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Viagra poderá combater o Alzheimer, afirma a ciência

Diversos estudos apontam para uma relação positiva entre a utilização de Viagra e a redução dos efeitos da doença de Alzheimer. Contudo, existem diversas explicações possíveis para o fenómeno.

Foto: Pexels
07 de janeiro de 2022 | Ana Filipa Damião

Os homens que tomam Viagra, o famoso comprimido para a disfunção erétil, são menos propensos a desenvolver Alzheimer, revelaram vários estudos. No entanto, esta descoberta poderá revelar-se uma pista falsa para o tratamento da demência, consoante a explicação que os cientistas encontrarem.

Assim, existem duas justificações plausíveis para o assunto em questão, como explicou o psicólogo Nigel Barber num artigo do site Psychology Today. 

A primeira, a mais aborrecida, de acordo com Barber, é que os efeitos do Viagra no atraso da doença são apenas um efeito secundário da sua toma. Segundo um estudo publicado no site Nature Aging, os voluntários que tomam sildenafil (vendido sob o nome de Viagra ou Revatio, por exemplo) tiveram uma redução de 69% na taxa de Alzheimer, mas as causas para tal são diversas.

Primeiro há a questão do dinheiro. A marca que foi utilizada no estudo é relativamente cara, então os seus utilizadores seriam pessoas com maior poder de compra. Além disso, indivíduos mais ricos costumam ser mais saudáveis pois têm dinheiro para consultas médicas e tratamentos que sejam necessários. E embora o dinheiro não impeça ninguém de ficar doente, a riqueza é uma vantagem pois "pessoas mais ricas tendem a ser mais instruídas, e isto reduz grandemente a incidência de demência senil", esclareceu o psicólogo no artigo. Outros aspetos a ter em conta estão relacionados com o facto dos indivíduos com mais posses terem uma vida social mais ativa e melhores condições de higiene.

A segunda explicação, que na realidade se divide em duas direções, é bem mais interessante. Supondo que a relação Viagra-demência não é apenas uma coincidência, poderemos estar prestes a descobrir um tratamento eficaz para o Alzheimer.  

Opção 1 - O Viagra melhora a saúde cardiovascular, especificamente a circulação sanguínea no cérebro, que com o tempo se deteriora.

Sabemos que, inicialmente, este medicamento foi desenvolvido para tratar a tensão arterial. Também sabemos que a função cognitiva está intimamente relacionada com a saúde cardiovascular e que quem pratica exercício físico tem uma função cognitiva melhor, afirmou o médico. Trocando por miúdos, as pessoas que levam uma vida moderadamente ativa têm maior resistência contra o declínio dos processos mentais que vêm com o envelhecimento, porque costumam ter sistemas circulatórios saudáveis.

Além disso, os homens sexualmente ativos têm por norma menos problemas de coração (uma das principais causas de morte). Com base nos dados do Caerphilly cohort study, quem tem orgasmos frequentes tem uma mortalidade muito mais baixa, cerca de 50%, o que implica uma boa saúde cardiovascular.

Opção 2 – o sexo (com ou sem recurso a Viagra) tem inúmeros benefícios a nível mental.

Um dos mais óbvios é a redução do stress, para não falar de uma maior paz de espírito e melhores noites de descanso. Ora, a redução do stress pode melhorar a função cognitiva, segundo o artigo do médico. Por fim, Barber menciona que o sexo contribui para uma boa relação a longo prazo, e que a intimidade derivada desta poderá proteger indiretamente contra doenças cardiovasculares.

Conclusão. A utilização de Viagra poderá ter um efeito direto na redução dos sinais da doença de Alzheimer, pois o medicamento tem efeitos positivos na função cognitiva e sistema cardiovascular dos indivíduos. Contudo, estes benefícios estão igualmente ligados a um estilo de vida saudável e relações sexuais frequentes. 

Saiba mais saúde, Alzheimer, Viagra, relações sexuais
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