Test-drive ao Jeep Avenger, Carro do Ano Europeu 2023
Ainda estamos em 2023, certo? Então este é o detentor do título de Carro do Ano na Europa: Jeep Avenger, o primeiro modelo da marca americana a vencer o troféu (e também o primeiro EV da Jeep) e o primeiro veículo 100% elétrico a consegui-lo.
Enquadramento histórico?
Desta vez não é preciso, obrigadinho, tal a proximidade cronológica: janeiro deste ano, em Bruxelas, os jurados do troféu Carro do Ano elegem o Jeep Avenger como o grande vencedor da edição de 2023. Várias estreias: é o primeiro Jeep a consegui-lo, é o primeiro Jeep 100% elétrico (entretanto, a marca americana lançou um Avenger híbrido, mas nesta altura havia apenas o 100% elétrico), e é a primeira vez que a reputada eleição premeia um EV.
Tecnicalidades
O Jeep Avenger partilha com os seus "irmãos" ("primos", vá) Peugeot 2008, Opel Mokka e DS 3 Crossback a chamada plataforma STLA Small, uma variante da eCMP desenvolvida inicialmente pelo Grupo PSA. Ou seja, é um assunto de família, Stellantis no caso em apreço.
Trata-se de um SUV compacto (4.08m de comprimento por 1.78m de largura e 1.53m de altura), mas nada de confusões, o design é tipicamente Jeep, ou seja, é um jipe Jeep – a riqueza que é ter um nome que se confunde com o tipo de automóvel. Uma medida a ter em conta é a distância entre eixos (2.56m, quase 63% do comprimento total), que logo no papel augurava que poderíamos estar na presença de um bom espaço interior. E isso verificou-se: uma vez dentro do habitáculo, há uma sensação de espaço que, visto do exterior, pouca gente adivinharia.
Mas voltemos às tecnicalidades: o Avenger é movido por um motor elétrico colocado sobre o eixo dianteiro (é um tração à frente, ponto final), que desenvolve uns muito honestos 156 cavalos. A bateria que o alimenta tem uma capacidade de 54 kWh, o que lhe confere uma autonomia até 400 km (ou cerca de 550 km em ciclo exclusivamente urbano). Nada mal. Mas sendo então um tração dianteira e não um 4x4, o Avenger não renega no entanto o seu ADN Jeep: com uma altura ao solo de 20cm e ângulos de ataque, ventral e de saída de, respetivamente, 20o, 20o e 32o, apresenta aptidões para todo-o-terreno que fazem corar muitos SUV, aliás, quase todos os SUV da nossa praça. Não obstante, sejamos justos: é o mínimo que se exige a um Jeep e neste departamento o Avenger não desilude.
Por último, o carregamento da bateria: cada vez é mais importante que um EV possa ser carregado em postos de alto débito e com tempos de espera cada vez menores. Assim, o Avenger pode utilizar postos de 100 kWh e demora 24 minutos a ir dos 20% aos 80% da capacidade da bateria; e a cada três minutos de carga "ganha-se" 30 km de distância a percorrer. Já num posto de 11 kWh, a carga total demora 5h34. Não há milagres, mas ainda assim é um bom tempo para quem carrega o seu EV durante a noite.
No interior
Já aqui dissemos que o interior do Jeep Avenger é espaçoso, talvez até mais do que se esperaria, dadas as dimensões exteriores. E para coroar a agradável experiência de entrar nele, a ambiência a bordo é clean, airosa e com uma qualidade apercebida de materiais e acabamentos bastante elevada. Não há supérfluos visuais nem funcionais. Eletrónica omnipresente, o equipamento de série é já de si bastante generoso mas, como se isso não chegasse, a unidade que experimentámos trazia 4.250 euros de extras: packs "Infotainment & Convenience", "LED & Style", e "ADAS" (assistência ativa). Torna-se difícil imaginar o que, porventura, faltará...
Ao volante
Comandos da caixa de velocidades (automática, claro) semelhantes aos que encontrámos no Fiat 500 elétrico (quatro grandes botões: P, R, N, D, colocados ao centro da consola), e uma sensação de agilidade logo que se carrega no acelerador: o binário é o que se espera de um motor elétrico e o pequeno Avenger... vá, não é enorme, segue a bom ritmo e desenvencilha-se muito bem em cidade e também em estrada. Já a auto-estrada não é, decididamente, o seu ‘habitat’ natural (a aerodinâmica também não ajuda muito, já que o Avenger é, não há maneira de o esconder, um jipe) e, sempre que possível, é de trocá-la – à auto-estrada – por estradas nacionais, principalmente se tiverem ligeiras subidas e boas descidas, que permitam levantar ligeiramente o pé do acelerador e recarregar a bateria em andamento. Em estradas com curvas e contra-curvas, o condutor é recompensado com uma boa dose de prazer de condução – ‘surprise!’, os EV também sabem o que isso é – e conduzir este Jeep Avenger torna-se uma experiência bastante agradável.
E o preço?
Pois, vejamos: aqui a "culpa" não é da Jeep, marca americana que até coloca o Avenger num patamar de preço que não escandaliza. A nossa unidade (sobre-equipada) custava €47.150, mas o preço inicial cifra-se nos €41.700. A "culpa", se é que disso se pode falar, é de outra marca americana, uma que coloca o seu modelo de entrada a menos de 40 mil euros – além de que é um familiar, acelera como uma bala, anda que se farta, e durante centenas e centenas de quilómetros. Voltando à Jeep, poderá ter neste modelo Avenger um trunfo com algumas hipóteses no mercado business e até mesmo junto de particulares com determinado poder de compra, fãs da marca e com preocupações ambientais. A nós, conquistou-nos, a ponto de ficarmos com um sabor a pouco, de que deveria ter sido um test-drive mais longo. A repetir logo que possível.
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É, para muito boa gente, “o” Porsche 911. Por maioria de razão, também é, para essa muito boa gente, “o” Porsche, ponto final. Há 50 anos, nascia o 911 Turbo.
Não exatamente. Uma marca chinesa, sim, mas especializada em veículos elétricos dirigidos ao setor premium. E que visa, direta e desavergonhadamente, a Tesla de Mr. Elon Musk. Conseguirá batê-la? As primeiras impressões são muito promissoras.
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