Isto não é uma casa, é um super-iate
Os aviões de maior dimensão, capazes de realizar viagens transatlânticas sem paragens, e os super-iates personalizados para aventuras audaciosas estão ainda mais populares.
Já com um ano de pandemia, há muitas incertezas que ainda permanecem, mas o que parece claro é que os ultra-ricos continuam a investir em aviões privados e super-iates com o mesmo entusiasmo que se observava antes da covid-19. Ao passo que alguns compradores corporativos estão a reduzir o uso dos seus aviões, os indivíduos mais jovens e com patrimónios avultados estão a apostar cada vez mais em aviões de longo curso de maior dimensão, capazes de realizar voos transcontinentais sem necessidade de fazer escala para se abastecerem de combustível, segundo a Jetcraft, líder internacional em vendas de jatos privados.
"Quando se é um empreendedor do ramo tecnológico ou um CEO que se tornou bem sucedido desde muito jovem, é mais provável que comprem um avião grande porque se encaixa no seu estilo de vida e na natureza global do seu negócio", comenta o proprietário da Jetcraft, Jahid Fazal-Karim. "É possível que tenham uma casa em Itália e um escritório na Califórnia, daí a necessidade de um avião de longo curso para realizarem o voo sem paragens entre os dois destinos".
Um jato privado disponível através da PrivateFly
A Luxaviation, empresa que freta e gere um serviço de jatos particulares de luxo, também viu duplicar no Reino Unido – de 30% no inverno passado para 60% neste inverno – as reservas de aeronaves maiores, capazes de transportar 10 ou mais passageiros. Este aumento reflete também o facto de haver tantos destinos de pequeno curso que estão fora de alcance, especialmente as tradicionais estâncias de esqui, ao passo que continuou a ser possível, até ao mais recente confinamento, continuar a poder-se ir ao Dubai, Maldivas e Caraíbas à procura de algum sol de inverno.
"Não tenho uma bola de cristal, mas espero que, assim que os confinamentos (…) sejam menos restritos, os clientes possam ir mais longe, o que levará a um aumento no uso de aviões de grande porte, que permitem uma maior circulação na aeronave para as famílias, ao mesmo tempo que as transporta para onde desejam o mais rapidamente possível e com toda a segurança possível", diz o CEO da Luxaviation, George Galanopoulos.
Curiosamente, a Luxaviation também se apercebeu que um substancial número de clientes não regressou das suas férias de Natal, preferindo continuar nas Maldivas, Seychelles e Bermudas, a trabalharem remotamente e a optarem pelo ensino domiciliar para os seus filhos.
A empresa de serviços de frete privado de jatos PrivateFly, sediada no Reino Unido, também reparou que as pessoas têm estado a passar mais tempo em destinos mais tradicionais das férias de verão.
"Embora as pessoas tendam a viajar menos do que antes, elas tentarão que as suas viagens tenham mais importância", refere o CEO da PrivateFly, Adam Twidell. "Por isso, estão a fazer viagens mais longas, daquelas que se fazem uma vez na vida", acrescenta.
Todas as empresas de charter com quem falei também assistiram a um aumento no recurso a aeronaves mais pequenas, de nível básico, o que reflete o número de clientes que se aventura pela primeira vez no aluguer de jatos.
Talvez sem surpresa, o mercado dos super-iates parece estar a registar um dinamismo semelhante. Foram vendidos 647 em 2020, o que, apesar de ser inferior em 99 ao número de vendas no ano precedente, continua a ser considerável se tivermos em conta que foi um ano consumido por uma pandemia global. Esse número inclui uma forte subida das vendas em dezembro. Do total anual, 64 foram iates de expedição, um aumento face aos 58 vendidos em 2019, o máximo registado num único ano.
Cloudbreak, disponível para ser alugado através da SuperYachtsMonaco
"Normalmente, vendemos em média cerca de quatro barcos por ano", diz Mark Cavendish, diretor de comunicação da construtora holandesa de super-iates Heesen.
"Em 2020, absolutamente nada aconteceu durante meses, e depois subitamente vendemos cinco embarcações no último trimestre. Penso que aquilo que aconteceu foi que o mundo se fartou de estar confinado e de ouvir constantemente que não se podia ir a lado algum. Por isso, suponho que as pessoas com dinheiro terão pensado: ‘agora é tão boa altura como outra qualquer para comprar um barco, porque é o meu próprio ambiente de segurança controlado’. Uma pessoa sai de casa para o seu barco ou jato privado – é o perfeito negócio covid", acrescenta.
Observou-se um notável aumento nos chamados barcos de grande porte. E a sede de aventura está igualmente a levar a um aumento dos super-iates de expedição. Em conjunto, estas duas tendências provocaram uma subida da procura por embarcações altamente personalizadas que constituem verdadeiras casas-inspiradas-em casas, pelo que os seus proprietários podem, potencialmente, passar muito mais tempo dentro delas. A Winch Design, sediada em Londres, é especializada em criar os mais extraordinários interiores de iates e aviões para algumas das pessoas mais ricas do mundo, pelo que tem um valioso conhecimento de ambos os mercados.
"Tem-se registado, decididamente, uma crescente tendência para permanecer durante mais tempo nos iates, especialmente agora, com a incerteza em torno de futuros confinamentos. Consequentemente, os clientes querem que a sua vida tenha privacidade e segurança a bordo, com tudo aquilo que precisariam em estadias mais longas, desde as instalações de ensino, áreas de bem-estar e salões de beleza até aos espaços de escritório para o ‘trabalho a partir de casa’", explica Jim Dixon, diretor do departamento de iates e aviação da Winch Design.
"Continuamos a ver clientes com jovens famílias a viverem confortavelmente a bordo, durante longas temporadas, bem como um aumento do interesse por iates de expedição numa altura em que as pessoas procuram fugir à regra, na senda de uma aventura ‘não convencional’. Esse mesmo foco no estilo de vida aplica-se também aos nossos jatos privados, com quartos, áreas de entretenimento e de refeições a revelarem-se características comuns, o que resulta em ‘casas no céu’ num estilo residencial, tanto para quem viaja em negócios como para as famílias", acrescenta.
Um impacto positivo da pandemia nos próprios super-iates é que, desta vez, os seus proprietários e comandantes tiveram tempo para a sua manutenção e até para lhes fazer um upgrade.
"Da mesma forma que as pessoas perceberam, durante os períodos de confinamento, que precisavam de fazer obras em casa (…), o mesmo aconteceu com os iates", explica Julia Simpson, da empresa de venda e locação de iates SuperYachtsMonaco, cujo iate de expedição Cloudbreak, com 75 metros, está disponível para ser alugado este verão a partir de 750 mil dólares por semana. A empresa está também a divulgar a venda do I NOVA, um novo iate de expedição de luxo, por 19,9 milhões de dólares – excluindo IVA. "Foi possível proceder a muitos upgrades gerais que andavam a ser adiados. Por isso, agora existe todo um novo lote de iates disponíveis e em condições perfeitas".
Francesca Syz/The Telegraph/Atlântico Press
Tradução: Carla Pedro
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