Roteiro em Manteigas, o coração da Serra da Estrela
Fomos em busca dos tesouros do mais pequeno concelho do distrito da Guarda, totalmente integrado na área do Parque Natural da Serra da Estrela e que tem como principal cartão-de-visita o vale Glaciar do Zêzere, onde este rio inicia o caminho em direção ao Tejo, ao longo de mais de 300 quilómetros.
É enquanto a neve não chega, por entre o som das águas correntes, que o concelho de Manteigas se revela em todo o seu encanto, como um território de uma biodiversidade única, paisagens multicolores e tradições milenares. Além de sítios na Natureza de visita obrigatória em torno deste epicentro, traçamos ainda um roteiro hoteleiro e gastronómico.
Covão da Ametade
Esta depressão, que há muitos milhares de anos servia de zona de acumulação de gelo no topo do vale glaciar do Zêzere, é hoje um dos mais aprazíveis e concorridos locais de lazer da Serra da Estrela. Porém, nesta altura do ano e ao contrário do verão, encontra-se muitas vezes deserto, desvendando-se em todo o seu esplendor a quem o visita. Fica situado a jusante do Covão Cimeiro, numa pequena planície com origem em sedimentos glaciários que anteriormente foi uma lagoa, onde hoje o Zêzere começa a tomar corpo sob a forma de pequena ribeira. É um dos pontos de partida para ir à descoberta da serra, pois daqui partem diversos trilhos, incluindo a Grande Rota do Zêzere, que acompanha o rio ao longo de mais de 300 quilómetros até Constância, onde este finalmente encontra o Tejo.
Vale do Zêzere
É um dos maiores vales glaciares da Europa, estendendo-se desde o Maciço Central até à vila de Manteigas, ao longo de 13 km, que aquando da última glaciação chegou a ter uma espessura de gelo de 300 metros. Pode ser apreciado de forma panorâmica desde a EN 338, que o acompanha ao longo de mais de uma dezena de quilómetros. Para o conhecer mais em pormenor, porém, o melhor é mesmo percorrê-lo a pé pelas margens do rio, apreciando as inúmeras quedas de água que nesta época do ano escorrem da montanha, aumentando-lhe o torrentoso caudal. Com cerca de 17 km de extensão, a Rota do Glaciar é um percurso pedestre que se estende desde o centro da vila de manteigas até à Torre, o ponto mais alto de Portugal Continental, onde, a 1993 metros de altitude, se encontram os limites dos concelhos de Manteigas, Covilhã e Gouveia, sempre com vista para alguns dos locais mais emblemáticos da serra, com nomes tão sugestivos como Covão do Ferro, Cântaro Magro, Cântaro Gordo, Espinhaço do Cão, Poio do Judeu, Pedra do Equilíbrio, Covão Cimeiro ou Barroca dos Teixos.
Poço do Inferno
A pouco mais de mil metros de altitude, a cascata do Poço do Inferno é outros dos postais ilustrados do concelho de Manteigas. O acesso faz-se junto à beira de uma estrada secundária de montanha, através de uns degraus escavados na rocha e de uma passadiço de metal que conduz mesmo até ao poço desta queda de água natural, com mais de dez metros de altura, por onde a ribeira de Leandres, afluente do Zêzere, desce das alturas através de uma garganta aberta na rocha, precipitando-se, a partir daí, numa sucessão de cascatas mais pequenas, onde também é praticado canyoning. Um pequeno percurso pedestre circular, com pouco mais de dois quilómetros, permite conhecer mais ao pormenor esta bela paisagem serrana, feita de frondosas florestas de folhosas e resinosas, sempre com vistas soberbas sobre o Vale do Rio Zêzere e sobre o Vale da Ribeira de Leandres.
Rota das Faias
É na encosta de São Lourenço, a pouco mais de quatro quilómetros do centro de Manteigas, que fica localizada uma das maiores manchas de faias da Península Ibérica, que durante o outono e no início do inverno são uma das grandes atrações do concelho, devido às cores douradas das folhas nesta altura do ano. Mais uma vez, o melhor modo de descobrir esta paisagem única é a pé, através da Rota das Faias, um percurso pedestre com pouco mais de cinco quilómetros, com início junto à Cruz das Jugadas, mais ou menos a maio da troço da EN 232 que liga Manteigas às Penhas Douradas. Além do património natural, destaca-se também a centenária capela de São Lourenço, reedificada no século XVII mas cujas origens remontam muito mais atrás, quando neste local rodeado de monumentais carvalhos se praticavam cultos pagãos, ligados à adoração das árvores e do sol, que no Solstício de verão nasce precisamente sobre esta encosta.
