Quem é Tim Walz, o vice de Kamala Harris?
A candidata à presidência norte-americana já escolheu o seu parceiro de corrida e possível futuro vice-presidente. Um pai de família, que ajudou os pais na agricultura, é sargento-mor, foi professor e, desafiado pelos alunos, chegou a congressista e depois a governador do Minnesota.
Kamala Harris, a candidata democrata à presidência norte-americana e ainda vice-presidente do atual presidente Joe Biden, acaba de apresentar o seu parceiro de campanha – Tim Walz, o governador do Minnesota – que, em caso de vitória, será o futuro vice-presidente dos Estados Unidos. Walz foi dado a conhecer ao mundo como parceiro de Harris num comício na Pensilvânia, no meio de um certo jogo de luz e sombra, uma vez que o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, era outro dos nomes em cima da mesa e, naturalmente, as pessoas imaginaram que seria ele o escolhido. Não foi. Mas Tim Walz aproveitou a oportunidade para lhe tecer elogios rasgados. Afinal, a Pensilvânia – um swing state, que ora pende para os democratas, ora pende para os republicanos – é um dos estados fulcrais para que a dupla Harris-Walz consiga chegar à Casa Branca. E Shapiro é um aliado imprescindível.
Sabe-se que a equipa que dirige a campanha de Kamala Harris contratou um escritório de advogados para investigar as vidas de cada um dos candidatos a vice, e garantir que não há esqueletos no armário que Trump e o seu candidato a vice, J.D. Vance, possam usar como armas de arremesso. Ao mesmo tempo, Kamala conduziu entrevistas com cada um deles com o objetivo de perceber com qual teria melhor química. É possível que todos os outros candidatos tivessem vidas impolutas, mas, pelo menos no que toca a química, vendo Kamala e Tim juntos, é notório que a vice-presidente fez a escolha certa. Química, animação e entusiasmo é coisa que não falta a este duo.
Tim Walz tem a energia, a simpatia e a bonomia típicas dos benevolentes treinadores de futebol americano que vemos nos filmes de Hollywood. Mãos grandes que batem palmas como quem incentiva um atleta a fazer mais e melhor, mas que estão lá também para dar pancadinhas nas costas quando as coisas não correm bem – para a próxima será melhor. Daqueles treinadores que acreditam que todos os miúdos têm a capacidade de atingir os seus objetivos, apesar das circunstâncias – uma crença, de resto, que Harris também partilha, como o próprio fez questão de sublinhar.
Esta imagem do treinador de futebol não é figurativa. Walz fez 60 anos em abril – Kamala fará em outubro –, cresceu no Nebraska e ajudou os pais com trabalhos rurais, na quinta onde viviam, atividade com que a família suplementava o salário do pai, que além de agricultor, era professor. Aos 17 anos, seguiu o exemplo do pai – veterano da guerra da Coreia – e alistou-se na Guarda Nacional, onde fez carreira durante 24 anos e de onde saiu com a patente de sargento-mor. Foi à faculdade à boleia de uma lei que ajuda a pagar formação académica aos soldados. E foi assim que chegou a professor de liceu, onde lecionou Estudos Sociais, e a treinador de futebol. A mulher, Gwen Walz é, também ela, professora de Inglês, há 29 anos. Em 2006 – já a viver no Minnesota, para onde o casal se mudou em meados da década de 90 –, desafiado e incentivado pelos seus alunos, Tim decide concorrer ao Congresso, uma eleição que venceu, batendo o republicano incumbente Gil Gutknecht, e foi reeleito cinco vezes, até que em 2018 decidiu concorrer ao cargo de governador – venceu e foi reeleito em 2022.
