Meloni e Stellantis: Uma batalha pelo futuro automóvel italiano
Com a produção automóvel em Itália a declinar e as tensões entre governo e indústria a aumentar, o resultado desta batalha pode muito bem redefinir a paisagem económica do país nos próximos anos.
Giorgia Meloni, a primeira-ministra italiana, tem mostrado nos últimos meses uma determinação férrea em defender o que considera serem os interesses económicos do seu país. E, no centro dessa cruzada, está a Stellantis, o conglomerado automóvel que herdou a histórica Fiat, orgulho industrial de Itália.
Desde que assumiu o cargo, Meloni não escondeu o seu descontentamento com a forma como a Stellantis tem gerido a produção automóvel em solo italiano. A sua preocupação principal: a drástica diminuição de veículos fabricados em Itália e a transferência da produção para outras partes da Europa e além. Este facto tornou-se mais evidente quando Meloni, enquanto líder da oposição, se opôs veementemente à fusão entre a Fiat-Chrysler e a francesa PSA, que deu origem à Stellantis em 2021, avança o Politico ("organização global apartidária de notícias sobre política e política"). Na altura, alertou para a possível perda de controlo italiano sobre a emblemática marca Fiat, denunciando o que via como uma "aquisição francesa" disfarçada.
Enquanto o braço-de-ferro entre o governo italiano e a Stellantis se intensifica, Meloni tem procurado alternativas, olhando para oriente. A aproximação a fabricantes automóveis chineses é uma nova carta na manga do governo, que espera atrair investimento estrangeiro para revitalizar a indústria automóvel nacional, num claro sinal de que Itália não dependerá exclusivamente da Stellantis para manter viva a sua tradição automóvel. No entanto, a viabilidade destas novas parcerias, bem como o impacto das políticas de Meloni na economia italiana, permanecem questões em aberto. O que é certo é que o confronto entre Meloni e a Stellantis simboliza uma batalha maior sobre o futuro industrial de Itália e o papel que o nacionalismo económico deve desempenhar numa era de globalização e competitividade feroz.
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