Que percentagem do planeta permanece intocada pelo homem?
Um estudo recente revela que apenas 3% da superfície terrestre permanece ecologicamente intacta, com populações saudáveis de todos os seus animais de origem e habitats intocados - isto é, sem interferência humana.
Sabemos que a situação do planeta é preocupante. Mas a que níveis? Alguns cientistas falam numa sexta extinção em massa da vida na Terra. Alarmante? Muito. Mas será assim tão surpreendente?
Afinal os sinais estão todos lá. Raro é o dia em que não nos deparamos com notícias a relatar o estado da biodiversidade, em particular a crise vigente da extinção animal, com demasiadas espécies ameaçadas – sem contar com aquelas que desapareceram (à partida) para sempre. A ação do homem é a principal causa, sobretudo devido à crise climática que despoletou e, no caso dos animais selvagens, pela destruição de habitats naturais que perdeu para a produção agrícola ou construção civil.
Um estudo liderado pelo investigador Andrew Plumptre da Key Biodiversity Areas Secretariat, em Cambridge, no Reino Unido, e publicado na revista científica Frontiers in Forests and Global Change, veio afirmar que, aproximadamente, só 3% dos ecossistemas mundiais permanecem atualmente intactos. Ou seja, só esta percentagem de superfície terrestre permanece sem interferência da mão humana.
Onde fica esta pequena parcela? Nas florestas tropicais da Amazónia e do Congo, nas florestas e tundra a leste da Sibéria, a norte do Canadá e ainda no deserto do Saara, em África. Todos estes sítios são autênticos santuários da vida selvagens. Muitas destas áreas encontram-se em territórios de comunidades indígenas, sendo que por exemplo, a Antártida não foi analisada. A investigação focou-se essencialmente em dados correspondentes a mamíferos, mas também teve em conta alguns pássaros, peixes, répteis, anfíbios e, inclusivamente, plantas.
Trata-se, contudo, de uma informação devastadora e bastante preocupante que está a deixar a comunidade científica desconcertada. Ainda no mesmo estudo, sugere-se uma reintrodução de algumas espécies importantes em certas áreas danificadas, trazendo o equilíbrio e plenitude ecológica que os ecossistemas pedem.
"Pode ser possível aumentar a área ecológica intacta de novo até 20%, por meio de reintroduções direcionadas de espécies que se perderam em áreas onde o impacto humano ainda é baixo" revelou o investigador ao The Guardian, e acrescentou: "desde que as ameaças à sua sobrevivência possam ser resolvidas".
O estudo tem sido observado de perto por outros cientistas que, para além de igualmente apreensivos, deixam algumas críticas construtivas nomeadamente no que toca à metodologia (através de mapas de distribuição de espécies), ou mesmo afirmando que não se pode subestimar o poder holístico das alterações climáticas, que se está a tornar uma ameaça suficientemente grande ao funcionamento efetivo de ecossistemas inteiros.
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