Durante o discurso de apresentação, Kamala Harris referiu alguns dos marcos mais importantes da carreira política de Tim Walz que é, provavelmente, de todas as opções de parceiro em cima da mesa, o mais progressista: trabalhou em prol do aumento do salário mínimo e do direito dos trabalhadores em aderirem a um sindicato; votou a favor do Affordable Care Act – o famoso Obamacare, que facilitou o acesso dos mais pobres a cuidados de saúde –; como governador garantiu que os trabalhadores do Minnesota têm direito a licença remunerada para cuidarem de si próprios ou de familiares; implementou pequenos-almoços e almoços escolares grátis para todas as crianças; depois de o direito ao aborto, conhecido como Roe v. Wade, ter sido posto em causa pelo Supremo Tribunal, e devolvido aos Estados, para que cada um decidisse o que quisesse, Walz foi o primeiro governador a assinar uma nova lei que consagrou a liberdade reprodutiva como um direito fundamental.
Harris referiu ainda que Walz é um caçador e, como tal, tem armas, mas que "acredita que a América precisa de um conjunto de leis que defenda as pessoas da violência com armas de fogo", e que, enquanto governador, ampliou a verificação de antecedentes para pessoas que querem comprar uma arma.
Coincidência ou não, às críticas de J.D. Vance sobre as mulheres sem filhos não servirem para governar o país, Harris respondeu escolhendo um vice que é pai de dois adolescentes, um rapaz e uma rapariga. Tim e Gwen tiveram dificuldade em engravidar, tentaram sem sucesso durante anos, e depois precisaram de fazer um longo e penoso percurso de IVF, a que o candidato aludiu durante o seu discurso. Ao fim de muitos anos, nasceu, finalmente, uma filha, a que eles chamaram Hope – Esperança – por razões óbvias. Pouco depois nasceu Gus, o filho.
Kamala Harris concluiu dizendo que "só na América é que o filho de um agricultor do Nebraska e a filha de uma mãe trabalhadora, podem chegar à Casa Branca". Razão pela qual ambos concordam que "quando a classe média é forte, a América é forte". Acrescentando: "Fortalecer a classe média será um dos meus focos enquanto presidente dos EUA."
Durante meia hora Kamala elogiou Tim, depois trocaram de lugar, com o governador do Minnesota a agradecer a Kamala Harris – com o seu sorriso fácil e gargalhada contagiante – ter trazido a alegria de volta à corrida presidencial e disse estar "encantado" por estar nesta campanha com ela.
Tim Walz aproveitou a oportunidade para dirigir alguns ataques a Donald Trump, dizendo que este "não sabe o significado da palavra serviço – não tem tempo para isso porque está demasiado ocupado a servir-se a si próprio". E também: "[Trump] enfraquece a economia para fortalecer o seu bolso. Faz pouco das nossas leis, e semeia caos e divisão." Ou ainda: "O crime violento subiu durante os anos da sua presidência – e isto, sem contar com os crimes que ele próprio cometeu." Comentário sarcástico que levou a plateia de apoiantes ao rubro.
O governador do Minnesota é um orador poderoso, com uma voz troante, mas calorosa – de quem passou muitos anos a liderar miúdos – que sabe usar a retórica, sabe usar os timings a seu favor e sabe colocar a voz. O discurso de Kamala foi muito bom, mas o delivery – como agora se diz – de Tim foi melhor, mais impactante. E era isso mesmo que Kamala Harris precisava: um homem branco, sem esqueletos no armário, pai de família, veterano do exército, filho da classe média baixa, que ajudou os pais na agricultura, professor, que sabe discursar, que sabe entusiasmar uma plateia, e que, com a sua presença amigável, suaviza as arestas mais afiadas de Harris. Mas que, ainda assim, tem a ferocidade necessária para dizer, a propósito da limitação das liberdades reprodutivas das mulheres: "No Minnesota, respeitamos os nossos vizinhos e as suas escolhas pessoais. Mesmo que nós próprios não fizéssemos as mesmas escolhas, há uma regra de ouro: ‘Mete-te na tua vida!’"
Faltam 90 dias para as eleições. Kamala Harris entrou na campanha há pouco mais de 15 dias, Tim Walz entrou ontem. O tempo é curto, mas vontade não lhes falta. "Dormimos quando morrermos", brincou Walz.
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