Embarcámos no Costa Fascinosa - sem sair de Lisboa
Das tendências do turismo de cruzeiros aos nómadas digitais e Elon Musk; dos menus Michelin a um complexo plano de sustentabilidade – o dia foi longo.
Este navio de cruzeiro de classe concórdia inaugurou em 2011 por meio bilião, e presta homenagem ao teatro e tempos áureos do cinema, inspirando-se em personagens e obras memoráveis, como Luchino Visconti ou David Lynch, presentes a cada esquina do seu interior. Tentamos adivinhar quem é quem, nem sempre com sucesso. No átrio principal ou lobby tem-se uma panorâmica dos vários andares, com tetos altos e elevadores de vidro para cima e para baixo. Alcatifa e luzes quentes, espelhos e mármores, zonas de estar por todo o lado: é fácil esquecer constantemente que não estamos em terra. Paramos num dos 12 bares do navio; passamos pela gelataria Amarillo com cores de algodão doce; um casino e uma discoteca com bar e pista de dança multicolor, encerrados àquela hora. A capacidade total do Fascinosa é de 3800 passageiros e cerca de um terço desse número para tripulantes. Esta manhã, porém, a calmaria impera. Muitos, com certeza, estão a desfrutar das suas suites (são 1508 cabines, 524 com varanda), outros provavelmente decidiram-se por Alfama e pelas imediações.
Um dos compromissos da Fundação Costa Crociere, uma entidade sem fins lucrativos criada pela empresa italiana com mais de 70 anos, passa por estabelecer parcerias, em que se aloquem também as necessidades sociais das comunidades que recebem estes gigantes do mar. Esta é, talvez, das maiores críticas feitas aos cruzeiros em geral. Coloca-se a questão: até que ponto estão a contribuir (economicamente) e não só para os destinos que os acolhem? Na apresentação com as novidades para 2024, este aspeto é tido em consideração, a importância de os portos não serem somente locais, mas sim um encontro com comunidades e o respeito pela sua identidade e história. É destacado o envolvimento para que não se perca a excelência artesanal das atividades das cidades visitadas.
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Mas o programa de sustentabilidade da Costa Cruzeiros é extenso e complexo, com várias áreas de atuação. A empresa está alinhada com os objetivos da Agenda 2030 da ONU, com a inclusão de novas tecnologias e implementação de projetos para melhorar o desempenho ambiental da frota. Não é fácil, tendo em conta que o turismo de cruzeiro tem um impacto ambiental, social e económico pesado e mensuravelmente conhecido. A empresa mostra-se comprometida. Em 2019, por exemplo, o Costa Smeralda, foi introduzido a gás natural liquefeito, a energia renovável mais limpa, existindo um departamento inteiro dedicado à descarbonização com a ambição até 2050 de uma frota de zero emissões líquidas. A proteção dos ecossistemas e biodiversidade marinhos; a promoção de um turismo de valor, sustentável e inclusivo dentro do navio, com uma componente de consciencialização também para hospedes e políticas de proteção laboral para quase 20 mil tripulantes, estão entre os valores e objetivos que Henrique Mateus, Senior Sales Manager da Costa Cruzeiros em Portugal e Rafael Fernández-Alava, Communication Diretor para Espanha e Portugal nos indicam.
Seguimos para os principais espaços em comum. A sala de espetáculos com mil acentos veste-se de vermelho e a cada noite há um show diferente – e até mesmo um concurso género The Voice, onde os hóspedes mais ousados podem ter aulas de canto. Já na popa, uma piscina interior e outra exterior. A white party da noite anterior ainda se faz sentir em detalhes. Lá fora, procura-se que o refúgio seja só para adultos. Há uma ideia cada vez mais desconstruída de que o turismo de cruzeiro é apetecível sobretudo para as faixas etárias mais velhas. Na verdade, os nómadas digitais são uma das tendências pós-pandemia (sendo que o negócio evoluiu muito bem depois da Covid-19) e o serviço de banda larga Starlink da SpaceX (de Elon Musk) permitirá que até ao final do ano toda a frota beneficie com uma ligação rápida à internet.
Entramos no Beauty Spa Solemio, com uma delicada fragância a lavanda no ar: o ginásio abre das sete às sete, todas as passadeiras alinhadas com vista para a janela. Salas de massagem para casal; um salão com Kerástase para o cabelo e Elemis para o corpo; depois os típicos sauna, banho turno e jacuzzi. Zona de chá e jardim interior, também os há. A paragem final é no restaurante Archipelago. Uma sala privada com linhas depuradas, onde três chefs Michelin foram convidados a preparar uma viagem gastronómica à sua imagem. "Uma cozinha de sabores instintivos que conta uma história, convido-vos à minha casa, à descoberta das minhas raízes", lemos à entrada e decidimo-nos por Hélène Darroze. Teríamos também ficado impressionados com as propostas de Bruno Barbieri, e Ángel León, este último do reconhecido Aponiente em Cádiz. O momento de eleição do dia.
Finalmente, o posicionamento para 2024: a Costa irá realizar escalas em Lisboa e Leixões nos seus cruzeiros e opções de voo de ligação para portos de embarque estrangeiros. De itinerários que abranjam portos portugueses, destaca-se o Costa Fascinosa (abril e maio de 2024, três itinerários a partir de Savona pelo Mediterrâneo e Atlântico até Lisboa ou até ao Funchal, Ponta Delgada e Praia da Vitória); o Costa Diadema, (em outubro de 2024, três itinerários de 14 dias com partida de Roma, passando por Savona, Marselha, Barcelona, Ilhas Canárias e Funchal). Este inverno (2023) se ainda quiser aproveitar, o Costa Firenze fará quatro itinerários de 14 dias, desde Savona até às Ilhas Canárias, com escala no Funchal. Com orgulho apresentam-nos ainda o combo Ilhas Gregas e Istambul na mesma semana com o Costa Fortuna, já em junho de 2024 – o único cruzeiro a fazê-lo. Se quiser ousar com tudo, é possível uma volta ao mundo com o Costa Deliziosa em 130 dias por 166€/noite em camarote com varanda. Para 2025, porque a de 2024 esgotou em dois meses. Falamos a sério.
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