Prazeres / Sabores

Pela primeira vez no Alentejo, os vinhos da casa Costa Boal vão conquistando terreno

António Costa Boal lançou os seus primeiros vinhos alentejanos, depois de anos a produzir em Trás-os-Montes e no Douro. Mas o crescimento não é um assunto encerrado.

Foto: DR
28 de março de 2025 | Augusto Freitas de Sousa

Depois de Trás-os-Montes e do Douro, a Costa Boal Family Estates avançou para o Alentejo, mas não deve ficar por aí. O CEO da empresa, António Costa Boal, confirmou que já esteve interessado na região dos Vinhos Verdes. Não quis adiantar a estratégia, mas foi dizendo que expandir para outras regiões "está em cima da mesa e talvez até para fora do país".

Herdade dos Cardeais
Herdade dos Cardeais Foto: DR

Apesar de ter adquirido a propriedade em 2020, esta semana, a Costa Boal lançou pela primeira vez os seus vinhos do Alentejo oriundos uma propriedade em Estremoz, a Herdade dos Cardeais, com cerca de 10 hectares de vinha e uma adega. O empresário conta que teve "várias propostas para comprar áreas e adegas maiores, mas surgiu esta mais pequena, com vinha já instalada, com cerca de 20, 25 anos, com algum stock e adega apetrechada". Convidou Paulo Nunes, o responsável de enologia da casa, a visitar o local e decidiram avançar para a compra. António Costa Boal explica que o terroir entre Estremoz e Sousel tem características únicas de um Alentejo mais fresco, já com 300, 400 metros de altitude".

António Costa Boal
António Costa Boal Foto: DR

Entre as castas existentes plantadas em solos de xisto, estão as tintas Aragonês, Syrah, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e a Alicante Bouschet. Nas variedades brancas, destacam-se a Antão Vaz, Chardonnay, Roupeiro e um pouco de Arinto. O diretor executivo diz que os vinhos lançados agora são os primeiros com a produção e vinificação da Costa Boal, mas destaca que o enólogo não se limitou a "usar a chapa cinco e fazer um vinho para colocar no mercado". Refere que cada um dos vinhos que faz nas diferentes regiões têm a sua identidade e o Alentejo não é exceção. Por exemplo, para se ter uma ideia dos custos, conta que vindimaram a casta Chardonnay no início de agosto e, nessa altura "ficou por lá o enólogo residente, João Freitas, durante três semanas apenas controlar 2000 litros de vinho".

A apresentação dos primeiros vinhos alentejanos da casa decorreu no restaurante lisboeta Plano, do chef Vitor Adão. A acompanhar o menu Origens estiveram dois tintos de 2020, Monte dos Cardeais Reserva Tinto com Alicante Bouschet e Syrah e Quinta dos Cardeais Grande Reserva Tinto, este feito com as castas Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot. E ainda o Monte dos Cardeais Reserva Branco 2023 das variedades Chardonnay e Antão Vaz e, por último, o Quinta dos Cardeais Grande Reserva Branco de 2022 com Arinto, Antão Vaz e Roupeiro. Os preços variam entre os 12 euros para os Reserva e os 35 para os Grande Reserva.

Garrafas 'Quinta dos Cardeais' e 'Monte dos Cardeais'
Garrafas 'Quinta dos Cardeais' e 'Monte dos Cardeais' Foto: DR

Apesar da expansão da casa Costa Boal para o Alentejo, a última propriedade da empresa, comprada em 2024, foi uma quinta em Favaios onde está previsto um projeto de enoturismo a curto prazo. Também no ano passado, juntaram-se ao património 10 hectares de vinha velha e um hectare de olival em Trás-os-Montes. António Costa Boal confirma que a empresa está de boa saúde, mas depende de contas simples, ou seja, "vender a própria produção e, a partir daí, abrir novos caminhos". Relativamente às regiões o diretor executivo refere que, no Douro, apesar de tudo, são mais um, apesar de apostarem na diferenciação "como prova o rosé que foi considerado um dos melhores a nível nacional". Por outro lado, em Trás-os-Montes, António salienta que são "conhecidos como um player de topo" e, agora, no Alentejo, onde estão a trabalhar na viticultura e enologia, mas "tudo com mão de obra própria".

Costa Boal, Quinta do Cardeal Estremoz
Costa Boal, Quinta do Cardeal Estremoz Foto: DR

António Costa Boal pode até ter alguma dificuldade com o número exato de terrenos que a sua empresa possui, mas sabe que tem "80 hectares de vinha espalhados pelo país". Apesar de confessar que divide a vida entre Douro e Trás-os-Montes, mantém uma regra: "Passar em todas as propriedades, entre quintas, vinhas e armazéns, pelo menos uma vez por mês".

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