Estilo / Beleza & Bem-Estar

A que velocidade devemos andar para recolher mais benefícios?

Um estudo britânico concluiu que fazer caminhadas em passo apressado promove a saúde cardiovascular, com uma redução de 35% a 43% do risco de qualquer tipo de arritmia cardíaca. Descubra a que velocidade deve andar para recolher os benefícios.

Foto: IMDB | Brittany Runs a Marathon
17:23 | Madalena Haderer

A velhice, diz-se, começa a instalar-se quando deixamos de andar como quem tem um propósito, um dever para cumprir, um sítio para estar, e começamos a andar muito devagar, hesitando e contemplando, como quem tem todo o tempo do mundo, firmemente plantados no meio do passeio e ocupando três quartos do espaço disponível, para frustração e horror de quem tenta ultrapassar-nos. É o princípio do fim. Se não da vida da pessoa idosa, certamente da paciência dos seus parentes mais jovens, que têm coisas para fazer e já não conseguem abrandar mais o passo sem tropeçar nos próprios pés. Contrariamente ao que seria de supor, quanto mais velho se fica, menos pressa se tem. Mas há esperança. Um estudo recente sobre a ligação entre fazer caminhadas em passo rápido e a saúde do ritmo cardíaco pode ser a motivação que faltava para andarmos todos mais a pé e mais depressa.

A investigação, publicada no jornal médico online BMJ Heart, analisou dados de 420.925 participantes do UK Biobank que forneceram informações sobre a sua velocidade ao caminhar. O UK Biobank é um dos maiores e mais importantes projetos de investigação biomédica do mundo, que reúne informações detalhadas sobre a saúde, estilo de vida, genética e imagens médicas de meio milhão de voluntários britânicos, com idades entre 40 e 69 anos no momento da inscrição (entre 2006 e 2010). Do total de pessoas analisadas, 81.956 forneceram dados mais detalhados sobre o tempo que passavam a caminhar e a que ritmos o faziam a cada momento. E foi com base nesses detalhes que foi possível chegar a estas conclusões.

Segundo o estudo, um ritmo lento foi definido como inferior a 4,8 km/h; ritmo moderado entre 4,8 e 6,4 km/h; e ritmo acelerado como superior a 6,4 km/h. Dos participantes cujos dados foram recolhidos para o estudo, 6,5% caminhavam lentamente, 53%, a maioria, faziam-no a um ritmo médio, e 41% a um ritmo rápido.

Depois de terem tido em conta fatores demográficos e de estilo de vida – incluindo o facto de os participantes que caminhavam mais depressa serem mais frequentemente homens, viverem em zonas menos desfavorecidas e terem estilos de vida mais saudáveis –, os investigadores verificaram que caminhar a um ritmo médio ou acelerado estava associado, respetivamente, a uma redução de 35% e 43% do risco de qualquer tipo de arritmia cardíaca, comparativamente com caminhar a um ritmo lento. Uma conclusão importante tendo em conta que, acompanhando estas pessoas durante uma média de 13 anos, foi possível observar que 36.574 participantes (9%) desenvolveram algum tipo de anomalia do ritmo cardíaco. Embora o tempo despendido a caminhar lentamente não tenha sido associado a um risco aumentado de desenvolver arritmias, caminhar mais tempo a um ritmo médio ou acelerado foi associado a uma redução de 27% no risco.

Por outro lado, convém referir que o estudo tem as suas limitações, principalmente devido ao facto de os dados terem sido auto-relatados pelos participantes e de não refletirem uma amostra amplamente representativa em termos de idade e diversidade étnica: a idade média dos participantes era 55 anos, 55% eram mulheres e 97% eram brancos.

Limitações à parte, problemas de ritmo cardíaco podem aumentar o risco de AVC, insuficiência cardíaca e paragem cardíaca, se não forem tratados. Pelo que estes novos dados representam uma evolução importante no sentido da prevenção. E com algo tão simples e económico quanto caminhar. 

De resto, de acordo com o jornal britânico Guardian, os investigadores, liderados por Jill Pell da Universidade de Glasgow, concluíram o seguinte: "Este estudo é o primeiro a explorar os mecanismos subjacentes à associação entre o ritmo de caminhada e as arritmias, e a fornecer evidências de que fatores metabólicos e inflamatórios podem desempenhar um papel: caminhar mais depressa diminuiu o risco de obesidade e inflamação, o que, por sua vez, reduziu o risco de arritmia."

Saiba mais Estilo, Beleza & Bem-estar, Saúde, Andar, Caminhar, Saúde cardíaca, Arritmias, Estudo, Investigação, UK Biobank
Relacionadas

O segredo das caminhadas está, afinal, no ritmo

Andar faz bem à saúde. Quanto a isto, não há dúvidas. E é também por isso que as caminhadas são, frequentemente, alvo de estudos. Desta vez, o "British Journal of Sports Medicine" concluiu que na rapidez é que está o ganho.

Como andar 22 minutos pode ser determinante para a saúde

Um estudo do "British Journal of Sports Medicine" demonstrou que estes minutos diários de atividade física anulam os efeitos nocivos de passar até 12 horas sentado. Ou seja, se todos dias fizer uma caminhada de 2,4 quilómetros em 22 minutos, pode ir para a cama em paz.

Mais Lidas