8 perguntas a Pedro Drummond Borges, à frente da Quinta do Carvalhido
Chegam ao mercado dos vinhos para competir pela qualidade e não pela quantidade. Dirigida pelo empresário, e depois de uma fase experimental, a Quinta do Carvalhido apresenta agora duas novas marcas, com cinco referências, e uma paixão expressa pelos vinhos do Tua.
Nos rótulos dos vinhos da Quinta do Carvalhido estão desenhados, de forma tão discreta que é quase um segredo partilhado com o consumidor, uma pequena locomotiva a vapor e uma linha férrea. Essa é a expressão gráfica da paixão que a família Drummond Borges tem por esta região de excelentes vinhas, mas devastada pela continuada ausência de políticas para o interior do país. Para contrariar esta espécie de fatalidade, a família está a lançar-se a sério no mercado com a sua própria brand (depois de ter tido uma primeira colheita engarrafada em 2017), com 5 novas referências, dentro de um portfólio com duas marcas, Quinta do Carvalhido e Carvalhido, em que se pode encontrar dois tintos, dois brancos e um rosé.
Fundada em 1909, esta quinta tem no seu terroir, situado num vale que acompanha uma das maiores aberturas do Rio Tua, um solo na transição do xisto para o granito e uma orientação solar muito vantajosa. Hoje com uma extensão de 33 hectares, dos quais 12 são de vinha, esta quinta produz uma enorme variedade de castas tintas e brancas com maior enfoque nas tradicionais castas do Douro. Nas brancas destacam-se a Arinto, Rabigato e Viosinho, enquanto nas tintas predominam as variedades Touriga Franca e Touriga Nacional, que dão origem a brancos aromáticos e minerais e tintos complexos. Liderada pelo empresário Pedro Drummond Borges, em conjunto com o seu filho, Tiago, a nova marca, que quer manter-se sempre no nível premium, conta ainda com o suporte de profissionais como o enólogo Francisco Batista, o engenheiro Viticultor José Miguel Telles e o sommelier António Lopes. Falámos com Pedro Drummond Borges para saber a história desta nova "velha" casa.
A Quinta do Carvalhido apresenta-se no mercado com a ambição de se manter a nível premium, mas o Pedro assume que vem de negócios completamente diferentes. Como é que isto aconteceu?
Tudo começou quando a minha mulher herdou uma quinta e nós ficámos com este "bebé" nos braços. Já íamos muito para Trás-os-Montes porque o meu sogro tinha ali a sua própria quinta e, na verdade, é uma região de que gosto muito. Como diz, eu era empresário noutras áreas e sempre tive a convicção de que as coisas se devem multiplicar porque acredito muito na parábola dos talentos, independentemente de ser católico ou não.
E é?
Sou. Acredito firmemente que se temos talentos para empreendermos uma obra, há que a partilhar com a comunidade, embora eu próprio e a minha família acabemos por tirar partido disso, como é normal e desejável. Mas também acredito que tudo na vida se faz por paixão e que sem esta não há negócios. Não escondo que, desde que tomámos a decisão de avançar, houve muito trabalho, encontrámos a quinta em mau estado, com as adegas muito degradadas, mas resolvemos recuperar as casas, também com uma parte lúdica para a nossa família, até porque tenho 5 filhos e 10 netos e mais virão com certeza.
Como percebeu que as vinhas tinham qualidade?
Quando entrei no negócio do vinho, não tinha qualquer tipo de experiência no setor mas tinha, sim, de fazer planos estratégicos de negócios. Acredito muito nas equipas e na sua criatividade. Eu sobre vinho só sabia duas coisas: se era muito ou pouco ou se era branco ou tinto, passe o exagero, por isso fui buscar o Francisco e perguntei-lhe se aquilo tinha pernas para andar. Trouxe também o meu filho, que estava já na Tabaqueira, e que largou esse trabalho para trabalhar comigo. Nos primeiros anos fui fazendo umas 1500 garrafas para ter a certeza de que eramos capazes de manter a qualidade. Em 2020 é que tomei a decisão de avançar a sério.
Foi um ano difícil para tomar decisões.
Mas é nos anos difíceis que devemos tomar decisões. Às vezes perde-se, faz parte. Mas admito: a paixão foi-se sobrepondo à razão em alguns momentos. Talvez eu não precisasse de ter a adega equipada, mas senti que fazia sentido. Isso não significa que eu não seja cuidadoso: Tenho a noção de que tenho responsabilidades para com as famílias que trabalham comigo. Não tenho o direito de os prejudicar e procuro passar esse sentimento aos meus filhos. Agora, estou ciente de que estamos no princípio do negócio, pelo que a incerteza ainda é grande. Temos de trabalhar 24 horas para assegurar que daqui a 5 anos estamos no patamar que queremos estar.
Quais são as suas ambições para a Quinta do Carvalhido?
Gostaria muito de passar a quinta aos filhos sem nenhum ónus. Essa é a base. Quando entrámos na quinta tínhamos 5 hectares na quinta, hoje temos 12 e a minha ambição é chegar a 20 para poder chegar onde quero. Julgo que estamos em condições de produzir 40 a 50 mil garrafas de vinho.
Estão a produzir quantas neste momento?
Cerca de 15 mil. Mas queremos manter-nos sempre no premium, com várias marcas diferenciadas. Queremos explicar ao mercado porque é que são assim, com aquelas características, porque é que decidi equipar a adega. Este ano queremos produzir um vinho bastante diferente, o que é um risco. Também queremos usar só uvas nossas, para termos a garantia de qualidade desde o princípio do processo. Se sobrarem uvas vendo-as, mas quero estar no campeonato dos melhores, não dos maiores.
Onde podemos encontrar estes vinhos?
Na Garrafeira Nacional, numa garrafeira em Cascais, vamos escolher pontos de venda no Algarve, Lisboa e Porto. Mas estamos fora dos circuitos de supermercado por opção.
O nosso mercado é seletivo e exigente?
De certo modo, sim. Finalmente, podemos dizer que sabemos beber, mas o poder de compra não ajuda.
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