Invisível, o branco de uvas tintas que é um caso sério de sucesso
Todos os anos, no dia 1 de abril, a Ervideira lança o Invisível, um vinho branco feito com uma casta tinta. Parece mentira, mas juramos que é verdade.

Tudo começou com uma coincidência. Ou melhor, tudo começou com uma visita de estudo, mas já lá vamos. Por agora fiquemos com esta coincidência que aconteceu em 2010. Nesse ano, a Ervideira lançava o seu primeiro Invisível – colheita de 09 − e Nelson Rolo enviou uma série de mensagens a todos os seus contactos a anunciar a novidade. As respostas surpreenderam o enólogo, uma vez que a maioria encarou a notícia como uma brincadeira de dia 1 de abril. Calhou que era mesmo Dia das Mentiras, e esta coisa de lançar um Blanc de noir era algo inaudito em Portugal.
Desde então tornou-se um hábito lançar o Invisível todos os anos nesta mesma data. Mesmo que o vinho esteja pronto antes, esperam mais um par de dias ou semanas para fazer o anúncio. Assim se criam tradições e o Invisível bem merece a sua.

Tivemos recentemente a oportunidade de provar um desses vinhos da colheita original, e embora seja evidente a passagem dos anos (afinal, não é um vinho de guarda), a verdade é que ainda se nota bem o caráter doce e frutado. Desde então passou muita colheita pela adega e o Invisível já não é o mesmo. Tem muito menos açúcar residual, está mais seco e com mais acidez. Este, de 2022, é muito mais fresco, com excelente estrutura e notas cítricas e mentoladas. Pelas suas caraterísticas é um vinho que se presta até a ser bebido a diferentes temperaturas, ganhando diferentes aptidões em cada uma. Tirámos essa prova a limpo com o vinho à temperatura a que sai do frigorífico, por volta dos 4 ou 6 graus, depois um pouco menos frio, por volta dos 11, e finalmente aos 16 tradicionais para vinho tinto. Pareceu-nos que aqui, também, a virtude está no meio, e aos 11º revela toda a sua complexidade aromática, o que não acontecia antes nem depois. Mas este é definitivamente um vinho bastante versátil, capaz de acompanhar uma refeição japonesa de sushis e sashimis até um belo assado tradicional de porco. É fantástico à mesa.

Desde essa longínqua colheita de 09 o Invisível afirmou-se como um dos grandes vinhos nacionais, com quase 1 milhão de garrafas vendidas. É um dos três vinhos da região, juntamente com o Cartuxa e o Esporão Reserva, que sendo vendidos acima dos 13 euros conseguem volumes superiores às 130 mil garrafas. Esta 14.ª edição, aliás, chega ao mercado com 135 mil garrafas, o maior lote de sempre do maior sucesso da casa.
Hoje em dia é mais normal ouvir-se falar de brancos de tintas, como é o caso do Quinta Nova Blanc de Noir Reserva Branco, com Tinta Roriz (difícil de encontrar, mas excelente) ou do Pegos Claros Blanc des Noirs Castelão Branco, de Setúbal, assim como alguns exemplos à base de Touriga Nacional, mas o Invisível é certamente o mais conhecido. A casta presente é o Aragonez, que no Dão e no Douro também se chama Tinta Roriz. Em Espanha chamam-lhe Tempranillo, ou Vinha Toro do outro lado da fronteira com Trás-os-Montex, e é a casta ibérica por excelência. Produz bem vinhos concentrados, aromáticos e com um grau alcoólico, e é por isso que este branco chega aos 13 volumes.
Produzir um blancs de noir nem sequer é muito difícil. Basta remover as cascas e películas das uvas após a sua prensagem, deixando o sumo limpinho e sem cor. Claro que há mais alguns truques, no caso do Invisível, como fazer a vindima totalmente noturna, para haver menos luz e temperaturas mais baixas, o que é importante para reduzir a oxidação e anular fermentações indesejadas. O transporte para a adega também é feito em camiões refrigerados. Este tipo de vinhos também não chegam a ser uma novidade, e há séculos que os franceses o fazem na região de Champanhe. Sobretudo com a casta Pinot Noir, sendo que por cá também usamos muito a Baga, para espumantes. A raridade está na produção de vinhos de mesa tranquilos, e isso só aconteceu porque o administrador da Ervideira, Duarte Leal da Costa, embarcou numa visita por França (a tal visita de estudo que falávamos no início do texto), onde aproveitou para trazer alguns exemplares consigo. E depois organizou uma prova com o enólogo Nelson Rolo. Foi o próprio Leal da Costa a admitir que a prova não correu como esperava, com Nelson Rolo a afirmar mesmo que se recusava "a fazer uma "m**** destas". Leal da Costa ter-lhe à então respondido que podia tentar fazer uma "’piiii’ daquelas" mas em bom. O resto já faz parte da tradição.LETRA, a cerveja artesanal portuguesa que vem do Minho
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