O dia em que a rainha pediu um Mateus Rosé no Savoy
O Mateus Rosé celebra 80 anos com uma enorme quantidade de fãs, entre políticos, astronautas, estrelas de rock e a própria Isabel II, que subiu ao trono uma década depois do nosso Mateus ter sido lançado, em 1942.
A Coroa Inglesa tem uma garrafeira impressionante nas caves do Buckingham, mas isso não significa que a rainha tivesse um gosto especialmente requintado no que toca a vinhos. Com exceção do nosso Porto, que nunca faltava nas receções oficiais (levando Taylor’s e Graham’s a afirmar que era a melhor amiga do vinho do Porto), no geral a Rainha bebia vinhos relativamente modestos, preferencialmente dos países da Commonwealth. A exceção eram alguns nomes franceses e o nosso Mateus. Conta-se, inclusivamente, uma história curiosa em que a Isabel II, aparentemente insatisfeita com o vinho servido numa festa no luxuoso Savoy, pediu um Mateus Rosé. O hotel não tinha o vinho, mas encontraram-no rapidamente e, desde então, nunca mais faltou Mateus Rosé no Savoy, em Londres.
Não se sabe exatamente quando começou esse entusiasmo, mas em 1961 Fernando Van Zeller Guedes, o pai do Mateus, patrocinou as corridas de cavalos de Ascot, tendo inclusivamente entregado o prémio a um dos vencedores. Ora a rainha nunca faltou a um dia de corridas em Ascot, e como criadora de cavalos alcançou quase oitenta vitórias na prova. Quem sabe se não terá sido aí…
O alcance, e a fama, de Mateus ao longo destes 80 anos consegue ser surpreendente, e temos inúmeros episódios que o provam. Frank Borman, o primeiro astronauta a circum-navegar a lua lamentava, ainda a bordo da Apollo 8, não ter uma garrafa de Mateus para celebrar. Elton John canta-o em Social Disease: "I get juiced on Mateus and just hang loose" e há uma célebre foto de Jimi Hendrix evidentemente satisfeito bebendo Mateus pela garrafa. Mais comedida, mas igualmente alegre, a nossa rainha do fado, Amália, oferece o copo para que o encham de Mateus noutra conhecida imagem.
Quando Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Samora Machel brindaram ao derrube do colonialismo, fizeram-no com Mateus Rosé. E quando os norte-americanos começaram a ficar inquietos com o evoluir da situação em Portugal, no pós-25 de Abril, acharam por bem açambarcar todas as garrafas de Mateus que encontraram. Vinte milhões delas. Entretanto alguma terá chegado a Steve Jobs, porque também há uma foto sua, antes do lançamento da Apple, com uma garrafa de Mateus ao fundo.
"Mateus é passado, presente e futuro", conta o atual Presidente da Sogrape, Fernando da Cunha Guedes. "Estando na base de tudo, foi a marca que nos trouxe até aqui e que promete levar-nos ainda mais longe". A Sogrape é, hoje, a maior empresa nacional do setor, presente em mais de 120 países e fazendo vinhos também na Argentina, Chile, Nova Zelândia e Espanha. Em Portugal detém marcas como a Casa Ferreirinha, que produz desde o Planalto ao Barca Velha, Sandeman, Offley, Grão Vasco, Quinta dos Carvalhais, Herdade do Peso ou Quinta da Romeira. Mas continua a ser uma empresa familiar, e o atual presidente não se cansa de elogiar o avô pela sua "coragem e ousadia ao lançar um vinho assente num conceito tão diferenciador em pleno contexto de Segunda Guerra Mundial".
Foi, de facto, uma ideia peregrina lançar em 1942, a partir de Portugal, um vinho leve e fresco para ser consumido em todo o mundo. Umas das primeiras medidas de Fernando Van Zeller Guedes foi enviar duas garrafas de Mateus a todos os embaixadores de Portugal, acompanhadas por um bilhete onde lhes pedia que provassem o vinho e, caso gostassem, o favor de entregarem a segunda garrafa a uma personalidade local que pudesse ajudar a implantar o Mateus. Abriu assim uma rede de contactos enorme, e visitou-os a todos. "O meu avô dizia sempre ‘Primeiro fazemos amigos, depois fazemos negócios, e assim foi construindo o sucesso de Mateus", recorda o neto.
Num país com um problema crónico em criar marcas, e dar-lhes dimensão internacional, o sucesso de Mateus é um case study − até porque ao longo de 80 anos soube reinventar-se e manter-se atual e continua a bater recordes de vendas, tendo 2021 sido o seu melhor ano de sempre. Mesmo em Portugal, onde foi desdenhado durante muitos anos, esse crescimento é evidente e ocupa já cerca de 17% do Portfolio de Mateus. Sensivelmente o mesmo que em Inglaterra, mas vamos ver se o rei Carlos III terá uma palavra a dizer sobre este assunto...
Os únicos 5 rosés que precisa de levar para a mesa este verão
Rosés há muitos, como diria o ator, mas estes cinco magníficos trazem tradição, inovação e muito prazer aos dias quentes da estação.
Não são rosas, senhores, são rosés. E ainda bem.
Desta vez o milagre transformou ótimos cachos de uvas tintas em vinhos leves e frescos, nos mais variados tons de rosa. Mesmo a pedir um belo sol para acompanhar.
De Patek Philippe a Jaeger-LeCoultre. Os relógios de luxo que Isabel II usava
Fosse qual fosse a marca, tinham todos um elo em comum: eram minimalistas, finos e delicados. A prova de que a rainha tinha bom gosto até nos acessórios.
Isabel II, a Rainha dos Mundiais
"Morreu a rainha que viu todos os Mundiais. Se calhar, já adoentada, alguém lhe poderá ter dito – 'Vai perder o próximo Mundial, sua Alteza. Vai ser o primeiro sem si'. "Este não conta" – poderia responder ela."
O primeiro jantar às cegas Beyond Vision chega ao Blind, no Porto, já no dia 23 de novembro.
Com uma seleção cuidada de peças de renome, torna-se um ponto de referência na cidade de Lisboa para amantes de interiores, combinando estilo e funcionalidade com um toque de exclusividade.
O mercado do luxo é fascinante. Põe a maioria das pessoas a sonhar com algo que, na realidade, desconhece ou a que não pode aceder. Mas este setor está a aprender a conhecer-se. Depois de ter sido intocável durante tanto tempo, não ficou indiferente ao novo milénio e reinventa-se.
Aquela palavra de que ninguém gosta anda de novo nas bocas do mundo: crise. Nas bocas e nas barrigas, porque esta não é uma qualquer, é a crise da restauração. E o encerramento de dois eminentes restaurantes de Lisboa deu origem a um debate tão interessante quanto urgente. Conversa com Leopoldo Calhau, Vítor Adão e Hugo Brito.