormir no mínimo oito horas. A minha energia depende muito da qualidade do meu sono.
Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?
Trabalhar num projeto próprio e familiar faz com que os limites entre trabalho e vida pessoal/familiar não sejam muito claros. Por isso aproveito todos os momentos fora do trabalho para estar com as pessoas que mais gosto, experimentar novas atividades, viajar, provar novas comidas e vinhos. Todos os anos gosto de fazer uma viagem de 10-15 dias para um destino fora que me permita desligar e conhecer o mundo. Já visitei mais de 40 países e vivi em cinco diferentes, por isso considero-me uma viajante.
Vê-se a ter outra profissão?
Sim, eu movo-me por projetos por isso acho que poderia trabalhar noutra área, mas sempre com uma componente forte de relação com pessoas, criação de marcas e desenvolvimento de projetos. Se for um projeto familiar/pessoal melhor porque a paixão e motivação para trabalhar é sempre mais forte.
O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?
O que gosto menos é ter de lidar com o fator tempo. Nesta área, tanto em hotelaria como no mundo dos vinhos, os resultados, tal como as soluções, não são imediatos, e tive de aprender a lidar com isso. O que gosto mais é sentir que estou a fazer a diferença e a desenvolver o nosso projeto sempre com uma visão de longo prazo de sermos um destino e uma marca icónica no Alentejo, em Portugal e no mundo.
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