Uma exposição de Steve McQueen? Não, duas. E ambas em Londres.
Conhecemo-lo como realizador aclamado, mas Steve McQueen é também artista consagrado. Em Londres celebra-se a sua carreira e obra em duas exposições: uma retrospetiva na Tate Modern e um curioso projeto que resultou numa instalação na Tate Britain.
Descrito como um profundo conhecedor de cinema e um obcecado em contar a verdade, por mais dura que esta seja, Steve McQueen (Londres, 1969) tem uma carreira de mais de duas décadas a contar histórias. E os seus filmes são apenas uma pequena parte de uma vasta obra. Aos 50 anos de idade, o artista é o protagonista de uma exposição retrospectiva que abriu recentemente na Tate Modern, em Londres: Steve McQueen, de 13 de fevereiro a 11 de maio.
A mostra percorre os 20 anos de carreira de McQueen como artista, na qual se inclui o Turner Prize, o prémio de maior prestígio no Reino Unido para as artes visuais, em 1999. Estão reunidas em exibição 14 grandes obras que abrangem as áreas artísticas de filme, fotografia e escultura. A obra de McQueen aborda os temas da representação, identidade e história e convidam o público a refletir sobre eles. Por isso mesmo, nesta exposição constam instalações de vídeo em grande escala e imersivas, como Western Deep 2002, uma obra intensa sobre as condições de trabalho dos mineiros na África do Sul, Static 2009, uma rara e próxima abordagem à Estátua da Liberdade, Ashes 2002/15, uma homenagem a um jovem pescador que o artista conheceu na ilha caribenha de Granada (onde o seu pai nasceu) em 2002 e que foi morto por traficantes de droga no ano seguinte e End Credits 2012, ainda em curso, uma homenagem ao cantor, ator e ativista dos direitos humanos afro-americano Pauls Robeson (1898 – 1976). Assim como obras mais pessoais para o artista como o primeiro filme Exodus 1992/97, filmado com uma camera Super 8 e que se debruça sobre migração e multiculturalismo em Londres, e 7th Nov. 2001, no qual o primo do artista reconta o dia em que, acidentalmente, matou a tiro o irmão.
No trabalho desenvolvido ao longo de mais de duas décadas Steve McQueen tem revelado peças inovadoras de imagem em movimento, algumas criadas especialmente para espaços museológicos, assim como a sua abordagem pioneira se tem traduzido em inspiração para outros artistas. Talvez a sua passagem para o cinema fosse o caminho natural e, assim, a verdade é que a curta, mas poderosa, filmografia de McQueen, garantiu-lhe em poucos anos um estatuto de excelência entre os realizadores de Hollywood. Para tal contribuíram quatro filmes aclamados pela crítica: Fome (sobre um republicano irlandês em greve de fome numa prisão na Irlanda do Norte, 2008), Vergonha (sobre um viciado em sexo, 2011) e Viúvas (sobre um grupo de viúvas de criminosos na cidade de Chicago, 2018) e o vencedor do Óscar de Melhor Filme, 12 Anos Escravo (sobre a escravatura nos Estados Unidos da América, 2013). Agora o realizador está a trabalhar na série Small Axe, inspirada na vida da comunidade indiana da zona oeste de Londres entre os anos de 1969 e 1982. Para o final deste ano está já previsto um filme não-narrativo sobre o incêndio na Torre de Grenfell, em Londres, uma tragédia que aconteceu em 2017 e custou a vida a 72 pessoas. McQueen viveu parte da sua infância muito perto deste local e a realização desta obra foi especialmente difícil, segundo o próprio.
O jornal The Guardian publicou, recentemente, online um artigo, com entrevista ao artista, a propósito da abertura da exposição retrospetiva, onde se pode ler sobre McQueen que "a sua rápida ascensão como realizador quase eclipsou a sua reputação como artista. É por isso que a sua retrospetiva é oportuna". O artigo acrescenta ainda que, para quem apenas conhece os filmes do McQueen realizador, ver os seus trabalhos não narrativos será uma experiência desafiadora.
Simultaneamente a Tate Modern, também em Londres, tem já em exibição (de 12 de novembro e até 3 de maio) a exposição Steve McQueen Year 3. Este projeto teve como ponto de partida a tradicional fotografia de turma que as crianças tiram no 3º ano da escola. McQueen inspirou-se na sua própria fotografia (que data de 1977) para um projeto que ambicionava captar milhares de crianças entre os sete e os oito anos que frequentam o 3º ano em Londres, incluindo diferentes tipos de escolas e ainda crianças que estudam em casa. Assinadas por fotógrafos especializados da própria Tate e o resultado são 3128 imagens, com 76 146 crianças fotografadas, de 1504 escolas primárias. As fotografias preenchem as paredes nas galerias do piso térreo do museu na totalidade, tornando esta exposição numa instalação à qual o acesso é gratuito. O próprio museu descreve a iniciativa como "um dos mais ambiciosos retratos de cidadania jamais feitos numa das maiores cidades do mundo". Há também quem descreva a ideia como um retrato de uma geração e do futuro da sociedade da capital britânica.
Além das exposições em dois museus de referência da atualidade e da adesão do público, McQueen tem recebido outras distinções dignas de assinalar. Em 2002, foi agraciado nas honras de aniversário da rainha Isabel II com a distinção OBE (Officer Order of the British Empire) e em 2011 com a CBE (Commander of the Order of the British Empire) para as artes visuais. No início de 2020 foi novamente distinguido pela monarca nas condecorações de Ano Novo 2020 (Queen’s New Year Honours) com a honour of knighthood e tem agora o título de Sir.
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