Adultos com défice de atenção enfrentam menor esperança de vida, revela estudo britânico
Estudo recente conduzido no Reino Unido aponta que adultos diagnosticados com Perturbação de Défice de Atenção e Hiperatividade (PHDA) vivem, em média, menos tempo do que a população geral. Esta redução na esperança de vida está associada a fatores de risco evitáveis e a necessidades de tratamento não atendidas.
A Perturbação de Défice de Atenção e Hiperatividade (PHDA) é uma condição crónica que, embora geralmente associada à infância, persiste em cerca de 90% das pessoas diagnosticadas durante essa fase. Afetando 3% da população adulta em Portugal e no mundo, o impacto da PHDA na saúde física, mental e nas condições sociais é inegável, contribuindo para problemas significativos ao longo da vida.
Um estudo realizado no Reino Unido, envolvendo 30 mil adultos diagnosticados com PHDA, investigou pela primeira vez a ligação entre este transtorno e a esperança de vida, utilizando registos de saúde entre 2000 e 2019. Os resultados mostram que homens com PHDA vivem, em média, menos 6,8 anos, enquanto as mulheres perdem 8,6 anos em comparação com a população geral. Estas conclusões são um reflexo das múltiplas adversidades enfrentadas por estes indivíduos ao longo da vida.
Os adultos com PHDA apresentam maior probabilidade de sofrer de condições de saúde mental e física, incluindo doenças cardiovasculares, depressão e risco de suicídio. Além disso, enfrentam desafios socioeconómicos como insucesso escolar, desemprego e exclusão social. Estes fatores são frequentemente acompanhados por comportamentos de risco, como o uso de substâncias, o tabagismo e padrões inadequados de sono.
Apesar disso, os investigadores sublinham que esta redução na esperança de vida não está relacionada apenas com a PHDA em si, mas também com fatores de risco modificáveis e a falta de acesso a cuidados de saúde adequados. O estudo sugere que o diagnóstico precoce, combinado com tratamentos contínuos e programas de apoio, pode mitigar os impactos negativos.
Outro ponto levantado pelo estudo é a diferença significativa entre o número de diagnósticos registados e a prevalência estimada do transtorno. Apenas uma fração das pessoas com PHDA está diagnosticada, o que significa que muitas estão sem o suporte necessário, agravando os riscos para a saúde e o bem-estar.
Estes resultados são um alerta importante para os sistemas de saúde e políticas públicas, que devem priorizar a deteção precoce, o acompanhamento regular e a promoção de condições de vida mais saudáveis para pessoas com PHDA. Combater as desigualdades associadas a este transtorno exige não só ações individuais, como também mudanças estruturais na forma como a sociedade encara e apoia estas pessoas.
Este estudo é mais do que uma análise estatística; é um apelo à ação. Destaca como o PHDA afeta profundamente a vida de milhões de pessoas e como, com os recursos certos, é possível reduzir significativamente as desigualdades em saúde e oferecer melhores perspetivas de vida.
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