Portugalidade e bom gosto, o segredo do atelier AnahoryAlmeida
Ana Anahory e Felipa Almeida são dois nomes já bem conhecidos do design de interiores em Portugal. De norte a sul, esta dupla tem mostrado a deslumbrante tradição artesanal portuguesa ao afirmar, em todos os projetos, um cunho nacional.
Duas amigas, um projeto
Como duas metades que se complementam e completam, Ana Anahory arquiteta, e Felipa Almeida, formada em História de Arte e ligada ao meio artístico, são a alma e a locomotiva do Atelier Anahory Almeida. Quem lhes conhece os traços identitários, sabe que a cor, a portugalidade, o cunho artesanal e a savoir-faire português são comuns a todos os seus projetos. Mães e empreendedoras, Ana e Felipa conheceram-se através dos maridos, um acaso que, ano após ano, as levou a perceber que poderiam unir as suas virtudes profissionais para ideias "fora da caixa", que espelhassem as suas convicções e o seu bom gosto.
Depois de se unirem para realizar alguns projetos de forma informal, viram uma oportunidade de negócio e em 2011 nasce o Atelier AnahoryAlmeida. "Quando surgiu o primeiro trabalho no Cantinho do Avillez pensámos em fazê-lo juntas. Correu bem e a partir daí começou tudo. Eu sou arquiteta, tirei o curso em Lisboa (fiz o último ano em Roma) e quando voltei, comecei a trabalhar com o meu pai, que é arquiteto, e foi no seu atelier que fiz projetos de grande e pequena escala" começa por contar Ana Anahory. "Eu sou formada em História de Arte, formei-me em Londres e mais tarde vim viver para Lisboa, onde fiz um mestrado em Curadoria, em Belas-Artes. Durante alguns anos trabalhei em projetos de curadoria, depois comecei a trabalhar com a Ana e funcionou bem. O José Avillez continuou a abrir restaurantes e a convidar-nos. Conseguimos encontrar uma linguagem comum" conta, por sua vez, Felipa Almeida. Ao todo, são 11 os projetos que, até hoje, o Atelier AnahoryAlmeida desenvolveu para os inúmeros restaurantes que o chef português tem vindo a abrir, como a Pizzaria Lisboa, o Mini Bar ou o Bairro do Avillez. Sobre as adversidades que enfrentaram quando tudo começou, Felipa explica que "a crise em Portugal não fazia prever ao certo se a restauração e o turismo se alterariam desta maneira em Lisboa. Não sabíamos bem se iríamos continuar e crescer ou se seria uma coisa apenas pontual." Para além disso, refere Ana, "nós somos as duas mulheres e as duas mães, e enquanto abrimos o atelier tivemos vários filhos. É claro que queremos sempre ser boas profissionais, boas mães, boas mulheres. É um desafio diário."
Fiéis às origens, 100% nacionais
O Atelier AnahoryAlmeida tem um estilo muito próprio, que se distingue pela aposta em materiais tradicionais, na reinvenção do artesanato português e na recuperação de antigas formas de saber-fazer, dando-lhes um toque de modernidade, tal como nos explica Ana Anahory. "Nós queremos sempre fazer espaços muito acolhedores e intemporais. É até meio obsessivo, porque gostamos muito de ir ao pormenor, ao detalhe, personalizar o máximo possível. Tem a ver com algum saudosismo. Gostamos bastante das coisas como eram feitas, os materiais que se usavam, as técnicas que se usavam, todo o [universo do] artesanato. Tentamos trazer esse saudosismo para os tempos modernos."
