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As festas no Suba sabem a Trás-os-Montes, mas acima de tudo, sabem a Natal

A gastronomia tradicional é repensada para o fine dining pelo chef Fábio Alves em três refeições exclusivas. Fomos experimentar um menu com algumas das suas propostas.

Foto: DR
13:21 | Lara Duarte / Com Rita Silva Avelar

Este ano, o jantar de dia 24 de dezembro, o almoço de dia 25 e o jantar de passagem de ano pode ser usufruído no Suba, o restaurante de fine dining do Hotel Verride Palácio de Santa Catarina, construído no século XVIII, que se ergue entre os prédios do Chiado a olhar o rio. Os três menus de degustação foram preparados especialmente para cada ocasião, partindo de produtos nacionais e sazonais, assim como da tradição portuguesa. Fábio Alves, chef, conta: "tento transmitir todas as minhas vivências e tradições através de cada prato, para que no final da refeição as pessoas tenham um sentimento de conforto, no fundo aquilo que sentimos quando estamos em casa, em família, à mesa".

"tento transmitir todas as minhas vivências e tradições através de cada prato, para que no final da refeição as pessoas tenham um sentimento de conforto, no fundo aquilo que sentimos quando estamos em casa, em família, à mesa" Foto: DR

"O natal é o que é, não se pode inventar muito", assume o chef Fábio Alves, "tem de saber a Natal". E foi disso que o almoço foi feito: sabor a Natal. O chef nasceu e cresceu em Vales, em Valpaços, em Trás-os-Montes e se se come peru ou leitão na noite de Natal onde quer que seja, na sua casa não era assim e conduz os menus para estas refeições pelo que a sua mãe lhe oferecia para jantar. Conta-nos que há muito que não passa o Natal com a família, só come "a roupa velha", mas traz de lá e da sua memória os sabores para essa época tão especial.

Este ano, o jantar de dia 24 de dezembro, o almoço de dia 25 e o jantar de passagem de ano pode ser usufruído no Suba, o restaurante de fine dining do Hotel Verride Palácio de Santa Catarina, construído no século XVIII.
Este ano, o jantar de dia 24 de dezembro, o almoço de dia 25 e o jantar de passagem de ano pode ser usufruído no Suba, o restaurante de fine dining do Hotel Verride Palácio de Santa Catarina, construído no século XVIII. Foto: DR

O hotel é conhecido pela vista avassaladora. Antes de nos sentarmos à mesa passeámos pelas escadas em caracol, passando pela "sala amarela" iluminada pela luz que entra nos janelões e reflete no castiçal e nos espelhos espalhados pela sala. Demos um salto ainda ao rooftop para apreciar a vista 360º - onde, na noite da passagem de ano, os hóspedes poderão festejar a meia noite.

Antes de nos sentarmos à mesa passeámos pelas escadas em caracol, passando pela
Antes de nos sentarmos à mesa passeámos pelas escadas em caracol, passando pela "sala amarela" iluminada pela luz que entra nos janelões e reflete no castiçal e nos espelhos espalhados pela sala. Foto: DR

Chegados ao restaurante Suba, o calor sente-se vindo das janelas onde entra o sol, ora diretamente, ora refletido no rio. Parece que cada janela é um quadro diferente do que é Lisboa. Entre conversas e copos de vinho, chega à mesa um elétrico 28 com crocantes de especiarias de boas vindas. Têm aspeto de torresmos, mas o sabor e a textura em nada têm a ver – não é gorduroso, mas é certamente viciante.

Entre conversas e copos de vinho, chega à mesa um elétrico 28 com crocantes de especiarias de boas vindas.
Entre conversas e copos de vinho, chega à mesa um elétrico 28 com crocantes de especiarias de boas vindas. Foto: DR

As entradas percorrem os sabores de Norte a Sul do país. Focadas no berbigão vão de pastéis, que substituem os rissóis que se serviam em casa do chef, a queijo, manteiga de algas e espuma de azeite, acompanhadas com broa de milho e bôla de enchidos. Sabores portugueses não faltam.

