É bom garfo? Siga estas tendências
A consciência ecológica nunca esteve tão presente nas nossas mentes – e mesas, tanto pela predileção de comida plant based, como pelo cuidado no que toca às embalagens e ao desperdício alimentar. Mas mais, um certo vírus também está a ditar tendências no que toca às nossas rotinas alimentares e à indústria da restauração.
Se o prognóstico do ano passado quanto ao futuro da nutrição, apontava para a aquaponia, a carne análoga ou mesmo os insetos como pujantes tendências alimentares, a verdade é que pelo meio aconteceu uma pandemia. Assim, as previsões alimentares para 2021 aparecem adaptadas à nova realidade, mas igualmente com a consciência social e ecológica que o planeta exige.
1. Interação humana nos mínimos
Lembra-se de quando beber um copo com amigos era o momento alto da sua sexta-feira? Ou como um brunch animava os seus serões de domingo – dia por norma dedicado a sentimentos depressivos – ou ainda como um jantar romântico resolvia qualquer aborrecimento com o seu parceiro? Pois é, em 2021 (continua) a não haver nada disso. Sim, a vacina já chegou, mas a pandemia ainda não deu sinais de abrandar. Por isso, tudo será monitorizado ao mais ínfimo pormenor: o horário condicionado, as máscaras obrigatórias, o álcool gel sempre visível, os pagamentos contactless, o menu digital, ou seja, tudo aquilo a que já está habituado por esta altura e, provavelmente, mais ainda. Para a Forbes, este será mesmo o grande desafio da restauração "conseguir uma experiência social afável e feliz", sem negligenciar as diretrizes para a saúde.
2. Comida que toca à campainha
A grande adaptação dos restaurantes à pandemia passou pelo aumento exponencial destes serviços: o take away e as entregas ao domicílio. Na verdade e neste segundo confinamento que vivemos, esta parece ser uma das soluções para o sector. O chef Lubomir Stanisic já aderiu com o serviço 100 Maneiras 2 Go, tal como o chef Vítor Sobral, que há muito trabalha estas opções. E a Volup, app de serviços de entrega premium em casa, especializou-se na entrega de pratos de chef em casa. A experiência do consumidor prevê-se, pois, cada vez mais afinada, com a tecnologia preditiva, no desenvolvimento de plataformas que rastreiem preferências e não só, tornando esta prática o mais intuitiva possível. De acordo com o The New York Times, os analistas consideram mesmo que estamos apenas no início, pelo que pode haver aqui uma revolução semelhante ao que aconteceu com o fast food. No final, não se esqueça, deixe uma gorjeta simpática – uma forma direta de prestar o seu apoio.
3. Repensar o passado
Ainda sobre este sector, e apesar das contingências sanitárias exigidas, prevê-se, mais do que tudo, um reset. A consultora de restauração Baum + Whiteman considera que só em 2024 os restaurantes com serviço de mesa voltem a prosperar como antes. Mas será que queremos o antes para o futuro? As alternativas variam entre a a abertura de espaços pop-up, como fez, por exemplo, A Cavalariça (que se mudou temporariamente da Comporta para Lisboa), showcokings, chefs que vão cozinhar a casa ou aulas de culinária online, como faz Gordan Ramsay. O caminho pode ser mesmo por aí, pela reinvenção. Segundo a revista Forbes é uma questão de tempo até os modelos de negócio mais tradicionais encontrarem de novo um equilíbrio que os sustente.
