Mirabilis, as duas maravilhas que nos chegam do Douro
Um vinho de pura classe, perfeito para celebrar a passagem de Portugal à fase seguinte do Euro. Ou para afogar a mágoas, porque ninguém consegue ficar triste por muito tempo com um copo de Mirabilis na mão.
Uma década. Pode não parecer muito num mundo onde tantos vinhos contam histórias bem antigas, mas em dez anos os Mirabilis da Quinta Nova, no Douro, conseguiram afirmar-se entre os melhores e mais respeitados do país. Uma história agora celebrada com a colheita de 2019, em branco e tinto. Das melhores que já provámos.
O branco, à semelhança de anos anteriores, traz-nos parcelas de vinhas velhas e outras de Viosinho e Gouveio, todas plantadas em altitude, acima dos 500 metros. Matéria-prima de exceção, para criar vinhos potencialmente mais aromáticos e estruturados, característica que este ano sobressai por causa de um verão mais ameno, e uma maturação das uvas mais longa. Depois ressalta todo o trabalho em adega, sobretudo o estágio de dez meses em madeira, quase sempre em barricas de dois e de três anos, com apenas uma pequeníssima parte em madeira nova, que fica assim perfeitamente integrada, mas conferindo maior complexidade e estrutura ao vinho.
Foi por aqui, pelo desejo de fazer um branco do Douro de grande projeção (nacional e mundial) que nasceu o primeiro Mirabilis, em 2011. Convém, no entanto, recuar ao ano anterior para perceber a sua história, pois foi então que Luísa Amorim e a equipa de enologia da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo decidiram criar um Atelier do Vinho, um pequeno espaço na antiga adega, edificada em 1764, que reunia as condições para desenvolver pequenas vinificações especiais, como agora se chamam. A família Amorim tinha comprado esta quinta com dois séculos e meio de história em 1999, e havia uma enorme vontade em aproveitar o todo o potencial deste terroir único, superiormente localizado sobre o Douro. O sucesso não tardou: o Mirabilis saltou rapidamente para o patamar dos grandes vinhos, chamando a atenção dos mais distraídos quando um dos mais respeitados críticos intencionais, Robert Parker, o incluiu na sua lista dos melhores entre os melhores. Foi o primeiro branco português a receber tal distinção, sendo que há dois anos recebeu honra similar, quando a colheita de 2017 chegou ao primeiro lugar do top mundial dos Wine Style Awards 2019, uma compilação elaborada pela Vivino. Neste caso, já não se tratava da eleição de um crítico, mas de um prémio decidido pelos 35 milhões de utilizadores que a App tem espalhados pelo mundo.
A data escolhida para o lançamento foi auspiciosa, porque 2011 acabou por se revelar como um dos melhores anos das últimas décadas e assim, pouco depois do branco, chegava a vez do tinto, feito com os mesmos pergaminhos e ainda mais atenção ao detalhe. O tinto difere do branco desde logo porque se trata de um vinho marcadamente de "adega", criado pela equipa de enologia entre as melhores barricas produzidas na Quinta Nova. Ao contrário do branco, que saí todos os anos (variando apenas nas quantidades), do tinto apenas se fizeram cinco colheitas: 2011, 2013, 2015, 2017 (curiosamente todos anos ímpares) e agora 2019, "um ano muito bom, fresco, sem chuva e com períodos de maturação mais longos", como refere o enólogo Jorge Alves. É ele quem explica o Mirabilis como um vinho: "Denso, intenso de aromas, tridimensional, de enorme persistência física, profundo e muito preciso." Só lhe faltou acrescentar irresistível, porque é isso que estamos a falar, e ninguém precisa de ser um perito em vinhos - nem saber falar latim - para chegar a essa conclusão: estes dois Mirabilis são realmente maravilhosos. E é por isso que são a companhia perfeita para o próximo Portugal-França, esta quarta-feira. Ou isso ou aguardar pela próxima vitória na final do campeonato. Não importa quanto tempo demore, porque a capacidade de envelhecimento em garrafa é enorme.
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