As entradas percorrem os sabores de Norte a Sul do país.
As entradas percorrem os sabores de Norte a Sul do país. Foto: DR

"No norte não se come peixe no dia 24", diz o chef e, assim, o jantar da noite de Natal foca-se mais no peixe. Os pratos principais passam pelo bacalhau tradicional reinventado, em tempura, com gema de ovo coberta de Trufa Branca d’ Alba. O polvo provocou suspiros por toda a mesa. Acompanhado com roupa velha fumada, que o chef explica que "faz sentir o cheiro a lareira", a textura tenra e fácil de cortar, a par da falta de gordura do tentáculo espantaram todos. O menu apresenta ainda um prato de pato para a noite.

Os pratos principais passam pelo bacalhau tradicional reinventado, em tempura, com gema de ovo coberta de Trufa Branca d’ Alba.
Os pratos principais passam pelo bacalhau tradicional reinventado, em tempura, com gema de ovo coberta de Trufa Branca d’ Alba. Foto: DR
O polvo provocou suspiros por toda a mesa.
O polvo provocou suspiros por toda a mesa. Foto: DR

No dia 25, o chef serve, entre outros pratos, o que mais define a sua identidade: cabrito de leite. O cabrito vem diretamente da sua aldeia em Trás-os-Montes, da pequena produção de um pastor amigo do chef. Cozinhado durante três dias, em diversas etapas incompreensíveis para o comum dos mortais, captei que, tal como todos os pratos, o chef foi generoso no alho, na cebola e no azeite e acompanhou a carne com um arroz de forno de enchidos e kale. O menu do almoço do dia de Natal, conta ainda com entrada de perdiz, um prato de gamba violeta e pregado.

No dia 25, o chef serve, entre outros pratos, o que mais define a sua identidade: cabrito de leite.
No dia 25, o chef serve, entre outros pratos, o que mais define a sua identidade: cabrito de leite. Foto: DR

No momento da sobremesa, tive um momento de crítico do Ratatouille. A Trilogia de sobremesas, servida na ceia de natal, sabia exatamente a Natal, não há outra maneira de descrever aquela junção de sabores. Aliás, talvez haja. Um pedaço de tronco de Natal é coberto por um gelado de rabanadas e um coscorão, molhado por um líquido com sabor também de rabanada. Mas, assim que se põe na boca, o açúcar, a canela e o leve sabor a chocolate misturam-se num sabor nostálgico inseparável da época natalícia. Para o almoço de dia 25, o chef preparará um arroz doce com pipoca e miso.

A Trilogia de sobremesas, servida na ceia de natal, sabia exatamente a Natal, não há outra maneira de descrever aquela junção de sabores.
A Trilogia de sobremesas, servida na ceia de natal, sabia exatamente a Natal, não há outra maneira de descrever aquela junção de sabores. Foto: DR

O jantar de passagem de ano, recheado de marisco e iguarias portuguesas, começa no restaurante, mas perto da meia noite os convidados serão convidados a subir ao rooftop para uma celebração em pleno com a cidade.

O jantar de passagem de ano, recheado de marisco e iguarias portuguesas, começa no restaurante, mas perto da meia noite os convidados serão convidados a subir ao rooftop para uma celebração em pleno com a cidade.
O jantar de passagem de ano, recheado de marisco e iguarias portuguesas, começa no restaurante, mas perto da meia noite os convidados serão convidados a subir ao rooftop para uma celebração em pleno com a cidade. Foto: DR

Todas as refeições têm uma opção de pairing de vinhos, do vinho da Madeira com toque salino para acompanhar o berbigão ao Quanta Terra com mais estrutura para equilibrar o bacalhau, chegando ao vinho do Porto que conduz a sobremesa com os seus 20 anos de apuramento.

A reserva antecipada é aconselhada, dada a limitação do espaço. O jantar de 24 e o almoço de dia 25 têm um preço de €150, com harmonização de vinhos à parte por €90. O réveillon apresenta um menu de €330 com uma harmonização de vinhos de €120.

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