Prazeres / Lugares

Quinta de Guimarães: um paraíso familiar com vista para o Douro

Um solar setecentista é o centro de uma muito singular propriedade de turismo de habitação. Entre vinhos e comidas, diante de uma formidável paisagem, este é o lugar ideal, para desligar e desfrutar.

Foto: DR
14:26 | Diego Armés

Talvez não exista uma maneira fácil de chegar à Quinta de Guimarães, mas existe certamente pelo menos uma que é deslumbrante. Vindo de sul, descendo a Serra de Montemuro, vamos contemplando aos poucos a aproximação lenta ao rio Douro, com os pequenos povoados numa margem e na outra, empoleirados sobre o vale, que é íngreme, como se espreitassem lá para baixo. Cada quilómetro de asfalto é feito de curva e contracurva, numa estrada que serpenteia até lá abaixo para depois trepar a encosta norte, sempre aos ziguezagues. A caminho de Santa Marinha do Zêzere, não se vai para lá, seguem-se as curvas noutra direção e eis que, ao fim de mais um percurso labiríntico, avistamos os portões do solar que procuramos.

A vista sobre o Douro.
A vista sobre o Douro. Foto: DR

Chegar à Quinta de Guimarães não é exatamente como chegar a um alojamento convencional. Não há um concièrge fardado à espera para nos abrir as portas ou carregar as malas. Entrar na Quinta é chegar a uma casa de família. Os cães da casa virão, mais cedo ou mais tarde, dar-nos as boas-vindas. O pessoal que cuida da casa e da Quinta fazem-no como se tratassem da própria casa, cumprimentam-nos com naturalidade e prosseguem com as suas tarefas. Lá dentro, na monumental cozinha deste solar setecentista, D. Fernanda - cozinheira de mão-cheia, entre outros atributos e funções determinantes na Quinta de Guimarães - prepara o almoço para a equipa e para os convidados. Os convidados são os hóspedes, mas os hóspedes sentem-se verdadeiramente convidados da família.

As arcadas da Quinta de Guimarães.
As arcadas da Quinta de Guimarães. Foto: DR

A Quinta

Construído no século XVIII, o solar ocupa o lugar central da Quinta de Guimarães. De frente para o elegante jardim de buxo, é na casa principal que ficam quatro dos quartos - três deles com acesso direto ao jardim -, além dos salões, do terraço e da cozinha

Detemo-nos um pouco na cozinha, porque é um sítio que merece contemplação. Enorme, espaçosa, com bancadas e lava-loiças em pedra, armários de madeira possivelmente centenários, uma mesa longa e paredes revestidas de azulejos notoriamente antigos, mas visivelmente preservados e estimados. Um regalo para os sentidos de quem lá entra, já que, se os olhos se deleitam, o nariz faz perceber o que aí vem, despertando o palato e fazendo salivar qualquer visitante. 

Detalhes de charme.
Detalhes de charme. Foto: DR

É uma cozinha de porta aberta, onde D. Fernanda recebe quem tiver curiosidade - ou um pedido especial, ou simplesmente aquele apetite pré-almoço, que ainda não é bem fome mas já pede um snack para entreter. E é notável a disponibilidade que D. Fernanda apresenta, fazendo tudo com gosto, dir-se-ia com amor, como alguém para quem o maior prazer da vida é cuidar e bem-receber. A Quinta de Guimarães é única em vários aspetos, mas esta familiaridade, esta relação de verdadeiro afeto entre anfitriões e convidados é do domínio da raridade.

As vinhas.
As vinhas. Foto: DR

Deixemos a cozinha, há mais para conhecer. Ainda no edifício principal, existe uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Foi nessa capela que casaram os três filhos dos atuais proprietários, a família Cunha Coutinho, o que demonstra a ligação e o apego da família pela quinta.

