Xiaomi e Guia Michelin: O que saboreiam os teus olhos?
O acordo de patrocínio entre a gigante tecnológica chinesa e o mais célebre guia gastronómico do mundo enquadra um desafio que junta o chef português José Avillez e o fotógrafo espanhol Javier Corso. “Comer com os olhos”, assim se chama a iniciativa em que a fotografia faz maridagem com os pratos e que assinala o lançamento da série Xiaomi 14.
Ah, maridagem: comecemos precisamente por aí. O chef José Avillez é reconhecido, dir-se-ia unanimemente, como um dos máximos artífices e criadores da alta cozinha portuguesa, e até para lá da portuguesa. Além desse, também lhe é facilmente reconhecido o dom da palavra. Como se espera de um chef de topo da sua geração, Avillez fala com clareza e eloquência, pelo que a plateia ouviu o seu discurso descontraído sem sinais de espanto - pelo menos, até ao momento em que escolheu a palavra "maridagem" para se referir àquilo a que correntemente chamamos "harmonização", ou ainda, num portuglês mais contemporâneo, "pairing". O encontro partia do mote "comer com os olhos", porém era este meu par de ouvidos quem primeiro se regozijava com essa rara iguaria de palavra: "maridagem". Que delícia!
Tudo aconteceu durante a apresentação da iniciativa "Comer com os olhos", que a Xiaomi promove, no âmbito do patrocínio das edições do Guia Michelin da Península Ibérica (edições portuguesa e espanhola) para os anos de 2025 e 2026. Consiste na apresentação de um menu em que o pairing - a maridagem, portanto - é feito, antes de mais, com a fotografia. A experiência começou com Begoña Rodrigo, a chef do La Salita, em Valência, e chegou agora ao Belcanto, em Lisboa, pela mão de José Avillez, que representa a gastronomia portuguesa. A premissa que levou à iniciativa foi a ideia de que "os olhos também comem". E então formulou-se académica e cientificamente a questão: será mesmo que os olhos também comem? Para responder à questão, a Universidade Politécnica de Valência desenvolveu um estudo, recorrendo precisamente à harmonização entre pratos e imagens. Sem surpresas, a conclusão do estudo é aquela a que qualquer cidadão comum podia ter chegado empiricamente: é claro que os olhos também comem.
Então, o fotógrafo espanhol Javier Corso, cujo trabalho pode ser visto, por exemplo, na National Geographic, e cujos temas que aborda incluem, também, pessoas nos seus habitats naturais, foi desafiado a entrar na campanha. Como? Usando os novos Xiaomi 14 ou Xiaomi 14 Ultra, ambos equipados com lentes Leica. A colaboração entre Xiaomi e Leica atinge o seu expoente máximo nesta série 14, incorporando a ótica Leixa Summilux. O Xiaomi 14 Ultra está equipado com uma configuração de câmara quádrupla profissional com uma gama notável de distâncias focais, que vão de 12mm a 120mm. A sua câmara principal, equipada com uma abertura continuamente variável de ƒ/1,63-ƒ/4,0, oferece definições de exposição suaves em vários cenários.
O chef José Avillez recebeu depois, no Belcanto, Javier Corso. O objetivo foi acertarem a maridagem entre os pratos e as fotografias. A ideia não era propriamente encontrar imagens que complementassem as iguarias, mas antes conseguir, a partir do que os pratos sugerissem, encontrar imagens que despertassem ou harmonizassem bem com o que se saboreia. E o que saboreiam os olhos de José Avillez, questionou Javier Corso. "Disse-lhe que aproveitasse Lisboa e que se perdesse nela", que explorasse a cidade, as ruas, as pessoas, por exemplo, as atividades de artesão que ainda podemos encontrar por aqui. Avillez sublinha que, "tal como sucede com os vinhos", não existe apenas uma harmonização possível, pelo que o ideal será explorar possibilidades de acordo com as preferências de cada um e de acordo com o que os pratos e os seus ingredientes representam para quem os harmoniza.
O resultado, sem dúvida surpreendente, são quatro instantâneos que Corso captou durante as suas deambulações por Lisboa. Só uma das imagens é uma paisagem - o vale entre a colina da Graça e a colina de Santana, com o Martim Moniz ao centro, mostrando o potencial de zoom do Xiaomi 14 Ultra -, as outras três têm pessoas como protagonistas, cada um à sua maneira: uma ceramista em ação, um homem que passa a fumar diante de azulejos, outro homem (um turista?) de chapéu a emparelhar com o ponto de fuga longinquo e luminoso, como uma luz ao fundo de um túnel. "Todos os pratos têm uma história para contar", diz Avillez. Mas desta vez só quatro vão ter direito a maridagem visual - e são logo os primeiros, quatro deliciosos snacks que refletem o melhor da tradição gastronómica portuguesa, entre o mar e a terra, o percebes e o escabeche, o atum e a alga.
Depois da hamornização fotográfica, voltou-se à maridagem mais tradicional, com o menu e o seu pairing de vinhos, porque podemos perfeitamente comer com os olhos, mas não temos de deixar de beber da maneira convencional. E Avillez deixou bem claro o porquê de o seu Belcanto ostentar duas estrelas Michelin. Com a fantástica entrada "Horta da galinha dos ovos de ouro", apresentou um tão improvável quanto formidável Porta dos Cavaleiros - Reserva Selecionada de 1984, um branco do Dão para o qual os adjetivos ficam escassos, pelo que o melhor é simplificar: é raro. Com o prato seguinte - pescada grelhada, samos de bacalhau, gema curada e trufa preta -, casou um Nossa Calcário Bical 2022, um branco representando o que de melhor se faz na Bairrada. O leitão com pezinhos de coentrada, puré de casca de laranja e alface foi acompanhado por um tinto especial do Douro: o Poeira 2020. Por fim, com a "Tangerina", uma sobremesa feita 100% em torno do fruto que lhe dá nome e que reúne polpa congelada e redesenhada, mousse gelada e sorbet, a maridagem foi feita com um Coliseu - Noble Late Harvest 2020. Simplesmente incrível, do princípio ao fim. E assim os olhos saíram do Belcanto de barriga cheia, e vice-versa.
Quatro vinhos para provar esta semana
Neste mês as previsões da colheita começam a ser feitas, mas é também a altura de muitas doenças que podem arruinar a produção.
O emblemático guia gastronómico volta a Portugal, agora em versão digital, menos elitista e mais próximo de todos. Vai distribuir “Soís” (um, dois ou três) aos restaurantes e prestigiar o melhor da cozinha portuguesa.
No Convento do Beato, em Lisboa, premiou-se o talento nacional no que respeita à gastronomia, ao mesmo tempo que se assinalou o empoderamento feminino, com o cocktail e um jantar de gala exclusivamente criado por quatro chefs portuguesas: Justa Nobre, Ana Moura, Marlene Vieira e Sara Soares.
Alexandre Silva, chef residente do Emme, vai ao Ó Balcão, em Santarém, buscar o chef Rodrigo Castelo para uma noite muito especial onde o conceito "surf and turf" ganha uma nova interpretação.
Ainda com muito verão pela frente, fomos conhecer as cartas da estação de cinco restaurantes lisboetas, cada um deles inspirado numa diferente latitude mas todos com muito sabor a verão