Penhas Douradas
É porventura a mais conhecida estância de inverno em Portugal, desde que a partir do final do século XIX para aqui começaram a vir pacientes para curar em altitude as denominadas doenças pulmonares. Ainda são muitos os chalés desses tempos que por lá permanecem, como a Casa da Fraga ou a Vila Alzira (pertenceu ao famoso republicano Afonso Costa), dando um charme de outrora à pequena localidade, hoje pertencente à Rede das Aldeias de Montanha e cujo nome correto é na verdade Poio Negro.
Nave da Mestra
A cerca de 1700 metros de altitude e apenas alcançável a pé, através de exigentes trilhos serranos, a Nave da Mestra ou da Barca é um dos mais bonitos, misteriosos e secretos locais da Serra da Estrela, a começar logo pelo acesso, feito por uma estreita fenda, conhecida localmente como talisca, que rasga as profundezas de um enorme penedo, num cenário a fazer lembrar filmes como O Senhor dos Anéis ou As Crónicas de Nárnia. Do outro lado, o visitante é surpreendido por um enorme prado, salpicado de pequenos riachos e, surpresa das surpresas, pelas ruínas de uma casa, em tempos pertencente a um juiz, que ali passava os verões e segundo a lenda seria simpatizante da república, organizando neste local reuniões conspirativas contra a monarquia. Verdade ou não, o certo é que o dito chalé em pedra acabou abandonado e quase esquecido, apenas servindo de refúgio aos pastores e aos seus rebanhos, até ser redescoberto por caminheiros que o utilizam como abrigo, local de descanso ou de simples contemplação, antes de seguir serra fora. O melhor modo de aqui chegar é através da Rota do Carvão ou da Rota do Maciço Central, ambos de dificuldade alta e respetivamente com 20 e 10 km de extensão.
Termas de Manteigas
Nos arredores da vila, junto à saída para o vale Glaciar e a cerca de 775 metros de altitude, existe uma estância termal "de águas sulfúreas, bicarbonatadas, sódicas e fluoretadas que 'nasce' à temperatura de 48ºC". Em funcionamento desde 1912, embora já fossem utilizadas desde o século XVIII, as Caldas de Manteigas são conhecidas pelas propriedades das suas águas, indicadas para o tratamento de reumatismo, afeções das vias respiratórias e dermatoses várias. Trata-se de um aquífero bastante profundo, instalado a cerca de 60 metros numa das maiores falhas do país, do qual a água brota à superfície por artesianismo, ou seja, pela sua própria força, o que é considerado uma mais-valia até a nível ambiental, pois não necessita de bombas para ser captado, como a maioria das termas. São apoiadas por uma unidade hoteleira, que combina as vertentes de turismo de saúde e bem-estar.
DORMIR
Casa das Obras - Turismo de Habitação
Rua Teles de Vasconcelos, Manteigas,
275 981 155
Facebook: Casa das Obras - Turismo de Habitação
Casa das Penhas Douradas – Burel Mountain Hotel
Penhas Douradas, Manteigas
275 981 045
Casa de São Lourenço – Burel Mountain Hotel
Estrada Nacional 232, km 49,3, Campo Romão, Manteigas
275 249 730
casadesaolourenco.pt
Hotel da Fábrica
Quinta de Santa Clara, Manteigas
275 982 420hoteldafabrica.com
Hotel da Vila
EN 232, Manteigas
275 011 087
www.hoteldavila.pt
Inatel Manteigas Hotel
Caldas de Manteigas, Manteigas
275 980 300hoteis.inatel.pt
Vale do Beijames – Campismo Rural
Caminho Municipal 501, Km 4, Vale de Amoreira, Manteigas
275 924 148
www.campingbeijames.com
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Vila Galé Serra da Estrela
Caldas de Manteigas, Fonte Santa, Manteigas
272 240 020
www.vilagale.com
COMER
Restaurante O Olival
EN 232, 2, Manteigas
275 982 354
www.oolival.com
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Paragem Serradalto
Rua 1º de Maio, Manteigas
275 981 151
Facebook: Serradalto Paragem
Queijaria Manteigas – Bar de Vinhos e Restaurante de Tapas
Rua 1.° de Maio, 49 r/c, Manteigas
275 982 016
Facebook: Queijaria Manteigas
Taberna das Caldas
EN 338, Manteigas
275 981 352
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