Semana de 4 dias de trabalho pode evitar burnouts, diz novo estudo
O tema voltou a ser debatido durante o Fórum Económico Mundial em Davos, onde se discutiu de que forma esta medida não só pode aumentar a produtividade como inverter a tendência crescente para o esgotamento laboral (burnout).
Os estudos, debates e a experiência no geral de várias empresas mundiais parecem todos apontar todos na mesma direção: a semana de quatro dias de trabalho, que até já foi testada e nalguns casos implementada em países como a Bélgica, o Reino Unido, a Islândia ou Espanha, funciona e recomenda-se. Tanto do ponto de vista do rendimento e da otimização do trabalho como da perspetiva da salvaguarda da saúde mental.
A ideia de encurtar a semana ganhou força desde que a pandemia mexeu com os horários e com a questão da presença física nas empresas, com experiências e resultados de toda a espécie, mas com uma conclusão unânime: trabalhar mais horas não é necessariamente mais produtivo, nem em casa nem no escritório. Agora, e a propósito do Fórum Económico Mundial em Davos, uma equipa de peritos levou um estudo recente ao debate internacional, apresentando resultados.
O estudo, que é coordenado pelo grupo sem fins lucrativos 4 Day Week Global, envolveu dezenas de empresas e mostrou "uma redução do stress e ansiedade, e ganhos em eficiência e receitas", disse Adam Grant, psicólogo organizacional da Wharton School da Universidade da Pensilvânia. Os resultados mostraram, ainda, que as pessoas também se exercitaram mais e dormiram melhor quando a semana é encurtada.
"Estamos a deparar-nos rapidamente com uma sociedade feita de burnouts", disse Karien van Gennip, Ministra do Trabalho holandesa, citada pela Bloomberg. "Já o vimos durante a covid-19, mas começou antes", apontando ainda a possibilidade de os media e a cultura "sempre ativa" nas redes sociais serem também fatores que contribuem para esses esgotamentos, a par do excesso de trabalho. "Uma semana de quatro dias para todos pode também ajudar a tornar as mulheres, que muitas vezes trabalham dois ou três dias [quando estão a tomar conta de crianças em regime de licença], mais independentes financeiramente e levar os homens a ajudar mais na prestação de cuidados", acrescentou a Ministra.
"O equilíbrio trabalho-vida é uma questão crítica que as pessoas procuram", disse Sander van 't Noordende, diretor executivo da recrutadora Randstad. "As empresas precisam de o melhorar", acrescentando ainda que 50% das pessoas dizem que estão dispostas a desistir dos seus empregos se não estiverem felizes. Ainda em Davos, falou-se ainda da importância de pensar na otimização da energia face às alterações climáticas, e como também a semana de quatro dias poderia ajudar nesse objetivo. "Acredito firmemente que quando se tem mais tempo livre, ser-se-á mais produtivo nas horas em que se trabalha", disse a ministra holandesa. "Isto requer investimento em pessoas e tecnologia, bem como mudanças na cultura de emprego."
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