O grande vinho do Douro que escapou aos críticos
Antónia Adelaide Ferreira é um vinho de edição limitada, lançado pela maior empresa de vinhos do país, a Sogrape. Como passou ao lado da maioria dos críticos não se percebe, mas ainda bem que assim foi…
O Parcelas e o Ícone são ótimas novidades que nos chegam da Herdade do Peso, no Alentejo, e a Quinta dos Carvalhais há muito nos habituou aos seus excelentes brancos e tintos do Dão. Pelo meio, surgiu a Série Ímpar, que já foi de Lisboa ao Douro, do Alto Alentejo à Bairrada, para nos apresentar vinhos boutique, muito especiais e quase irrepetíveis. É verdade, a Sogrape produz grandes vinhos por todo o país, mas é no Douro que guarda os seus maiores tesouros. Como o Legado, um "vinho de vinha", que nasce numa parcela centenária plantada em socalcos pré filoxéricos, para lá de "onde o diabo perdeu as botas", como muito provavelmente está marcada a morada da Quinta do Caêdo. E temos o Barca Velha, evidentemente, esse vinho que Nicolau de Almeida sonhou, nos anos 50, que seria o melhor de Portugal, e um grande no mundo, do qual teremos uma nova edição em breve − e, quem sabe, a maior declaração de Barcas Velhas consecutivas (ver mais em baixo).
Só que a Sogrape esconde outra joia, muito diferente dos anteriores e ainda mais limitado em quantidade. Trata-se do Antónia Adelaide Ferreira, um vinho que pretende homenagear essa figura maior do Douro, assim como a região, uma vez que reúne uvas do Cima Corgo e do Douro Superior, os dois terroirs mais emblemáticos e onde a Casa Ferreirinha tem as suas quintas. Esta edição de 2019 chegou até nós limitada a 2666 garrafas, o que também é um bom indicador de que não devem ser muito supersticiosos na empresa.
O AAF fazia inclusivamente parte do portfólio da Casa Ferreinha desde 2011, quando a empresa decidiu lançar a homenagem, por ocasião da comemoração dos 200 anos de nascimento de Dona Antónia. O sucesso ditou os lançamentos seguintes e o surgimento de um branco, até que em 2023 se tomou a decisão de "lançar o tinto de forma individualizada, conferindo maior destaque ao seu propósito inicial", como esclarece a Sogrape. Ganhou também uma imagem personalizada onde, para além da figura de Dona Antónia, surgem bem visíveis os célebres socalcos aos quais dedicou a sua vida.
Luís Sottomayor, enólogo deste e de todos os outros vinhos da Sogrape no Douro, foi selecionar uvas à Quinta da Leda, à Quinta do Seixo, do Sairrão e à Quinta do Porto, uma das casas de Dona Antónia, para produzir esta edição. Tem percentagens quase iguais de Touriga Nacional e de Touriga Francesa (40%), seguidas por um field blend de Vinhas Velhas e uma pequena percentagem de Sousão, que lhe acrescenta acidez e alguma cor. O resultado fermentou e estagiou cerca de 8 meses em barricas e outros 24 meses em tonéis, maiores, sempre de carvalho francês e de madeira usada, para "marcar" menos o vinho. Desses lotes foram depois selecionados apenas aqueles que atingiam o patamar que Sottomayor exige para "podermos engarrafar o melhor do Douro e prestar o devido tributo a Dona Antónia". Um vinho de acidez viva, de corpo sólido, e com taninos firmes, embora muito bem integrados, que permitem ao vinho destacar-se sobretudo pela elegância. É sedutor, volumoso e com um belo toque de especiarias, pelo que fará excelente companhia a carnes vermelhas, de caça e até queijos. Está já num ponto excelente de evolução, mas tenderá a ganhar algo em garrafa por mais uns 5 ou 10 anos − sendo que a longevidade será ainda superior.
Então e o Barca Velha?
Em sentido contrário - em termos de atenção mediática entenda-se -, seguiu a declaração de que este seria ano de Barca Velha. Tendo a Sogrape anunciado que a colheita 2015 tinha sido entronizada e que o vinho chegará ao mercado ainda antes do verão. O destaque que os media deram ao anúncio é compreensível, afinal, trata-se do mais famoso vinho de mesa premium nacional, o único capaz de gerar conversas mesmo entre quem nunca o provou e que apenas é editado em raríssimas ocasiões. Ou será que não? Porque o anúncio deixou-nos a pensar, se 2015 "já" é Barca Velha, e sabendo nós que 2016 e 2017 são considerados anos clássicos nos vinhos do Porto Vintage, significa isto que vamos assistir a três declarações de Barca Velha seguidas? Seria um feito na história de um vinho que, em 72 anos, apenas conheceu 20 declarações − 21 agora. Podemos até ter a série mais incrível de sempre, porque as colheitas de 2018 e de 2019 também permitiram produzir vinhos de qualidade muito elevada como, aliás, este AAF nos prova tão eloquentemente. Aceitam-se prognósticos, porque a aposta vale uma garrafa de Antónia Adelaide Ferreira tinto!
Receita. Bife regional dos Açores do chef Duarte Rodrigues
Talvez um dos pratos mais degustados em todo o mundo, em várias versões, com acompanhamentos distintos e de matérias-primas diferentes origens. Este, é novilho dos Açores.
Associação Viveiro promove a cultura gastronómica da região de Aveiro
O primeiro evento deste tipo destaca-se por desafiar os participantes a descobrir a riqueza local da cidade. Sob a orientação do chef Ricardo Costa, natural da região, as atividades arrancam a 4 de maio e estendem-se até ao dia 14 de dezembro.
Oito hotéis Tivoli, oito chocolates para a Páscoa
Os hotéis Tivoli celebram a quadra com uma coleção de edição limitada de chocolates feitos pelo Glee Boutique Café.
Receita. Cabrito no forno, espinafres, batatas e maçã assada pelo chef Vitor Sobral
O chef e a Miele juntaram-se para celebrar a Páscoa com uma receita tradicional que serve 10 pessoas. Aprenda a fazer.
No Convento do Beato, em Lisboa, premiou-se o talento nacional no que respeita à gastronomia, ao mesmo tempo que se assinalou o empoderamento feminino, com o cocktail e um jantar de gala exclusivamente criado por quatro chefs portuguesas: Justa Nobre, Ana Moura, Marlene Vieira e Sara Soares.
Das entradas às sobremesas, o sabor intenso da trufa d’Alba delicia o inverno no restaurante italiano, em Sintra.
Um Pinot Noir sem nada a temer dos borgonheses, um espumante que não é branco nem rosé, mas Baga, e três vinhos de terroir de vinhas muito velhas. A Casa da Passarella foi ao passado abrir caminho para os vinhos de amanhã, e o resultado é francamente especial.
Em novembro preparam-se as videiras para as chuvas e para o novo ciclo que se inicia. As folhas caem e a planta entra em hibernação antes de se iniciar a fase da poda. Para muitos, o mês mais tranquilo nas vinhas.