Responsáveis pelo design de interiores de alguns dos lugares mais cool da restauração e hotelaria, Ana e Felipa privilegiam tudo o que é autêntico e tradicional. Todos os materiais usados nos projetos são nacionais, provêm de oficinas, fábricas, feiras, pequenas lojas de artesãos. "Valorizamos os produtos nacionais, tentamos fazer pesquisas (muitas vezes mais longas) que nos permitam encontrar coisas em Portugal. Às vezes é mais caro, ou mais difícil ou dá mais trabalho. Por exemplo, não podemos ter certos tipos de "pedras" sublinha Felipa. "É uma condição do nosso trabalho que não falhamos. Limita muito, sim, mas ao mesmo tempo é o que dá o ar tão português. No imobiliário nem sempre é fácil, por exemplo."
Sobre se adoptam políticas sustentáveis, Felipa explica que "não gostamos de usar essa palavra, porque às vezes toda a gente quer sustentável. Mas a nossa forma de trabalhar está em linha com a sustentabilidade. Tentamos criar designs que durem, com materiais naturais, que perdurem no tempo." Em relação ao trabalho desenvolvido com artesãos, Ana revela que as tem surpreendido as coisas bonitas que se fazem por cá, e que o seu objetivo também passa por "tentar que isso não desapareça". Sobre esta componente, Felipa valoriza "a parte humana, as viagens e as aventuras de ir à procura das pessoas e, muitas vezes, ir ter com elas a sítios mais isolados. Umas são mais tímidas, outras mais apaixonadas. O lado humano dá muita vida ao nosso trabalho."
Os projetos Atelier AnahoryAlmeida
Um dos primeiros projetos do Atelier AnahoryAlmeida ganhou forma precisamente num local mais recôndito do Alentejo: a Quinta do Quetzal, na Vidigueira, pertencente a uma família holandesa, e que conta com um enoturismo com adega, um restaurante e um centro de arte. Além de toda a decoração do restaurante, a grande obra de arte idealizada pela dupla para este espaço foi um painel de azulejos gigante (e muito colorido), que presta homenagem à cultura local e também ao quetzal, o pássaro exótico que dá nome à quinta. A ilustradora francesa Henriette Arcelin desenhou-o, e a histórica fábrica Viúva Lamego concretizou-o. Rapidamente se tornou famoso, e uma das referências do trabalho de Ana e Felipa que permite identificar com agilidade o seu trabalho.
Seguiu-se mais um projeto a sul, de grande envergadura, o grande desafio que foi o hotel São Lourenço do Barrocal, cuja obra acompanharam desde os seus primórdios. "Tivemos dois anos para fazer o São Lourenço do Barrocal, com reuniões semanais e protótipos de tudo e mais alguma coisa. Não foi o mais difícil, porque isso são todos. Nenhum é rápido e fácil" revela Ana. Um design de interiores que lhes valeu mais que bons elogios, mas que também significou a chegada de mais desafios. Como a Quinta dos Murças, levada a cabo pelo enoturismo do Esporão e localizada na margem direita do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão; à Marisqueira Azul, na Praça do Comércio; ao co-work premium WOOD, e ao recém inaugurado restaurante Selllva. Dos mármores de Estremoz, aos tapetes de Arraiolos, às cerâmicas do Estúdio Caldas da Rainha, ao mobiliário De La Espada e aos tapetes Ferreira e Sá; além de colaborações com artistas como Tomás Viana ou Joana Astolfi - muitas tem sido as referências nacionais do Atelier AnahoryAlmeida. Sobre se se consideram "caçadoras de talentos", Felipa explica que "o mais desafiante é ir à procura da pessoa certa. Fazemos vários anúncios, e encontramos sempre. É engraçado que nos chega sempre a pessoa ideal. Também acontece irmos à procura de antiguidades, quando precisamos de coisas específicas. Procuramos em antiquários, feiras e até no OLX." Avessas às "tendências do momento", Felipa deixa claro: "Não queremos saber. Tentamos nem comprar revistas. Não queremos que nada nos influencie ou condicione, tentamos aprofundar cada projeto – do lado geográfico ao humano – e ir explorando. O nosso trabalho é muito para dentro. Sabemos que existem tendências, claro… mas não queremos projetos iguais a nada."
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