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Alzheimer: novo teste diagnostica 15 anos antes dos sintomas

O diagnóstico da doença de Alzheimer faz-se com recurso a punção lombar e exame PET. Cientistas suecos acabam de divulgar um teste de sangue – como o do colesterol – com uma precisão de 97% e que, pela sua simplicidade, que pode revolucionar o tratamento da doença.

Foto: Getty Images
24 de janeiro de 2024 | Madalena Haderer

Cientistas suecos acabam de divulgar um teste de sangue que consegue identificar a doença de Alzheimer 10 a 15 anos antes dos pacientes apresentarem os primeiros sintomas. O teste é feito com uma gota de sangue, retirada através de uma picada num dedo, tal como o teste do colesterol. O que significa que a Alzheimer poderá, num futuro próximo, ser diagnosticada com facilidade e rapidez, por oposição ao diagnóstico atual, que é feito com recurso a punção lombar — que recolhe líquido da espinha dorsal — ou uma tomografia por emissão de positrões (PET) de amilóide, e que, pela sua complexidade, só é feito quando as pessoas começam a ter alguns dos sintomas mais comuns da doença: perdas de memória, confusão, alterações de humor, dificuldade em aprender novos tarefas, entre outros. Especialistas dizem que um teste com estas características poderá "revolucionar" o diagnóstico da doença, permitindo, por exemplo, começar a fazer rastreios a pessoas com mais de 50 anos.

Para diagnosticar a doença de Alzheimer, este novo teste mede os níveis da proteína p-tau217 no sangue – uma proteína que se vai acumulando no cérebro e que se acredita ser a causa da doença. A p-tau217 começa a concentrar-se no cérebro até 15 anos antes dos primeiros sintomas. De acordo com o estudo publicado na revista científica JAMA Network, os investigadores da universidade de Gotemburgo, liderados pelo médico Nicholas Ashton, fizeram este teste em 786 pessoas com idade média de 66 anos. Do total, cerca de um terço dos pacientes tinha perdas de memória, mas os outros, não.

Com base nos níveis de p-tau217 encontrados no sangue, os cientistas agruparam os participantes em dois grupos: muito provável ou muito improvável de desenvolver a doença. Cerca de um quinto dos participantes ficaram entre os dois grupos e tiveram de fazer uma punção lombar ou um exame PET para se saber, definitivamente, qual a probabilidade de desenvolverem a doença. Portanto, com este teste, os meios acessórios de diagnóstico continuam a ser necessários, mas em muito menos proporção – os investigadores prevêem que a sua utilização seja reduzida em 80%. De acordo com os resultados deste estudo, esta técnica de diagnóstico teve uma precisão de 97% o que a torna tão eficiente a detectar Alzheimer quanto os testes e exames actuais – só que muito mais rápida e simples.

O desenvolvimento recente de alguns tratamentos baseados em anticorpos monoclonais – que demonstraram reduzir as placas que se depositam no cérebro, retardando a progressão da doença –, faz, de acordo com os investigadores, com que o diagnóstico precoce seja de extrema importância, uma vez que quanto mais cedo começar o tratamento, mais se poderá retardar a doença.

Outros cientistas, porém, mostram preocupação em fazer testes em pessoas sem sintomas que, independentemente de terem os marcadores da doença presentes no sangue, poderão nunca a desenvolver.

Saiba mais Saúde, Investigação, Alzheimer, Diagnóstico
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