Gasolina ou gasóleo? Eis a questão
Com os preços dos combustíveis de pernas para o ar – gasóleo mais caro que gasolina – a Mazda respondeu a esta pergunta "shakespeareana". Vejamos o que nos diz o teste a este CX-5 2.0, um gasolina que se comporta (quase) como um diesel.
Desde há vários anos que a Mazda aposta na continuação e desenvolvimento dos motores de combustão interna de última geração. Primeiro, porque estava algo atrasada na moda súbita, e às vezes cega, dos elétricos; e segundo porque a eletrificação é muito bonita, claro que é, mas o mercado automóvel global ainda não está completamente preparado para ela. Dito isto, o fabricante japonês possuía – possui – uma família de motores de combustão que faz parte de uma estratégia mais alargada de futuro tecnológico: a linha SKYACTIV (tracinho-D ou tracinho-G, consoante... adivinharam). A aposta da Mazda apoia-se em motores de combustão interna com altas taxas de compressão – já lá iremos.
Este test-drive foi feito com um Mazda CX-5 deste ano (MY 2022), equipado com um motor 4-cilindros 2-litros a gasolina que debita 165 cavalos. Não é uma potência exagerada para um 2000 cm3, dir-me-ão, e com razão. Não é, de facto, e tal cilindrada acomodaria bem uma potência mais consentânea, por exemplo, 190 cavalos, ou mesmo 200 ou duzentos e pouco, para ultrapassar essa fasquia imaginária. Mas a Mazda privilegiou aqui o binário e a facilidade de utiização nas zonas mais baixas das rotações. A alta taxa de compressão aproxima-o mais de um motor a gasóleo do que aquilo que estamos habituados a esperar de um gasolina. O uso da caixa de velocidades (manual de 6, como na unidade testada, embora exista como opção uma automática também de 6) ajuda a um comportamento pausado, calmo, refletido – porque, convenhamos, em ritmo de rally não haverá consumo que nos valha.
Calma e ponderação são, de resto, atributos a que o CX-5 convida: ambiente interior repousado, de boa qualidade apercebida ao nível dos materiais e dos acabamentos, equipamento tecnológico de bom nível, em suma, está-se bem dentro dele. A resposta deste Mazda é também ela calma: um comportamento irrepreensível, um pisar da estrada seguro, confortável, fácil de dominar. Não é um carro para jovens tresloucados, de pelo na venta, é antes um carro para um(a) condutor(a) mais maduro(a), de bem na – e com a – vida, que já aprendeu que o mais importante na viagem não é o destino – é a própria viagem.
Na presente conjuntura económica – inflação galopante, preços dos combustíveis em alta, reversão da situação gasolina/gasóleo, com este último a revelar-se mais caro que o primeiro – os cálculos tornam-se cada vez mais necessários na hora de decidir uma compra. Necessários, mas difíceis de fazer.
Um veículo diesel é sempre mais caro que o seu equivalente a gasolina. E, por norma, é mais comedido no consumo, os litros que consome a cada 100 km. Justifica-se (ou justificava-se) mediante a maior quilometragem que seria suposto percorrer e a economia de consumo que proporcionava. Com o litro do gasóleo (artificialmente) mais barato, ao fim de "xis" milhares de quilómetros percorridos amortizava-se a diferença de preço na compra e começava-se, finalmente, a obter uma poupança. Regra geral, isto costumava verificar-se ao fim de 120 mil, 150 mil, 180 mil km, altura em que esse diferencial de preço era amortizado.
Mas atualmente, com o gasóleo mais caro que a gasolina, o que fazer? O preço do veículo a gasóleo à saída do concessionário continua a ser mais caro do que o seu equivalente a gasolina; o consumo (litros aos 100) mantém-se menor; mas se o litro do gasóleo está cinco, 10, 12 cêntimos mais caro do que o da gasolina, mais quilómetros serão necessários para amortizar essa diferença na compra. Leia-se muitos mais quilómetros.
Entra nesta equação o Mazda CX-5 e os dados baralham-se ainda mais: trata-se de um gasolina, sim, e grande e pesadito, pois (1425kg em vazio, 4,58m de comprimento por 1,85m de largura e 1,68m de altura; distância entre eixos de 2,70m), características que, não há muito tempo, significariam que nem uma unidade se venderia no nosso mercado, tal o "pânico" que criava nos potenciais clientes. Só que o seu consumo é – foi-o, neste test-drive, medido mais do que uma vez e calculado com prova dos noves e tudo – uma agradável surpresa: uns surpreendentes 6,8 litros aos 100km. Ou seja, um consumo muito aceitável para um carro com estas características (consumo real, entenda-se, incluindo cidade, estrada e auto-estrada) e que vem aproximar-se ainda mais do que seria expectável num diesel, coisa que complica ainda mais as contas.
No fim delas, o que fazer? Optar por um gasolina ou por um diesel? Pela amostra exposta, o Mazda CX-5 2.0 a gasolina (linha de equipamento Newground) custa 39,638 euros, enquanto o seu correspondente a gasóleo (com um 2.2 de 150cv) salta para os 48,022 – são mais de 8300 euros de diferença, vai ser preciso percorrer muito quilómetro para amortizar... isto aponta claramente para a versão a gasolina, muito embora deixe de fora a questão da eletrificação: apenas combustão interna? Solução híbrida? E, nesse caso, mild hybrid ou plug-in? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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