4. Comida de conforto
Em março, todos passámos a ver com outros olhos as quatro paredes de nossa casa. O mesmo se passará no futuro, antevemos. O que aconteceu, entre muitas outras mudanças, foi uma alteração à nossa disposição para uma alimentação caseira. Quem não aderiu ao desafio pão-de-banana-no-forno que levante a mão. E os pãezinhos de queijo ou a massa fresca? Sim, passámos a cozinhar mais em casa, e a ter gosto nisso! Tempo não nos faltou, verdade seja dita, pelo menos para a maioria. E até mesmo as celebrações foram pensadas de forma diferente, com bolos de aniversário caseiros a superar expetativas e claro, o mundano café de rua a ser substituído por outras opções, até monetariamente mais aconchegantes. A criatividade parece brotar mesmo a partir de casa, uma reinvenção do espaço cozinha. Um retorno ao conforto, que começou como uma obrigação, que afinal até não foi assim tão má.
5. Vai-te desperdício
Desperdiçar comida e os recursos do planeta não é de todo cool – alguma vez o foi? Só na Europa, são desaproveitadas 88 milhões de toneladas de alimentos, com um custo adjacente de 143 biliões de euros, Portugal com responsabilidade incluída. A Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar faz a sua parte, já que o cenário não é para meninos. Mas ao mesmo tempo tem havido uma consciência crescente de todos em rejeitar o desperdício, nas suas várias fases de produção, desde o processo agrícola, passando pela indústria, até chegar ao consumidor final – sim, há desperdício em todas estas fases. No restaurante Tsukiji do chef Paulo Morais, até as escamas do peixe são aproveitadas para fazer chips. Ao mesmo tempo surgiram plataformas como a Too Good Too Go, que disponibiliza excedentes alimentares em ótimas condições e a preços simbólicos ou mesmo a Refood, que luta pelo fim do desperdício ao mesmo tempo que combate a fome e a pobreza e consciencializa a população local.
6. Embalagens verdes
Na indústria cosmética os rótulos eco-friendly multiplicam-se e as alternativas às embalagens tradicionais envoltas em plástico, são cada vez mais. Na restauração e no comércio começa-se agora a luta por um caminho semelhante. Há dificuldades, isso sim: na prática sai mais caro aos vendedores e é mais complexo para os compradores, como o site BBC Good Food, ligado à nutrição, nos lembra. Mas a política tem de enveredar por esse caminho, com o público e o vendedor a habituarem-se a este novo paradigma. Temos a fruta não embalada, as palhinhas feitas dos mais incríveis materiais, o cartão, nas suas variadas formas a substituir o plástico nas entregas e o refill como melhor amigo. Até a compra de vinho, por exemplo, pode ser pensada de outra forma, já que as garrafas de vidro representam cerca de dois terços da pegada de carbono desta indústria, fazendo das embalagens sustentáveis uma melhor opção.
7. Comida pelo bem
A ascensão da alimentação plant based é feita de alimentos e nutrientes na sua forma mais pura, numa rejeição pelo consumo animal ou processado e num apelo aos vegetais integrais. 2021 é o seu momento alto. O futuro parece passar muito por aqui e as dúvidas quanto aos malefícios da carne, por exemplo, na saúde estão-se a dissipar, até porque a pegada ecológica deste alimento não está nada em linha com as necessidades do planeta. É importante incorporar uma alimentação mais consciente nas nossas rotinas, seja pelo aumento do consumo de proteína de fontes vegetais ou pelo deleite com ótimos pratos que, por acaso também são veganos, refere o Delish, site britânico de receitas, tendências e notícias nesta área. Comece por visitar restaurantes como O Botanista ou o My Mothers Daughter's, com produtos 100% vegetais, frescos e de preferência biológicos.
8. Mais intuição, por favor
A maneira como nos relacionamos com a comida é também muito importante. E não deve ser deixada de lado. Na área de nutrição fala-se cada vez mais em intuitive eating, ou comer intuitivamente. Esta forma de alimentação com consciência é também uma hipótese de nos reconectarmos com a nossa fome biológica. Um método que ensina a comer de forma natural, que implica ouvir o próprio corpo. Oriente-se com um helth coach certificado, por exemplo Claúdia Fonseca da Holística ou junto de um nutricionista. No fundo, é um não às dietas como as conhecemos.
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