James Martin’s: o whisky que os portugueses não esquecem
A Glenmorangie acaba de lançar um James Martin’s de 44 anos composto apenas por whiskies de malte. Será o melhor James Martin’s de sempre, mas não custa barato...
Trata-se da primeira vez que a James Martin’s lança um whisky exclusivamente de malte. Um blend feito com lotes raríssimos e muito antigos, mas com toda a suavidade pela qual a marca é reconhecida. Está disponível numa edição superlimitada e apenas para Portugal, pois, ao que parece, temos um lugar especial no coração da marca escocesa.
Estes whiskies de malte chegam-nos do já longínquo 1980, um bom ano para o Vinho do Porto e para a música nacional – quando Rui Veloso editou o seu primeiro LP, Ar de Rock, e o single Chico Fininho. Mas se 40 ou 44 anos são relativamente habituais no Vinho do Porto, para um whisky é uma raridade, o que torna este James Martin’s numa coisa ainda mais especial.
Desde 2013 que a James Martin’s apenas lança edições especiais, o que aconteceu em duas ocasiões, uma com um whisky de 32 anos e outra de um com 35. Ambas sob a direção de Bill Lumsden, o diretor de destilação e criação da Glenmorangie, e uma figura quase tão famosa neste universo quanto James Martin foi no seu tempo. É o próprio Lumsden quem nos explica que procurou juntar os melhores elementos desses dois whiskies para fazer um grande 44. Um "best of", diz ele, destacando que o maior desafio foi "usar maltes tão antigos e, ainda assim, manter o caráter e a delicadeza habituais da James Martin’s".
"Sem falsas modéstias", conclui o Lumsden, "todos na Glenmorangie Company, e especialmente na minha equipa, estamos muito orgulhosos daquilo que conseguimos criar."
"Aquilo" é, afinal, o whisky mais velho de sempre da James Martin’s, envelhecido em barris de ex-Bourbon e ex-Xerez em partes iguais e, pela primeira vez, feito sem a inclusão de whiskies "de grão".
Trata-se de uma edição limitada a 498 garrafas apenas, todas numeradas e de inspiração Art Déco. Com uma embalagem luxuosa e preço a condizer, 990 euros, mas que não parece demover os entusiastas. Um dos colecionadores que viajaram connosco até Edimburgo para conhecer o whisky comentava: "Vai certamente esgotar, e vou tentar comprar o máximo de garrafas que conseguir. Aliás, se me vendessem todas, comprava já."
Whisky "de grão" vs de malte
A maioria dos whiskies escoceses é produzida a partir de um lote que combina whiskies de malte e "de grão", feitos de cereais como milho ou trigo. A proporção de malte no blend varia conforme a qualidade: whiskies mais comuns, como Johnnie Walker Red Label ou Famous Grouse, têm cerca de 20% a 25% de malte; já os premium podem atingir 40% a 50%. Casos com 60%, como o James Martin’s de 35 anos, são raríssimos.
Já os de malte, ou seja, feitos exclusivamente de cevada maltada, tanto podem ser blends (de diferentes destilarias) ou single malt (de uma única destilaria). Estes últimos são considerados mais puros e tidos como a melhor expressão do terroir.
O Legado de James Martin’s
A James Martin’s sempre foi uma bebida de reis e de grandes viajantes. Teve o aval de Eduardo VII de Inglaterra (esse, o do parque) e da Casa dos Lordes. Era o whisky de eleição a bordo dos grandes transatlânticos, como o Queen Mary ou o Queen Elizabeth, e chegou a ser o whisky premium mais vendido em ambos os lados do Atlântico – ou, pelo menos, em Portugal e nos Estados Unidos.
Depois da morte do fundador, em 1899, a marca foi representada pela Macdonald & Muir, empresa que deu origem à Glenmorangie que, em 2004, foi adquirida pelo grupo Louis Vuitton Möet Hennessy. E foram já os franceses quem tomou a decisão de produzir exclusivamente whiskies single malt.
Teria sido a certidão de óbito da marca, não fosse por este cantinho à beira-mar plantado. Portugal nunca se esqueceu da James Martin’s e, após muita insistência, lá surgiram as primeiras edições exclusivas para Portugal, como o James Martin’s de 32 anos, lançado em 2022 por 390 euros, e o de 35 anos, em 2023, por 750 euros. Este último, com apenas 678 garrafas, esgotou rapidamente e hoje atinge preços superiores a mil euros no mercado secundário.
James Martin’s 44 anos
Bill Lumsden é o primeiro a admitir o quanto a decisão de fazer renascer a marca lhe agradou. Tendo entrado para a Glenmorangie no ano da compra, ainda foi responsável por levar um James Martin’s à medalha de ouro e agora, "graças aos nossos amigos de Portugal, tenho a sorte de, de vez em quando, me poder dedicar a criar um blended whisky. Gosto de experimentar whiskies de perfil um pouco diferentes e o James Martin’s dá-me essa hipótese". Ainda assim "respeitando sempre o caráter do whisky" que caracteriza como tendo no perfil "laranja caramelizada, caramelo e alcaçuz. De forma mais ou menos evidente, estes três elementos têm de estar presentes".
Isso mesmo podemos comprovar em prova vertical realizada em Edimburgo, onde se compararam os clássicos de 20 e 30 anos com os atuais de 32, 35 e 44 anos. O de 32 destava-se pela elegância floral, o de 35 pelo corpo robusto, mas o de 44 era a perfeita fusão de ambos. Suavidade, com uma profundidade e riqueza incomparáveis. Sem dúvida, um whisky para ocasiões muito especiais – ou para investir.
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