Trabalhadores remotos fogem para resorts à espera de vacinas
Quando o governador Gavin Newsom anunciou um "lockdown" na Califórnia ainda mais rígido em meados de dezembro, alguns residentes mais abastados correram para lugares - o mais longe possível - como a ensolarada Belize. Outros, que já antecipavam a medida, tinham partido há muito tempo.
Ao contrário da primeira onda de restrições da Covid-19, que estimulou viagens de carro e temporadas em segundas residências, a segunda onda despertou o desejo global de fugas mais permanentes, mais quentes e mais distantes.
No Reino Unido e na Europa, os ricos voaram para destinos com climas mais quentes como Dubai, Maldivas e Espanha com o objetivo de escapar do confinamento de inverno, diz Justin Huxter, fundador da Cartology Travel, com sede no Reino Unido.
Os americanos têm mais opções de bunkers tropicais: o Hawai diminuiu as restrições de viagens, e as fronteiras estão abertas no México, Costa Rica, Belize e muitas partes do Caribe. Afinal, de que vale uma segunda casa em Lake Tahoe ou Napa, na Califórnia, quando teleféricos, vinícolas e restaurantes próximos ficam periodicamente inacessíveis, como durante boa parte de dezembro e janeiro?
"Pessoas cansadas do ‘confinamentos perceberam que podem continuar a vida em lugares com muito menos stress e muito mais espaço para respirar", diz Jack Ezon. O fundador da Embark Beyond concluiu que clientes da costa leste dos EUA têm migrado para hotéis e resorts de luxo na Flórida, Carolina do Sul e nas Ilhas Turcas e Caicos, enquanto os clientes da costa oeste fogem para o Arizona e Puerto Vallarta e Cabo no México – tudo lugares com bom clima e Wi-Fi.
O custo médio, diz, é de 70 mil dólares por mês, e a maioria dos clientes faz reservas para dois a quatro meses.
Os descontos para estadias prolongadas, a reabertura de certas fronteiras internacionais e uma maior consciência sobre os cuidados a adotar nas viagens incentivaram o êxodo na segunda vaga. Embora o isolamento social num resort de cinco estrelas possa ter sido novidade no início da pandemia, agora é uma necessidade para uma determinada classe de consumidores; na Tailândia, é um plano de negócios.
"Em outubro, as pessoas começaram a perceber que enfrentariam outro inverno em São Francisco, sem restaurantes, sem entretenimento, sem escritórios - realmente sem nenhum lugar para ir", diz Leigh Rowan, fundador da Savanti Travel, na Baía de São Francisco, cujos clientes têm comprado passagens só de ida e trabalhado remotamente em casas à beira-mar ou hotéis repletos de amenidades.
Desta vez, diz, os clientes não têm intenção de voltar até que haja a promessa de uma data para receberem a vacina.
Check-out indefinido, por favor
Melanie Woods, uma designer gráfica de 39 anos, deixou São Francisco bem antes da notícia do confinamento de inverno. Desde 1 de outubro - dia em que o Belize reabriu as fronteiras -, Melanie trabalha remotamente no resort de luxo rústico Turtle Inn, do diretor Francis Ford Coppola, onde a sua mesa fica perto de uma janela com brisa do mar.
"Nado para me exercitar entre as chamadas telefónicas. Aos fins de semana, sinto que estou de férias", diz.
O Belize exige que viajantes tenham um teste negativo à Covid-19 na chegada, o que tranquilizou Woods. O hotel de 27 quartos, localizado à beira-mar em Placencia, também é quase totalmente ao ar livre, o que facilita comer e socializar em ambientes externos distantes. Os quartos custam a partir de 329 dólares por noite, mas estadias prolongadas trazem descontos de 20% na estadia e na alimentação. Woods está a alugar o seu apartamento para compensar as despesas.
"Provavelmente não voltarei até o verão, ou quando puder tomar uma vacina", diz.
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