A capela.
A capela. Foto: DR

Há outros edifícios distribuídos pelo espaço - há muito espaço, são 40 hectares de propriedade, 25 dos quais dedicados à produção de Vinho Verde, exclusivamente dedicados à casta Avesso, mas lá chegaremos. Primeiro, os edifícios. A Casa da Mata, afastada da zona central da Quinta e da casa principal, possui quatro quartos duplos e é uma casa independente com uma soberba vista para o Douro. Também a Casa da Vinha é independente, dispondo de cozinha e três quartos. Foi reabilitada recentemente e dispõe de uma decoração mais contemporânea. Fica a 150 metros da casa principal. Por fim, temos a Casa da Piscina. Com apenas dois quartos, situa-se próxima da casa principal e, como o nome deixa adivinhar, ao lado da piscina.

A piscina, que confina com o jardim de buxo, é um espaço privilegiado, com uma vista fabulosa sobre o vale do Douro e para a serra de Montemuro. Nas imediações da piscina, há tudo o que se pode desejar para uma tarde de relaxamento a desfrutar do sítio e do momento, dos vinhos da casa e dos cozinhados da D. Fernanda.

O detalhes em azulejo.
O detalhes em azulejo. Foto: DR

Para lá da piscina, a Quinta de Guimarães dispõe de campo de volei e court de ténis, além de providenciar passeios de bicicleta ou a pé pela mata da Quinta. E, para quem preferir atividades dentro de casa, também há sala de jogos, com mesa de ping-pong, matraquilhos e diversos jogos de tabuleiro.

A imponente propriedade,
A imponente propriedade, Foto: DR

Os convidados podem desfrutar de refeições caseiras, preparadas na cozinha da casa principal, mediante encomenda prévia. As refeições são servidas no salão do solar, cujo terraço é sobranceiro ao jardim e onde a vista é ainda mais impressionante do que no piso térreo. Além das refeições principais, é possível encomendar um cesto de piquenique, com produtos locais e os vinhos da Quinta, os Cazas Novas.

Cazas Novas

Os 25 hectares de vinha da Quinta de Guimarães, onde encontramos unicamente uva da casta Avesso, têm como finalidade produzir os vinhos Cazas Novas. O nome vem de uma das quintas centenárias dos Cunha Coutinho, a Casa do Reguengo das Cazas Novas, na família há sete gerações. 

Os vinhos.
Os vinhos. Foto: DR

Os vinhos Cazas Novas são exclusivamente produzidos a partir da casta Avesso porque esta é "uma das mais enigmáticas castas brancas portuguesas", segundo a descrição dos produtores. As vinhas que lhe dão origem estão plantadas no sudeste da região demarcada dos Vinhos Verdes, já em pleno vale do Douro, potenciando a maior área do País onde a casta existe, na sub-região de Baião. O nascimento dos vinhos Cazas Novas resulta do interesse e da paixão de quatro amigos - Carlos Coutinho (sétima geração da família Cunha Coutinho), Diogo Lopes (enólogo), Vasco Magalhães (marketing e vendas) e André Miranda (produção) - e pelo Avesso.

Os vinhos.
Os vinhos. Foto: DR

O primeiro vinho lançado foi o Cazas Novas Colheita 2022, um "vinho de aprendizagem", nas palavras do enólogo Diogo Lopes. Seguiram-se os Cazas Novas Pure, obtido a partir das uvas criadas em altitude, e Cazas Novas Origem, a "interpretação mais especial do Avesso", com fermentação das melhores parcelas em barricas de carvalho francês.

A equipa.
A equipa. Foto: DR

Paraíso sobre o Douro

Uma estadia na Quinta de Guimarães, por mais curta que seja, é sempre um privilégio. O ambiente campestre, a elegância dos edifícios, o cuidado com os detalhes harmoniosamente conjugado com a simplicidade, a descontração e a familiaridade quase desconcertante dos anfitriões, leva-nos para um refúgio paradisíaco a todos os níveis. A espantosa paisagem é só um cartão de visita para tudo o resto que podemos encontrar para lá daqueles portões, escondidos entre as curvas e contra-curvas que nos levam até este maravilhoso recanto. A envolvência, o sossego e o conforto, acrescidos da gastronomia e dos vinhos de excelência, deixam a promessa de uma experiência inesquecível, quer seja num retiro em família ou numa escapadinha romântica.

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