Demência: dois novos fatores de risco
Um relatório recém-publicado na revista médica "The Lancet" e escrito por 27 especialistas mundiais em demência, garante que há não 12, mas 14 fatores de risco para desenvolver a doença.
A par do cancro, a demência é, provavelmente, a doença que mais assusta o ser humano. Uma morte lenta que nos faz esquecer quem somos, que apaga da memória todos os momentos especiais das nossas vidas, que transforma os familiares e amigos mais queridos em desconhecidos, e que só pára quando não sobra nada. Terrível imaginar que poderemos passar por isso, tal como é terrível pensar que um dia os nossos pais poderão olhar para nós sem uma réstia de reconhecimento. Em 2020, um relatório identificou 12 fatores de risco para desenvolver demência. Agora, de acordo com um artigo acabado de publicar na revista médica The Lancet, escrito por 27 especialistas em demência, há dois novos fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença: o colesterol alto e a perda de visão.
Estes dois novos fatores vêm, então, somar-se aos 12 identificados anteriormente, a saber: baixa literacia, lesões na cabeça, baixos níveis de atividade física, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, hipertensão, obesidade, diabetes, perda de audição, depressão, poluição do ar e contactos sociais pouco frequentes.
De acordo com Gill Livingston, professora de psiquiatria de pessoas idosas na University College de Londres e uma das pessoas envolvidas neste estudo, os 12 riscos iniciais estavam diretamente ligados a 40% dos casos de demência. O novo relatório sugere que o tratamento dirigido aos atuais 14 fatores de risco pode ajudar a eliminar ou adiar a manifestação da demência em 45% dos casos.
Numa entrevista ao jornal britânico The Guardian, Livingston disse que é cada vez mais claro que "há muito que as pessoas podem e devem fazer" para reduzir o risco de demência. "Pessoas pelo mundo fora pensam que a demência é inevitável, mas não é. O nosso relatório conclui que é possível aumentar muitíssimo as hipóteses de não desenvolver demência ou adiar a manifestação dos sintomas", explicou a especialista.
Assim, de acordo com o novo relatório, os dois novos fatores de risco estão associados a 9% dos casos de demência. Com 7% dos casos a terem uma ligação direta a altos níveis de colesterol LDL – o colesterol "mau" – a partir dos 40 anos, e 2% dos casos a estarem relacionados com perda de visão não tratada na terceira idade.
Previsões apontadas no relatório sugerem que, em 2050, o número de pessoas com demência, a nível mundial, deverá triplicar, chegando aos 153 milhões, com os custos globais de saúde e sociais a exceder os 923 mil milhões de euros. Esta informação relacionada com os novos fatores de risco representa uma esperança de que essas previsões possam ser contrariadas e é um incentivo extra para que as pessoas estejam mais atentas e cuidem melhor da sua saúde.
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