Conversas

Small Portuguese Hotels: a marca portuguesa que se quer tornar uma referência no Turismo

Pedro Colaço conta-nos como criou a Small Portuguese Hotels em plena pandemia, conseguindo reunir 140 hotéis independentes, espalhados por todo o país. Agora quer ajudá-los a crescer.

L'and Vineyards Resort, Montemor-o-Novo
L'and Vineyards Resort, Montemor-o-Novo Foto: D.R.
07 de outubro de 2021 | Bruno Lobo

Em maio de 2020, o turismo em Portugal – e todos os negócios dele dependentes – encontrava-se numa situação particularmente delicada. Ninguém viajava e os indicadores não prometiam uma rápida melhoria. Foi assim, com todos os alertas a soar, que a GuestCentric decidiu que tinha de fazer alguma coisa para ajudar os seus clientes.

A GuestCentric é a plataforma de reservas online e de websites de hotelaria mais utilizada em Portugal e, felizmente, já tinha o embrião de uma solução dentro do grupo, o chamado Great Hotels of the World. Trata-se de uma marca internacional, com meia centena de hotéis de grande dimensão, todos muito virados para o bleisure, que é como quem diz a mistura entre negócios (business) e lazer. No fundo, hotéis com todas as condições para receber grandes grupos, eventos ou colóquios. Claro que a solução não passava por replicar a mesma plataforma, mas sim fazer dos números força e das sinergias uma arma. Foi assim que surgiu a Small Portuguese Hotels (SPH), uma cadeia de pequenos hotéis independentes, cada um com uma identidade muito própria e fortemente enraizada na tradição local, mas que em conjunto oferecem uma das maiores e mais diversificadas ofertas para quem procura alojamento em Portugal: "uma marca verdadeiramente portuguesa, feita por portugueses e para empresas hoteleiras portuguesas", explica-nos Pedro Colaço, CEO do grupo.

A oferta da SPH passa por hotéis, casas de campo e até alojamentos locais ou guest houses, espalhados por todo continente e ilhas, em três categorias: Essential, Superior e Luxe – "para satisfazer todo o tipo de férias e orçamentos", esclarece Pedro Colaço.

Pedro Colaço, CEO da Small Portuguese Hotels (SPH)
Pedro Colaço, CEO da Small Portuguese Hotels (SPH) Foto: D.R.

MUST: A SPH surgiu em plena pandemia, mas a ideia já vinha de trás ou foi uma resposta à crise?

Pedro Colaço: Em maio 2020, o Turismo e os negócios locais que dele dependem sofreram uma quebra significativa, e atravessavam um período de grande instabilidade, pelo que a Small Portuguese Hotels (SPH) nasceu com o propósito de incentivar os portugueses a descobrir o que de melhor há em Portugal. É um projeto feito por portugueses e para portugueses, que cobre todo o território nacional e permite chegar a muitos públicos, desde famílias a casais ou jovens adultos. Todos interessados em visitar Portugal, ao mesmo tempo que apoiam hotéis independentes e a economia local.

Quais são as vantagens em reservar através do site?

A principal vantagem é o programa de Cashback, onde os clientes podem beneficiar de 5% do valor da sua reserva, após o check-out, para usar em compras online. Atualmente, a SPH é a única cadeia hoteleira a integrar um programa como este.

As reservas são feitas diretamente com cada hotel, e esta proximidade é especialmente relevante uma vez que o cliente terá mais facilidade e flexibilidade caso seja necessário alterar a estadia ou entrar em contacto com o hotel.

Depois, há toda uma panóplia de benefícios que advêm das parcerias realizadas. Por exemplo: os sócios ACP usufruem de 5% de desconto adicional e temos ainda uma parceria com a GALP através da qual oferecemos um vale de 6€ por reserva, para descontar em combustível em qualquer posto de abastecimento da marca. De realçar ainda uma vantagem de responsabilidade social, pois a SPH doa 1% do valor das reservas à Rede de Emergência Alimentar em Portugal.

Aldeia da Fonte hotel, Açores
Aldeia da Fonte hotel, Açores Foto: D.R.

Existe algum critério para a entrada dos hotéis na rede?

Sim, queremos ter muitos tipos de alojamento na SPH, e de várias categorias. No entanto, todos os hotéis devem alcançar pelo menos 8/10 em termos de opiniões de clientes publicadas online e também possuir o selo Clean & Safe do Turismo de Portugal.

Para um hotel, quais são as vantagens em fazer parte desta associação?

Os pequenos hotéis precisam de estrutura e dimensão que lhes confira mais visibilidade. A SPH dá-lhes acesso ao know-how da Great Hotels of the World – uma equipa com provas dadas com hotéis internacionalmente – e a uma marca especializada em ações de marketing digital que lhes dá visibilidade no mercado nacional e internacional. Estes serviços completam-se com um site e motor de reservas que maximiza a conversão das reservas diretas. Além disso, negociamos parcerias com marcas como o portuguesas, como ACP, Galp, CTT ou SAPO, que trazem visibilidade e mais clientes.

Convento do Espinheiro, Évora
Convento do Espinheiro, Évora Foto: D.R.

Tiveram a adesão de mais de 140 hotéis. Qual era o objetivo para este primeiro ano?

Criámos a marca em menos de 100 dias, angariámos mais de 140 hotéis de norte a sul do país e ilhas, construímos o site da marca e negociámos parcerias comerciais e de marketing. Tudo isto em plena primeira vaga, já que lançámos o projeto em junho de 2020. Em seis meses as reservas triplicaram. O SPH foi "o" projeto de 2020, e consideramos que foi um sucesso. Mas continuamos a montar campanhas de metasearch e Google Hotel Ads para os nossos hotéis membros, lançámos o site em inglês, e assistimos já a um crescimento significativo de visitas e reservas de hóspedes internacionais.

A SPH pretende ser uma associação como a Relais & Châteaux ou Small Luxury Hotels?

A SPH é uma "soft brand" como essas, mas de outra escala. Só temos hotéis em Portugal, e estamos focados em potenciar reservas diretas, via site, e parcerias negociadas com marcas geradoras de clientes diretos. Temos em comum uma vontade de trabalhar com hotéis independentes de qualidade, com personalidade e identidades muito próprias, as quais, na nossa opinião, enriquecem a oferta turística em Portugal.

Então também não pretendem ser uma espécie de Booking…

A SPH é muito diferente de uma agência de viagens online como a Booking. O foco é, como já referi, potenciar as reservas diretas com os hotéis. Além disso, não trabalhamos com todos os hotéis em Portugal, apostando numa seleção bastante criteriosa.

Torel Palace Lisboa
Torel Palace Lisboa Foto: D.R.

E oferecem algum tipo de aconselhamento aos hotéis?

Desde o início do projeto que promovemos encontros – necessariamente virtuais – e webinars com os nossos membros, onde apresentámos estratégias comerciais e de marketing digital. Assim que nos foi possível visitámos pessoalmente todos os hotéis da SPH e, nessas visitas, ficou claro o interesse dos hotéis na formação personalizada, em áreas como upselling de serviços, atendimento ao cliente, e ainda como alcançar um posicionamento diferenciador. Contamos lançar uma oferta nesse sentido ainda em 2021.

Quais são os principais desafios para o futuro?

Apesar da recuperação positiva do turismo nacional sabemos que o mercado internacional é uma parte essencial neste negócio, pelo que o desafio passa por desenvolver estratégias a curto e longo prazo para impulsionar este mercado, e dar a conhecer mais destinos e estadias únicas em Portugal. O nosso objetivo é, daqui por 20 anos, que a Small Portuguese Hotels seja uma marca de referência no mercado hoteleiro em Portugal, nunca esquecendo que somos uma marca verdadeiramente portuguesa, feita por portugueses e para empresas hoteleiras portuguesas.
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